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Homem condenado a 20 anos por homicídio de jornalista

Lusa
27 de setembro de 2024

O Tribunal Judicial da Província de Maputo condenou um homem a 20 anos de prisão pelo assassínio do jornalista João Chamusse. O advogado da família da vítima lamentou a falta de clareza sobre as motivações do homicídio.

Foto de tribunal
Foto ilustrativaFoto: picture-alliance/dpa/U. Deck

João Chamusse, editor do jornal Ponto por Ponto, foi encontrado morto na madrugada de 14 de dezembro de 2023, no quintal da sua residência, no Bairro da Katembe, na margem sul da baía de Maputo, com marcas de sangue e sinais de golpes na cabeça.

Na sentença lida hoje, o tribunal condenou ainda o arguido, de 24 anos, ao pagamento de uma indemnização de 350 mil meticais (cerca de cinco mil euros) e a absolvição de outros três arguidos, por falta de provas do seu envolvimento no crime.

Jornalista moçambicano João ChamusseFoto: Privat

O advogado da vítima, João Nhampossa, lamentou o facto de as razões por detrás do homicídio não terem ficado claras durante a investigação e julgamento do caso, como resultado da "livre e espontânea confissão" do arguido.

"Não podemos dizer que é satisfatória [a condenação], porque a confissão espontânea não permitiu uma investigação que deixasse claros os motivos que levaram à prática deste crime. O réu confessou, de forma livre e espontânea, perante o tribunal, e não há mais diligência" a realizar, disse Nhampossa.

O arguido "até pode estar a mentir, a enganar", ao assumir a culpa, prosseguiu.

O advogado, um conhecido ativista de defesa dos direitos humanos em Moçambique, declarou "haver alegações de que há um mandante" do assassinato de João Chamusse, mas o tribunal terá ignorado essas suposições.

João Nhampossa também lamentou que o tribunal tenha imposto uma indemnização muito abaixo dos mais de um milhão de meticais (cerca de 14 mil euros) que a família do jornalista exigiu, reconhecendo, contudo, que "não há dinheiro que repare o dano morte".

João Chamusse era editor do jornal Ponto por Ponto e comentador do canal privado TV Sucesso, onde era conhecido por opiniões muito corrosivas em relação à governação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder.

Chamusse também foi editor do MediaFax, um dos jornais do grupo Mediacoop, primeiro projeto de media independente e privado de Moçambique pós-independência.

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