O Massacre de Tiananmen foi um dos acontecimentos históricos mais importantes das últimas décadas, que mudou a forma como a China passou a relacionar-se com o exterior, mas também como controla o seu povo.
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O massacre na Praça Tiananmen, na China, aconteceu há precisamente 30 anos. Este protesto popular em Pequim resultou do descontentamento face à corrupção, à falta de liberdade de expressão e ao fraco desenvolvimento do país. O resultado foi a morte de milhares de pessoas e uma repressão ainda mais forte por parte do governo chinês.
Zhou Fengsuo esteve presente na Praça Tiananmen no dia 4 de junho de 1989. Ele foi um dos ativistas que mais tarde foi perseguido pelo regime chinês, que pretendia controlar a sua liberdade e de outros ativistas, estudantes e artistas. Hoje, o movimento pró-democrático tem perdido força, muito por causa da relação da China com os Estados Unidos da América, como explica Zhou Fengsuo.
"Nos últimos 30 anos, os Estados Unidos lançaram uma série de iniciativas que beneficiaram Washington e Pequim. O aumento das negociações bilaterais faz com que os grupos pró-democracia perdessem apoio das comunidades chinesas na diáspora”.
Nova imagem e novas gerações
Contudo, a economia da China cresceu e foi ganhando uma nova imagem. Aqueles que deixaram a China continuaram a sua luta contra o autoritarismo e estabeleceram várias organizações para influenciar a sociedade civil chinesa, lembra o ativista Zhou Fengsuo.
"Além de defender a crença democrática do movimento de 4 de junho, as organizações pró-democracia estrangeiras também desempenharam um papel fundamental no resgate e acomodação de dissidentes chineses que enfrentaram a perseguição governamental nas últimas décadas”.
O Estado censura a internet de forma apertada há muitos anos. Os sites críticos não são acessíveis e as redes sociais não chinesas são bloqueadas. A Wikipédia também foi completamente bloqueada na China. Joseph Cheng, cientista e ativista político de Hong Kong, mostra alguma preocupação em relação ao panorama atual.
30 Anos de Tiananmen
"Nos últimos anos, as coisas têm vindo a piorar ainda mais. A liderança em Pequim em torno do chefe de Estado Xi Jinping é ainda mais autoritária e oprime ainda mais do que antes”.
Futuro esperançoso
O ativista Zhou Fengsou acredita que, 30 anos após o massacre de Tiananmen, os ativistas e grupos pró-democracia chineses precisam de novas ideias e acrescenta que baixar os braços não é uma opção.
"Mesmo que muitas pessoas tenham perdido a esperança no movimento pró-democracia da China, acho que precisamos sempre ter fé e acreditar que a história estará do nosso lado. Nós também precisamos acreditar que temos de continuar a lutar pelo movimento pró-democracia da China. Acredito que o melhor que podemos fazer pelo nosso futuro é ter um plano concreto”.
A China é uma da maiores potências mundiais a nível económico e não só. Ao longo dos anos tem desenvolvido relações com diversos países africanos e ajudando-os a construir infraestruturas e financiando-os. A influência da China tem crescido muito nas últimas décadas, fazendo face ao poderio vindo do Ocidente.
Estará a Zâmbia a tornar-se chinesa?
Há um forte investimento da China em várias áreas da economia zambiana. Desde que a Zâmbia se tornou independente, em 1964, a China tem sido um parceiro estratégico, construindo infraestruturas e fomentando negócios.
Quando a ligação ferroviária entre a Tanzânia-Zâmbia (TAZARA) ficou completa em 1976, foi o maior investimento estrangeiro até então feito pela China e um símbolo do apoio de Pequim aos novos países africanos. A China enviou 50 mil engenheiros e técnicos para trabalhar no TAZARA. Contudo, este grande projeto tem sofrido transformações desde dos anos. Agora transporta mais cobre do que pessoas.
Foto: DW/A-B. Jalloh
Uma nova era, "um grande símbolo de amizade"
A Zâmbia está a construir um mega projeto financiado pela China, uma estrada com duas faixas de rodagem que liga Lusaka e Ndola e terá 321 km. A construção vai ser feita China Jiangxi Corporation e vai custar 1,2 mil milhões de dólares, pagos com um empréstimo do Exim Bank da China. O Presidente Edgar Lungu chamou ao projeto "um símbolo da amizade China-Zâmbia na nova era".
Foto: DW/F. Wan
Elefantes Brancos
Outro exemplo de gastos exuberantes é a construção e ampliação do Aeroporto Internacional Kenneth Kaunda. O valor total do contrato do projeto em andamento está estimado em 360 milhões de dólares, também financiado pelo Exim Bank of China e construído pela China Jiangxi Corporation. Muitos zambianos o descrevem como um projeto desnecessário de "elefante branco".
Foto: DW/F. Wan
Transações sino-zambianas
O Banco da China abriu agências em toda a Zâmbia. Tem vindo a gerir um serviço comercial de numerário yuan desde 2011, prestando serviços financeiros a empresas chinesas que procuram entrar no mercado zambiano. No entanto, não está claro se o banco concede empréstimos à população local.
Foto: DW/A. Jalloh
Atraso no investimento nas minas de cobre
O cobre é a principal mercadoria de exportação da Zâmbia e as empresas chinesas têm estado ativas no sector, por exemplo, na fundição de cobre de Chambishi, onde vão investir 832 milhões de dólares. No entanto, elas ficam atrás dos principais players, como a Glencore sediada na Suíça, a First Quantum Minerals e a Barrick do Canadá ou a Vendanta da Índia.
Foto: DW/A-B. Jalloh
Chineses são proprietários secretos de várias lojas de retalho
A Zâmbia permite que os estrangeiros comercializem apenas no atacado, não no retalho. Apesar disso, a DW descobriu que um grande número de lojas na capital Lusaka eram propriedade de empresários chineses, que vêm de vez em quando recolher dinheiro às lojas. Os zambianos locais são contratados como fachada e as lojas são registadas com os seus nomes.
Foto: DW/F. Wan
Chineses roubam trabalhos aos zambianos
Neste mercado de frangos nos subúrbios de Lusaka, os vendedores disseram à DW que os grandes camiões de onde as galinhas são comercializadas são propriedade de investidores chineses. Isto enfurece os habitantes locais que dizem que os chineses tiraram-lhes os seus meios de subsistência e os privaram de empregos. O governo nega que o chineses estejam envolvidos neste tipo de negócios.