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PolíticaEstados Unidos

Líderes mundiais lembram Henry Kissinger como "visionário"

DW (Deutsche Welle) | com agências
30 de novembro de 2023

Henry Kissinger morreu aos 100 anos. O antigo secretário de Estado dos EUA durante a Guerra Fria foi uma figura controversa na política externa e desempenhou um papel fundamental durante a guerra do Vietname.

Henry Kissinger morreu aos 100 anos
Foto: Adam Berry/Getty Images

Henry Kissinger, Prémio Nobel da Paz, conhecido pelos seus feitos diplomáticos e políticas controversas, morreu na quarta-feira (29.11), aos 100 anos.

"O Dr. Henry Kissinger, um respeitado académico e estadista americano, morreu hoje na sua casa em Connecticut", anunciaram os Kissinger Associates num comunicado.

Será sepultado numa cerimónia privada da família, com uma cerimónia fúnebre pública a realizar mais tarde na cidade de Nova Iorque, segundo a imprensa.

Fugiu da Alemanha nazi

Kissinger nasceu na Alemanha em 1923. A sua família mudou-se para os Estados Unidos da América (EUA) em 1938 para fugir ao regime nazi. Obteve a cidadania americana em 1943 e integrou o exército americano durante a II Guerra Mundial na Europa.

Prosseguiu os estudos superiores na Universidade de Harvard com uma bolsa de estudo, obtendo o grau de mestre em 1952 e o doutoramento em 1954.

Em seguida, entrou para o corpo docente de Harvard, onde leccionou durante 17 anos. Kissinger casou-se com Nancy Maginnes em 1974. Teve dois filhos com a sua primeira mulher.

Henry Kissinger (à direita) e Le Duc Tho (à esquerda) em Paris, em janeiro de 1973, no final das negociações do cessar-fogo no Vietname Foto: UPI/dpa/picture-alliance

Um legado polémico

Conhecido pela sua influência significativa na política externa dos EUA enquanto Secretário de Estado dos Presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, o legado de Kissinger é marcado pelo seu papel decisivo no fim da Guerra do Vietname, pelo qual lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Paz em 1973.

Kissinger desempenhou um papel importante na abertura das relações diplomáticas dos EUA com o Partido Comunista Chinês durante a administração Nixon e continuou a ser uma figura popular na China. Também negociou um acordo histórico de controlo de armas entre os EUA e a União Soviética na década de 1970.

Em 1973, a intensa "diplomacia de vaivém" de Kissinger, que aliviou as tensões entre Israel e os países árabes na sequência do Yom Kippur de 1973, valeu-lhe aplausos diplomáticos em todo o espetro político dos EUA.

No entanto, o papel de Kissinger ao autorizar o bombardeamento do Camboja pelos EUA durante a guerra do Vietname deixou uma marca no seu legado. O bombardeamento, que se destinava a atingir os movimentos de tropas que apoiavam o Vietname do Norte, matou milhares de civis e ajudou a criar o regime genocida dos Khmers Vermelhos no Camboja.

Kissinger foi também criticado pelo seu apoio aos regimes anti-comunistas na América Latina. A sua abordagem à política externa foi criticada por dar prioridade aos interesses nacionais em detrimento dos ideais democráticos.

Em 2022, quando lhe perguntaram numa entrevista se se arrependia de alguma das suas decisões, o antigo diplomata disse: "Toda a minha vida pensei nestes problemas. É o meu hobby e a minha profissão. Por isso, as recomendações que fiz foram as melhores de que fui capaz na altura".

Kissinger esteve envolvido na política mundial até aos seus últimos meses. Em julho, encontrou-se com o líder chinês Xi Jinping em Pequim, numa visita surpresa, no meio de relações bilaterais tumultuosas entre os Estados Unidos e a China.

Visita à China em 1972: Richard Nixon (à direita, ao centro) e o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai (à esquerda, ao centro). À direita, o conselheiro de política externa Henry KissingerFoto: UPI/dpa/picture-alliance

Homenagens intercontinentais 

O antigo Presidente George W. Bush afirmou que os EUA "perderam uma das vozes mais fiáveis e distintas em matéria de assuntos externos", enquanto o antigo Presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, disse que Kissinger era "infinitamente generoso com a sabedoria adquirida ao longo de uma vida extraordinária".

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, referiu a "grande importância que Kissinger atribuía às relações entre a China e os EUA" e acrescentou que o Presidente Xi Jinping enviou uma mensagem de condolências ao Presidente dos EUA, Joe Biden.

O embaixador da China nos Estados Unidos declarou estar "profundamente" triste com o falecimento de Kissinger.

"É uma perda tremenda para os nossos países e para o mundo", declarou o embaixador Xie Feng numa publicação na rede social X, antiga Twitter, acrescentando que "a história recordará o contributo do centenário para as relações entre a China e os EUA".

O chanceler alemão, Olaf Scholz, numa publicação nas redes sociais, afirmou que Kissinger "moldou a política externa americana como poucos". Scholz elogiou-o pelo seu "empenhamento na amizade transatlântica entre os EUA e a Alemanha" e afirmou que "sempre se manteve próximo da sua pátria alemã".

O Presidente russo, Vladimir Putin; expressou as suas condolências à viúva de Kissinger, Nancy, apelidando-o de um "estadista sábio e perspicaz".

Biden e Xi Jinping reforçam as relações entre China e EUA

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