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PolíticaAlemanha

Herdeiro de Merkel vive pior resultado da CDU desde 1950

Christoph Strack
27 de setembro de 2021

Laschet poderá ser o chanceler alemão caso a fase de negociações para a formação da coalizão governamental reserve surpresas. Forte adepto das políticas de Merkel, o conservador amarga uma derrota histórica.

Armin Laschet
Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

O candidato conservador Armin Laschet amarga um resultado negativo histórico para a União Democrata-Cristã (CDU) nas eleições legislativas da Alemanha. Desde 1950, os conservadores não tinham um desempenho tão fraco num pleito para o Bundestag, o Parlamento alemão. 

Armin Laschet liderou nos últimos anos o estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália. Em teoria, é o trampolim ideal para a chancelaria federal. Mas o candidato apanhou vários sustos durante a campanha.

Em meados de julho, depois de inundações que provocaram mais de 180 mortos no estado da Renânia-Palatinado e no seu próprio estado, o político de 60 anos de idade foi alvo de muitas críticas.

Durante uma visita à cidade de Erftstadt, enquanto o Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier aparecia na televisão a manifestar o seu pesar pelas mortes e destruição na região, Laschet estava atrás, aparentemente a rir-se de uma piada, juntamente com outros responsáveis locais. O político pediu desculpa pelo sucedido.

Laschet foi apanhado a rir-se durante uma visita a Erftstadt, uma cidade no oeste da Alemanha, que foi assolada pelas cheiasFoto: Marius Becker/dpa/picture alliance

Mas as polémicas não ficaram por aí. Depois do desastre, Armin Laschet afirmou: "Não vamos mudar toda a nossa abordagem só por causa de um dia como este". A declaração não caiu bem, pois muitas pessoas começavam a ver uma possível ligação entre desastres naturais como aquele e as mudanças climáticas.

Mais tarde, Laschet voltou atrás: "Temos todos de fazer o que pudermos para lutar contra as alterações climáticas", afirmou.

Esta é uma das críticas a Laschet: a inconstância nas suas promessas de defesa do clima. Muitos perguntam: o que é que o político defende realmente? 

Aliado de Merkel

O antigo advogado e jornalista é tido como um acólito de Angela Merkel. Quando a chanceler foi criticada por algumas alas da União Democrata-Cristã (CDU) em relação ao acolhimento de centenas de milhares de refugiados, desde 2015, Laschet manteve-se fielmente ao seu lado.

Tal como a chanceler, Armin Laschet é também adepto de uma CDU centrista. "Só venceremos se continuarmos fortes ao centro", é uma frase que Laschet gosta de repetir nos comícios.

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Laschet tem uma bagagem de décadas na política, incluindo a liderança da Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso da Alemanha, desde 2017.

"Um chefe estadual que governou com sucesso um estado com 18 milhões de pessoas também pode ser chanceler", diz Laschet.

Durante a campanha, o político católico, natural da cidade de Aachen, gosta de aludir às suas raízes renanas. Até hoje, só houve um chanceler oriundo da Renânia do Norte-Vestfália - Konrad Adenauer, o primeiro a governar a Alemanha no pós-guerra, entre 1949 e 1963.

Laschet vs. Söder

Na corrida pela candidatura dos conservadores à chancelaria, Laschet derrotou Markus Söder, o líder da União Social-Cristã (CSU), o partido-irmão da CDU na Baviera.

Söder gosta de se apresentar como alguém dinâmico, voltado para o futuro e carismático - os críticos usam mais a palavra "oportunismo". Mas a verdade é que, nas sondagens, o político de 54 anos é bastante mais popular do que Laschet.

Mesmo assim, Laschet conseguiu convencer os conservadores de que seria a melhor aposta a longo prazo.

Experiência até no Parlamento Europeu: um "verdadeiro europeu"

Armin Laschet tem mais experiência política do que Angela Merkel, quando ela se tornou chanceler. Além do seu passado como jurista e jornalista, desempenhou cargos em instituições locais, estaduais e federais, e até no Parlamento Europeu.

Tendo crescido numa região que faz fronteira com a Bélgica, Laschet pode ser considerado como um "verdadeiro europeu". As raízes da sua família estendem-se até à Bélgica, e o político fala fluentemente francês. Desde 2019, é também representante da Alemanha para as relações culturais franco-alemãs, e mantém laços estreitos com Paris.

Relativamente às relações transatlânticas, Laschet está um pouco mais atrás, embora tenha realizado uma "tour" pela EUA em 2019. O político promete reforçar a cooperação com Washington em questões como o clima e o comércio.

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