Após o ataque, no último fim-de-semana, a localidade de Naulala, na província do Niassa, no norte de Moçambique, por um grupo de supostos insurgentes, os habitantes apelas à intervenção das forças de ordem.
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A população da capital da província, Lichinga, sente-se amedrontada por causa do ataque no distrito da Mecula.
Entrevistados pela DW África, alguns residentes da cidade de Lichinga temem que os insurgentes invadam aquela cidade.
António Viegas é disso exemplo e apelam às autoridades governamentais para que controlem a situação, antes que a violência se alastre por toda a província.
"A questão de Mecula preocupa-nos e é preciso que as autoridades sejam vigilantes, usando os meios possíveis que temos, os militares, a polícia e também os serviços especiais”, recomenda António Viegas.
Viegas não tem dúvidas de que os atacantes que invadiram Mecula, sejam os insurgentes que atormentam a província de Cabo Delgado desde 2017, e expica: "Niassa e Cabo Delgado fazem fronteira. Rntão queremos que as autoridades ponham a peito essa situação”.
"Pedimos à polícia para nos proteger, nós já não temos idade de correr novamente por causa de uma guerra”, disse a residente Ana Castro à DW África.
De acordo com a imprensa local, os insurgentes terão raptado cerca de uma centena de jovens e incendiado várias residências e barracas.
Estas notícias colocam em "pânico” alguns moradores de Lichinga, cujo familiares se encontram no distrito de Mecula, conta Virgínia Melo.
"Quando ouvimos dos ataques pensamos logo nos nossos parentes que estão no distrito, o que será que aconteceu com eles?”, diz esta residente, para quem, neste momento "só temos de orar para que as Forças de Defesa Moçambicanas consigam parar esta situação”.
Situação controlada
O administrador do distrito de Mecula, António Joaquim, sem dar mais detalhes, alegadamente porque não estava autorizado pela falar à imprensa, garantiu que, "a situação em Mecula está calma e controlada, as Forças de Defesa estão a trabalhar”.
O distrito de Mecula faz fronteira a norte com a Tanzânia e a este com o distrito de Mueda em Cabo Delgado – palco, nos últimos dias, de algumas incursões de grupos terroristas.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.