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Henriques Dhlakama tem de construir o seu projeto

Lusa
28 de setembro de 2020

Apelido Dhlakama não é um "bilhete infalível" rumo ao sucesso e "herança genética deixada pelo seu falecido pai não é garantia de sucesso quando não é associada a outras valências", dizem analistas.

Afonso Dhlakama
Afonso Dhlakama, falecido líder da RENAMOFoto: DW/A. Cascais

Em Moçambique, o filho mais velho do antigo líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, anunciou no dia 11 deste mês a sua intenção de se candidatar à Presidência da República nas eleições gerais de 2024, dizendo que pretende evitar que o país caia "num precipício".

O jurista e jornalista Ericino de Salema considera que o facto de ser filho mais velho de Afonso Dhlakama só por si não atribui a Henriques maiores possibilidades de vitória numa corrida interna pela candidatura da do maior partido da oposição às presidenciais, nem na disputa pela chefia do Estado.

"Pertencer à família Dhlakama não é garantia de supremacia dentro da RENAMO, como se viu na derrota de Elias Dhlakama nas eleições do presidente do partido", afirmou Ericino de Salema.

Para o analista o candidato vai ter de demonstrar ser a pessoa indicada para melhor defender e gerir as aspirações dos militantes da RENAMO e da base social do partido.

Elias Dhlakama, irmão de Afonso Dhlakama, foi derrotado pelo atual líder da RENAMO, Ossufo Momade, nas eleições pela presidência do partido, em janeiro de 2019.

"Se os membros da RENAMO acharem que aquele que é irmão, filho, sobrinho ou tio de Dhlakama tem caraterísticas que garantem a defesa da linha política da RENAMO e elegerem essa pessoa, não será isso que levará as pessoas a pensar que o principal partido da oposição se tornou num clã", afirmou. 

Apelido não é um "bilhete infalível" 

Elias Dhlakama, irmão do falecido líder da RENAMO, Afonso DhlakamaFoto: privat

Por seu turno, o jornalista Fernando Lima também considerou que o apelido que Henriques Dhlakama tem não é um "bilhete infalível" rumo ao sucesso político na RENAMO e na vida política nacional, porque será necessário demonstrar que tem uma visão séria do que deve ser o partido e o país.

"Já se viu no caso de Elias Dhlakama que apenas o apelido não opera um golpe de magia. Pode ser um ativo ou um equívoco", afirmou.

Juma Aiuba, analista político, assinalou que o anúncio da candidatura de Henriques Afonso Dhlakama, faltando quatro anos para a realização das eleições gerais, é o reconhecimento de que precisa de construir um projeto político credível, porque a "herança genética é insuficiente na política, quando não é associada a outras valências".

"Henriques Dhlakama ou a sua equipa sabem que a herança genética que o pai lhe deixou não basta, é preciso ir ao terreno, porque nunca exerceu nenhuma atividade política", afirmou.

Um sinal da grave crise na RENAMO 

Juma Aiuba referiu que o anúncio da candidatura do filho mais velho de Afonso Dhlakama às presidenciais de 2024 é mais um sinal da "grave crise dentro da RENAMO e da existência de fações, porque a pretensão foi divulgada fora dos órgãos do partido e com críticas à atual liderança".

No anúncio da sua candidatura, Henriques Dhlakama considerou que Moçambique está mais de 50 anos atrasado em relação a outros países e funciona com instituições corruptas.

"Os moçambicanos devem rejeitar a estagnação, o imobilismo e o conformismo e provarem que são capazes de superar as dificuldades", disse.

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