HIV/SIDA: Bater de frente contra fatores socioculturais
9 de dezembro de 2022No Niassa, província do norte de Moçambique, o estigma e discriminação dos portadores de HIV/SIDA, está colocar em causa os esforços do setor da saúde para a prevenção e redução dos casos de novas infeções e mortes provocadas pela doença.
A representante da rede moçambicana da pessoa vivendo com o vírus do HIV/SIDA no Niassa, Adelina Luís, afirmou que, das 70 mil pessoas portadoras do HIV/SIDA na província, cerca de 90% conhece o seu estado.
"Temos em tratamento cerca de 56.000 pacientes, sendo 3.700 crianças e 52.300 adultos, e desse numero 92% alcançarão a superação viral. São progressos da nossa parte enquanto pessoas vivendo com HIV/SIDA”.
Adelina Luís referiu que, apesar do progresso, “continuamos preocupados com o número de novas infeções e mortes relacionadas ao SIDA, estimadas em 12 infeções por dia”.
A província registou até outubro de 2022 cerca de 2.094 abandonos contra 2.074 registados ao ano anterior, uma redução de 27%, e no mesmo período ouve aumento de números de morte por HIV em 15% ao registar 557 óbitos em 2022 contra 4.800 do ano anterior.
“Ainda pressentimos grandes barreiras para aceder aos serviços, particularmente para as pessoas com deficiência física, auditiva e visual, e encontramos desafios para inclusão da população-chave principalmente relacionados com o estigma e a discriminação", referiu.
Números preocupantes
O secretário de Estado no Niassa, Dinis Vilanculo, afirmou que Moçambique é o segundo país do mundo com o número mais elevados de novas infeções pelo HIV/SIDA e a província do Niassa é a terceira do país com a taxa de zero prevalência mais baixa.
"O HIV/SIDA continua, particularmente, a afetar de forma significativa a vida da nossa população e o desenvolvimento socioeconómico que constitui uma das principais causas do absentismo laboral e perdas da força de trabalho resultante das mortes relacionadas com o HIV/SIDA.
O dirigente, garantiu continuar a mobilizar recursos visando expandir os serviços de aconselhamento e testagem de saúde comunitária, sensibilizando a população para aderir o tratamento e uso de preservativo entre outras formas, visando minimizar os efeitos dramáticos que a doença tem vindo a causar nos diversos setores.
"O nosso governo reitera o seu compromisso de revigorar as ações de prevenção, tratamento e mitigação em colaboração com as organizações da sociedade civil baseados nos princípios de abordagens dos direitos humanos tendentes a reduzir as barreiras socias e estruturais para a melhoria do acesso aos serviços de saúde rumo a eliminação da SIDA."
Crianças infetadas
Ilda Inácio, Diretora Provincial do Género, Criança e Ação Social no Niassa, contou que cerca de 5.400 crianças vivem com HIV e foram diagnosticadas 650 novas infeções, o que corresponde há duas infeções diárias ao nível da província.
"De janeiro à setembro do ano em curso, registaram-se 3.700 casos de crianças vivendo com HIV e estão em tratamento. No mesmo período do ano passado, tinham sido registadas 3.000 casos. É uma preocupação do nosso executivo saber que, 100 destas crianças abandonaram o tratamento contra 180 abandonos em 2021”, revelou.
A província registou do início do ano até ao presente, 70 óbitos de crianças relacionados com a SIDA, dados que preocupam e mostram a prevalência e aumento de casos de HIV/SIDA na província do Niassa.
A governante disse ainda que, fatores comportamentais e socioculturais na província influenciam negativamente no aumento de casos da enfermidade.