Falta de escolas compromete ensino pré-escolar
16 de setembro de 2016 Há fraca adesão ao ensino pré-escolar em Moçambique. O facto fica a dever-se a falta de estabelecimentos deste nível de ensino e aos professores qualificados.
Os números apontam para apenas quatro por cento das crianças menores de cinco anos de idade que frequentam o ensino pré-escolar nas zonas urbanas e peri-urbanas.
Nas zonas rurais, onde vive a maioria da população moçambicana, as organizações da sociedade civil querem inverter o cenário. Uma das saídas encontradas pela Rede da Criança é a introdução de escolinhas comunitárias.
Segundo explicações de Rui António, “existe uma prática que consiste em senhoras carenciadas tomarem conta de crianças de outras senhoras também carenciadas quando elas, por exemplo, vão para as suas ocupações. Algumas são vendedeiras, outras são empregadas domésticas que não têm condições de ir pagar uma escolinha”
ONGs e comunidades arregaçam as mangas
As organizações não governamentais vão contar com a colaboração das próprias comunidades que têm algum nível de escolarização.
O quadro é desolador, explica Maura Silva, presidente da Rede do Desenvolvimento da Primeira Infância, referindo que quatro por cento é muito pouco para um universo de cinco milhões de crianças no país.
“Apenas quatro por cento dessas crianças é que têm acesso a educação pré-escolar. Sendo que esses quatro por cento a sua maioria as escolas estão nas zonas urbanas e são crianças que podem ter acesso a escolas particulares.”
São no total vinte e duas organizações de oito províncias que estão envolvidas nesta luta. A educadora da Creche da Manhiça, Belinha Mate, não tem dúvidas sobre o futuro.
“Temos que ter advocacia e papeis bem definidos entre os diferentes atores. Então uma discussão poderá trazer bons resultados e vamos ver a poeira a baixar, eu tenho esta fé.”
Dificuldades no ensino básico
O ministro da Educação, Jorge Ferrão, mostrou preocupação pelo fato de crianças do ensino básico apresentarem dificuldades para a leitura, escrita e cálculo: “A constatação que tivemos é que de cem alunos do primeiro ciclo aparentemente ou próximo de dez deles tinham um domínio perfeito de leitura, escrita e cálculo. Depois até sessenta alunos sabiam ler, escrever e cálculo, mas não eram fluentes. E tínhamos o resto dos alunos, os restantes trinta por cento, tinham problemas para ler e escrever”.
Devido à fraca cobertura dos serviços de ensino pré-escolar, a maior parte das crianças que ingressam na primeira classe não está habilitada para a leitura e a escrita.