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Guineenses à espera do novo primeiro-ministro

Braima Darame (Bissau) | Lusa
16 de novembro de 2016

Guineenses aguardam com impaciência a nomeação do novo primeiro-ministro, 24 horas depois da demissão de Baciro Djá e numa altura em que as forças de Defesa e Segurança aumentaram o nível de segurança na capital do país.

Guinea-Bissau, WLAN Platz
Foto: B. Darame

Ainda não se sabe quem vai ser nomeado como novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau , quando já se encontram cumpridos todos os pressupostos Constitucionais pelo Presidente, José Mário Vaz.

Fontes bem colocadas em Bissau acreditam que a escolha irá recair sobre a figura do General na reserva, Umaro Sissoco, um dos três nomes sugeridos pelo chefe de Estado.

Terminadas as auscultações aos partidos com assento parlamentar, José Mário Vaz, não divulgou ainda o nome  escolhido para liderar o quinto Governo guineense cuja primeira tarefa será de estabilizar o país após esse longo período de incertezas.

Os dois principais partidos, o PAIGC e o PRS, permanecem de costas voltadas porque o primeiro entende que José Mário Vaz pretende nomear uma pessoa da sua confiança, neste caso o General Umaro Sissoco e não o nome de consenso, Augusto Olivais , tal como ficou decidido no encontro da mediação que decorreu em Conacri a 14 de outubro.

Acordo de Conacri desrespeitado?

Carlos Correia, primeiro vice-presidente do PAIGC, disse que o Presidente guineense pretende desrespeitar o acordo de Conacri que prevê a nomeação da figura do seu partido para primeiro-ministro."O Presidente da República informou-nos que vai nomear o novo primeiro-ministro, de acordo com a Constituição, mas contudo não citou qualquer nome. Disse apenas que vai escolher um dos três nomes que estão em cima da mesa. Em resposta dissemos ao senhor Presidente que isso é uma violação do acordo e que fomos ao encontro para ouvir o nome da pessoa escolhida para ocupar o cargo de primeiro-ministro. Já que demitiu o anterior chefe de Governo ficou evidente que o Presidente tem de nomear um novo chefe do executivo e queremos saber quem é a pessoa".

Carlos CorreiaFoto: DW/B. Darame

De acordo com Carlos Correia, quadro vezes primeiro-ministro da Guiné-Bissau, se José Mário não nomear Augusto Olivais, o acordo da CEDEAO para a acabar com a crise deixaria de existir.

"Se nomear um nome diferente do escolhido em Conacri, o acordo deixa de existir. Pelo facto, reafirmamos que se retirar um virgula do acordado, o PAIGC vai considerar inexistente o documento", destacou Correia.

O Partido da Renovação Social  (PRS) contraria o PAIGC e desafia-o a divulgar publicamente o documento no qual consta que Augusto Olivais tenha sido o nome de consenso obtido em Conacri. Mas Vítor Pereira, porta-voz dos renovadores, admite que o seu partido vai apoiar qualquer figura nomeada pelo chefe de Estado. "O Presidente tem três nomes em cima da mesa e é nesta base legal que vai escolher  a figura da sua confiança, segundo acordo de Conacri. O PRS vai honrar o compromisso assinado, respeitando a decisão do Presidente e esperamos que a outra parte faça o mesmo. Não houve nenhum consenso em Conacri. Se alguém tiver um documento que fale de Augusto Olivais como a figura do consenso que faça o quanto antes a sua divulgação .

Mais caos e crise agravadaAgnelo Regala, líder  do Movimento para a Mudança (MA), prevê o caos e uma crise ainda mais agravada caso José Mário Vaz não decidir pela nomeação de Augusto Olivais.

"Vamos entrar numa nova crise política muito mais grave. As movimentações e manifestações s sociais que se tem estado a verificar, a insatisfação do sector publico com a falta de pagamento de salários, a insatisfação das populações face à contínua degradação da sua condição de vida, a insatisfação dos pais e alunos que não têm acesso à educação, tudo isso são situações explosivas que podem colocar em risco a paz social”.

Agnelo RegalaFoto: DW/B. Darame

Militares rejeitam possibilidade de qualquer golpe

O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Biaguê Nan Tan, afirmou esta quarta-feira (16.11.) que não existe qualquer possibilidade de os militares promoverem um golpe de Estado como em 2012.

"Dizem que eu é que estou a impedir, mas o Presidente da República é o comandante em chefe das Forças Armadas, logo é meu chefe", declarou Biaguê Nan Tan, para dizer que há respeito pelas hierarquias.Aquele responsável pediu aos políticos que resolvam os seus problemas "de forma pacífica".

Biaguê Nan Tan falava no Quartel-General das Forças Armadas, em Bissau, numa cerimónia que assinalou o dia das Forças Armadas fundadas em 1964, e garantiu que em nenhum momento os militares irão tomar posição contra o Presidente do país.

"A tropa não pode dar ordens ao Presidente da República e é assim também que nenhum general pode dar-me ordens enquanto chefe do Estado-Maior das Forças Armadas", defendeu Nan Tan.

"Há pessoas interessadas em ver os militares metidos em confusão”

Foto: REUTERS

O general afirmou que nem o facto de ter sido um combatente pela independência da Guiné-Bissau pode servir de justificação para "dar um golpe de Estado" contra um Presidente eleito democraticamente, disse.

O chefe das Forças Armadas guineenses desmentiu que os militares se tenham posicionado contra a nomeação de qualquer figura política para o cargo de primeiro-ministro, como tem sido referido em vários círculos de opinião no país."Ouvi dizer nas rádios que os militares não querem uma pessoa para ser primeiro-ministro. Isso é falso, pois nunca nos podemos imiscuir nos assuntos políticos", declarou o general Nan Tan, explicando que há pessoas interessadas em ver os militares "metidos em confusão".

16.11.2016 Guiné-Bissau- Governo? - MP3-Mono

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Biaguê Nan Tan é um defensor do Estado de Direito e do respeito pela ordem constitucional, princípios que tem defendido em dezenas de intervenções públicas feitas desde que ocupou o cargo em 2014.

 

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