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Guineenses tomam as ruas de Bissau contra José Mário Vaz

25 de março de 2017

Manifestantes exigiram, este sábado (25.03), na Guiné-Bissau, a demissão do Presidente da República. Segundo os movimentos sociais, José Mário Vaz é o principal responsável pela crise que se arrasta no país.

Guinea-Bissau Anti Regierungs Protest
Foto: DW/A. Kriesch

Centenas de pessoas foram às ruas da capital guineense, Bissau, este sábado (25.03), para exigir a renúncia do Presidente José Mário Vaz. A manifestação pacífica foi organizada pelo Movimento Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI), formado por várias organizações da sociedade civil.

As forças de segurança tentaram impedir o acesso dos manifestantes ao centro da capital, com objetivo de evitar que o protesto chegasse ao palácio presidencial.

Segundo informações da agência de notícias Lusa, as autoridades colocaram uma plataforma móvel na Avenida Combatentes da Liberdade da Pátria, a cerca de 250 metros da Praça Império, onde se situa o palácio presidencial, bem como a sede do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde).

Com cartolinas vermelhas, simbolizando um "cartão vermelho" mostrado ao chefe de Estado, e palavras de ordem como "rua, rua", "Jomav rua, Jomav fora" (usando o nome pelo qual o Presidente é conhecido) e "viva a liberdade", os cidadãos permaneceram junto à barreira formada pelas forças de segurança. 

Foto: DW/A. Kriesch

Para os manifestantes, é o chefe de Estado o responsável pela persistência da crise política que se arrasta há mais de um ano e meio em Bissau.

Cidadãos insatisfeitos

Na marcha participaram guineenses de diversas faixas-etárias, inconformados com a situação política do país. A enfermeira Clotilde Fy, de 60 anos, voltou para a Guiné-Bissau após passar dois anos em Portugal. Agora, desempregada, está se diz insatisfeita com a vida no seu país.

Clotilde Fy, de 60 anos: país vive "situação catastrófica" Foto: DW/A. Kriesch

"Fica pior a cada dia. Não sei como é que uma pessoa faz. Deixei tudo para trás em Portugal para voltar para a minha terra. E agora esta situação catastrófica", disse a enfermeira ao correspondente da DW, Adrian Kriesch.

Tony Goia, um dos dirigentes do MCCI, em entrevista à Lusa, defendeu a demissão de José Mário Vaz e a entrega da gestão da Guiné-Bissau às Nações Unidas por no mínimo 10 anos. Goia também enalteceu a "coragem crescente dos jovens" guineenses e apelou-os a participarem mais em "ações de protesto democrático". Segundo ele, é possível "mudar o paradigma deste país".

Apesar do bloqueio ao acesso dos cidadãos ao palácio presidencial, o presidente do MCCI, Sana Canté, avaliou que a marcha de hoje decorreu de forma pacífica e assim vai continuar até que José Mário Vaz deixe o cargo.

Governo vai até o fim?

O Presidente da República encontra-se fora de Bissau, numa visita de trabalho ao sul do país. Um dos 15 dissidentes do PAIGC, que foram alegadamente expulsos do Parlamento da Guiné-Bissau, Braima Camará, falou à DW África. Ele defendeu o Governo de José Mário Vaz.

"Ele [o Presidente José Mário Vaz] é um homem que ama o seu país e seus compatriotas. O comboio está a rolar e nenhum poder na terra pode pará-lo. Este Governo vai governar até o fim", afirmou.

Guineenses vão às ruas pela renúncia do PR José Mário Vaz

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O porta-voz do PAIGC, João Bernado Vieira, é de opinião contrária. "A única possibilidade de sair deste caos, é deixar a voz do povo da Guiné-Bissau ser ouvida. Precisamos de eleições antecipadas. Essa seria a solução", afirmou à DW.

Crise em Bissau

Há mais de um ano e meio que o Parlamento guineense não funciona devido às divergências entre os dois principais partidos políticos do país, o PAIGC e o Partido da Renovação Social (PRS). O atual chefe de Estado guineense foi eleito Presidente em 2014 para um mandato de cinco anos e desde então já nomeou cinco governos.

Esta semana, o presidente do Parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, apelou aos parceiros. Em reunião com os representantes do chamado P5 – que envolve a ONU, a União Africana, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a União Europeia, Cassamá apresentou uma proposta elaborada por si para a saída da crise.

A proposta de Cipriano Cassamá passa, essencialmente, pela formação de um novo Governo que incluísse os cinco partidos com assento no Parlamento. O novo governo seria liderado, então, pelo PAIGC, vencedor das últimas eleições legislativas, mas que tem sido impedido de governar devido às divergências com o chefe de Estado.

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