A jovem é a segunda mulher a assumir a direção da organização que congrega os militantes jovens do partido no poder na maior praça eleitoral de Angola. Hemingarda Fernandes espera contar com o apoio da direção central.
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Hemingarda Fernandes foi eleita este sábado (21.09) a primeira secretária provincial da Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA) na província angolana de Luanda, durante a Assembleia Provincial de Renovação de Mandatos.
A jovem é a segunda mulher a assumir a direção da organização que congrega os militantes jovens do MPLA na maior praça eleitoral em Angola, depois da Anabela Domingos.
Pela primeira vez, a JMPLA realiza em todos os seus comités um processo eleitoral com múltiplas candidaturas. Hemingarda Fernandes, de 33 anos, venceu com 258 votos, contra os 165 de Wilson Morais e os 52 votos de Pedro Maloa.
Para a sua missão, a nova líder da JMPLA em Luanda afirmou que vai esperar ter mais apoios dos militantes para desempenhar a sua missão. "É um grande desafio. Sei que não vou conseguir cumprir a missão sozinha, por isso, contamos não só com os militantes da província de Luanda, mas também com os conselhos e o auxílio da direção central de Luanda, da direção do partido em Luanda, e dos nossos superiores para nos auxiliarem nesta missão que é de facto difícil", afirmou.
Uma das prioridades da líder da juventude em Luanda tem a ver com a formação de quadros da sua organização, a emancipação da mulher, organização e mobilização, empreendedorismo, educação patriótica e o ambiente. Hemingarda Fernandes afirma que, durante o seu mandato, a JMPLA vai desenvolver um programa amplo sobre a educação ambiental.
Nascida no município de Ícolo e Bengo, Hemingarda Fernandes é membro do Comité Central do MPLA. Em 2009, foi coordenadora do núcleo da JMPLA na Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto e, de 2009 a 2011, desempenhou as funções de primeira secretária de base do Comité do Ensino Superior da JMPLA, e em 2014 foi a primeira secretária do Comité do Ensino superior da JMPLA.
Emancipação das mulheres
Por ser mais uma mulher na direção de estrutura importante do MPLA, a nova líder da JMPLA em Luanda afirma que a sua eleição demonstra o cumprimento do seu partido sobre o programa de emancipação da mulher
Hemingarda Fernandes espera, por outro lado, que os militantes elejam no próximo mês de outubro uma mulher para ocupar o cargo de secretário nacional da JMPLA, deixado vago por Luther Rescova, atual governador de Luanda e primeiro secretário do MPLA na capital do país.
"Se assim for, ficaremos felizes. Mas vamos esperar pelos desafios que vão surgir. Só precisamos ter mulheres ou homens que entendam e consigam cumprir as orientações do líder do partido", diz.
Para o primeiro secretário nacional em exercício da JMPLA, Boaventura Chitapa, a eleição de Hemingarda Fernandes foi um ato de demonstração da democracia interna na organização.
"Luanda teve três candidatos, dois homens e uma mulher, e ganhou uma mulher. Estamos todos de parabéns. Temos uma nova liderança na província de Luanda, que na sua especificidade vai requerer grande capacidade de direção e maturidade política para conduzir os grandes desafios desta província", disse Boaventura Chitapa.
Angola: Os contrastes de um gigante petrolífero
O "boom" do petróleo ainda não é para todos. Ao mesmo tempo que Angola oferece oportunidades de investimento a empresas nacionais e estrangeiras, mais de um terço da população vive com menos de um dólar por dia.
Foto: DW/R. Krieger
Lama no cotidiano
O bairro Cazenga é o mais populoso de Luanda – ali, vivem mais de 400 mil pessoas numa área de 40 quilômetros quadrados. Em outubro de 2012, chuvas fortes obrigaram muitos habitantes a andar na lama. Do Cazenga saíram muitos políticos do partido governista angolano MPLA. "Uma das prioridades de políticos pobres é a riqueza rápida", diz o economista angolano Fernando Heitor.
Foto: DW/R. Krieger
Dominância do MPLA
Euricleurival Vasco, 27, votou no MPLA nas eleições gerais de agosto de 2012: "É o partido do presidente. Desde a guerra civil, ele tenta deixar o poder, mas a população não deixa". Críticos dizem que José Eduardo dos Santos não cumpriu nenhuma promessa eleitoral, como acesso à água e à eletricidade. Mas o governo lançou um plano de desenvolvimento em novembro para dar esses direitos à população.
Foto: DW/R. Krieger
Economia informal em Angola
Muitos angolanos esperam riqueza do chamado "boom" do petróleo. Mas grande parte da população é ativa na economia informal, como estas vendedoras de bolachas na capital, Luanda. Segundo a ONU, 37% da população vivem com menos de um dólar por dia. Elias Isaac, da organização de defesa dos direitos humanos Open Society, considera este um "contrassenso" entre "crescimento e desenvolvimento".
Foto: DW/R. Krieger
Uma infraestrutura de fachada?
A capital angolana Luanda é considerada uma das cidades mais caras do mundo. Um prato de sopa pode custar cerca de 10 dólares num restaurante, o aluguel de um apartamento mais de cinco mil dólares por mês. A Baía de Luanda é testemunho constante do "boom" do petróleo: guindastes e arranha-céus disputam quem é mais alto.
Foto: DW/Renate Krieger
O "Capitólio" de Angola
Próximo à Baía de Luanda, surge a nova sede do parlamento angolano. O partido governista MPLA vai ocupar a maior parte dos 220 assentos: elegeu 175 deputados em agosto de 2012. Por outro lado, o MPLA perdeu 18 assentos em comparação à eleição de 2008. A UNITA, maior partido da oposição, ganhou 32 assentos em 2012 – mas tem pouco espaço...
Foto: DW/R. Krieger
O presidente no cotidiano de Luanda
…porque, segundo críticos, o presidente José Eduardo dos Santos (numa foto da campanha eleitoral) "domina tudo": o poder Executivo, o Judiciário e o Legislativo, diz o economista Fernando Heitor. José Eduardo dos Santos também parece dominar muitas ruas de Luanda: em novembro de 2012, quase todas as imagens eram da campanha do partido no poder, o MPLA.
Foto: DW/R. Krieger
Dormir nos carros
Os engarrafamentos são frequentes em Luanda. Por isso, muitos funcionários que moram em locais mais afastados já partem para a capital angolana de madrugada. Ao chegarem em Luanda, dormem nos carros até a hora de ir trabalhar – juntamente com as crianças que precisam ir à escola. A foto foi tirada às 06:00h da manhã perto do Palácio da Justiça em novembro de 2012.
Foto: DW/R. Krieger
A riqueza em recursos naturais de Angola
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, mas também tem potencial para se tornar um dos maiores exportadores de gás natural. A primeira unidade de produção de LNG – Gás Natural Liquefeito, em inglês – foi construída no Soyo, norte do país, mas ainda está em fase de testes. A fábrica tem uma capacidade de produção de 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano.
Foto: DW/Renate Krieger
Para acabar com a dependência do petróleo...
A diversificação da economia poderia ser uma solução, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo angolano criou um fundo soberano do petróleo para investir no país e no estrangeiro, e para ter uma reserva caso haja oscilações no preço do chamado "ouro negro". Uma alternativa, segundo especialistas, poderia ser a agricultura, já que o petróleo só deve durar mais 20 ou 30 anos.
Foto: DW/R. Krieger
Angola atrai estrangeiros
Vêem-se muitas placas em chinês e empresas chinesas em Angola. Os chineses são a maior comunidade estrangeira no país. Em seguida, vêm os portugueses, que em parte fogem à crise económica europeia. Depois, os brasileiros, por causa da proximidade cultural. Todos querem uma parte da riqueza angolana ou investem na reconstrução do país.
Foto: DW/R. Krieger
Homem X Asfalto
Para o educador Fernando Pinto Ndondi, o governo angolano deveria investir "no homem e não no asfalto". Há cinco anos, Fernando e sua famíla foram desalojados da ilha de Luanda por causa da construção de uma estrada. Agora vivem nestas casas precárias. O governo constrói novas casas para a população. Porém, os preços, a partir de 90 mil dólares, são altos demais para a maior parte dos angolanos.
Foto: DW/Renate Krieger
Para onde vai o dinheiro?
O que aconteceu com 32 mil milhões de dólares lucrados pela empresa petrolífera estatal angolana Sonangol entre 2007 e 2011? Um relatório do FMI constatou, em 2011, que faltava essa soma nos cofres públicos. A Sonangol diz ter investido o dinheiro em infraestrutura. Elias Isaac, da Open Society, diz que o governo disponibiliza mais informações – o que "não é sinônimo de transparência".