HRW exige investigação a "uso excessivo" da força
29 de outubro de 2024"As autoridades devem investigar prontamente e imparcialmente o uso aparentemente excessivo da força", refere a organização internacional Human Rights Watch (HRW) em nota distribuída hoje à comunicação social.
Em causa estão os confrontos, na última semana, entre a polícia moçambicana e os apoiantes de Venâncio Mondlane, candidato presidencial independente que rejeita os resultados apresentadas pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) sobre a votação de 9 de outubro em Moçambique.
Mondlane começou por convocar uma "paralisação geral", mas, após o assassínio de Elvino Dias, seu advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, que o apoia, chamou os seus apoiantes às ruas para protestar "pacificamente", tendo aí começado os confrontos entre manifestantes e a polícia em vários pontos do país, com feridos e detidos, além de lojas fechadas.
Pelo menos 11 mortes
Segundo a HRW, pelo menos 11 pessoas morreram e outras dezenas dicaram feridas durante as operações policiais em áreas residenciais.
"Mais de 50 pessoas sofreram ferimentos graves de bala, e muitas, incluindo crianças de apenas um ano de idade, inalaram gás lacrimogéneo que a polícia disparou indiscriminadamente em áreas residenciais", refere-se no comunicado a HRW, que lembra ainda que a Constituição moçambicana protege os direitos à liberdade de reunião e expressão.
Processo contra Mondlane
Na segunda-feira (28.10), a Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou que abriu um processo-crime contra o candidato presidencial Venâncio Mondlane e apoiantes, pela escalada de violência pós-eleitoral no país.
"A PRM já abriu um processo-crime contra o cidadão Venâncio Mondlane e seus simpatizantes pelos crimes de incêndio do posto policial, apoderamento de arma de fogo do tipo AK-47, atos que acabam colocando em alvoroço não só o distrito de Moma como também a própria província de Nampula", declarou o porta-voz da corporação, Orlando Mudumane.