Hamas "usa hospitais e civis como escudos humanos"
13 de novembro de 2023O hospital Al Shifa, o maior da cidade de Gaza, foi cercado por militares israelitas no sábado. É por baixo deste centro médico que, segundo Israel, o grupo terrorista Hamas mantém o quartel-general e um centro de operações.
Em pleno conflito, o Al Shifa e outro hospital fecharam para novos pacientes no domingo, devido à escassez de medicamentos e combustível para os geradores, avançaram as autoridades de saúde palestinianas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse estar preocupada com o destino de centenas de pacientes ainda nos hospitais, incluindo bebés.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou o "uso de hospitais e civis como escudos humanos" pelo Hamas, pedindo ao mesmo tempo a Israel "contenção máxima" nos seus bombardeamentos, para proteger vidas inocentes.
Por seu turno, o Exército israelita negou que estivesse a atacar diretamente hospitais na cidade de Gaza e afirmou que se ofereceu para transportar bebés em incubadoras para fora da área.
"Abrimos rotas dos hospitais do norte para o sul. Estamos a falar com os diretores dos hospitais e estamos a oferecer-lhes ajuda para transportar os doentes em segurança", anunciou o porta-voz das forças israelitas, Daniel Hagari.
Passagem para o Egito
"Os cidadãos do norte continuam a ouvir os nossos apelos e estão a deslocar-se para sul", continuou Hagari, "apesar de o Hamas estar a fazer tudo para que fiquem".
No sul da Faixa de Gaza, cerca de 500 cidadãos estrangeiros e pelo menos sete palestinianos feridos atravessaram ontem para o Egito, através da passagem de Rafah, que esteve fechada durante dois dias. Entre os cidadãos estrangeiros estão brasileiros e russos.
A reabertura da passagem possibilitou também a entrada de mais de 50 camiões com ajuda humanitária para Gaza.
Protestos multiplicam-se
No domingo, continuaram os protestos devido ao arrastar da situação no Médio Oriente.
Na África do Sul, manifestações pró-Palestina e pró-Israel terminaram em confrontos. A polícia usou gás lacrimogénio e canhões de água para dispersar os manifestantes na Cidade do Cabo.
Em França, dezenas de milhares de pessoas, incluindo vários líderes políticos, protestaram em Paris contra o aumento do antissemitismo no país, na sequência da escalada do conflito entre Israel e o Hamas.
Na Alemanha, centenas de manifestantes pró-Palestina protestaram pacificamente na cidade de Frankfurt e exigiram "liberdade para a Palestina", enquanto acusavam Berlim de estar do lado de Israel e de permanecer em silêncio sobre as vítimas em Gaza.
O país decidiu aumentar a ajuda humanitária aos territórios palestinianos em mais 38 milhões de euros.
No entanto, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse não concordar com um cessar-fogo "imediato" na região, por acreditar que a medida ajudaria o Hamas a reorganizar-se.
Durante um debate promovido por um jornal local, no domingo, Scholz enfatizou, no entanto, a necessidade de "pausas humanitárias" nos combates.
Na semana passada, as forças israelitas afirmaram que iniciaram "pausas táticas, localizadas" de algumas horas por dia no norte de Gaza para facilitar a entrada de ajuda humanitária para os civis.