Huambo luta para ser a "capital ecológica" de Angola
José Adalberto (Huambo)
5 de junho de 2020
Esta sexta-feira, 5 de junho, assinala-se o Dia Mundial do Ambiente. Em Angola, o Huambo luta há anos para ter o título de "capital ecológica" do país. Muito tem sido feito para que isso se concretize. O que falta?
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O Huambo foi uma das cidades angolanas mais devastadas pela guerra. Décadas de conflito destruíram infraestruturas vitais. Mas a cidade reergueu-se e reivindica agora o título de "capital ecológica" de Angola.
Onde antes havia ruínas, foram plantadas árvores e, agora, há áreas verdes onde os cidadãos podem passear. Um ponto de referência do Huambo, a Estufa-Fria, destruída na guerra, também foi revitalizada, e, hoje em dia, é local de peregrinação para apreciar a natureza e ver o pôr-do-sol. Além disso, há frequentemente campanhas de limpeza e saneamento do meio, organizadas pela cidade.
José Abel Tchihuaku, professor, considera que o Huambo possui todas as condições para se tornar a "capital ecológica" de Angola.
"Em quase todos os sítios tem contentor de lixo, tem havido palestras no sentido de educar a população para não atirar lixo para os passeios. Havia muita gente a lavar carros nos riachos e ribeirinhas que o Huambo tem, mas agora vemos poucas pessoas," nota.
Competição existe
Mas a cidade do Planalto Central enfrenta duros concorrentes na competição pelo título de "capital ecológica" - Huíla, Benguela, Namibe, Malange e Kwanza Norte, todos disputam a designação. Quem sairá vencedor, ninguém sabe.
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Entretanto, o Huambo apresenta mais uma carta a seu favor – a cidade é a sede do primeiro Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC) do país. A instituição, inaugurada em 2012, dedica-se à investigação sobre problemas ambientais na província. Para o professor José Tchihuaku, o CETAC é um "trunfo" importante.
"É a única instituição do país, isto é resultado dos esforços que o Governo tem vindo a desenvolver para que a província se torne na capital ecológica do país", analisa.
O estudante Martins Savimbuando também acredita que o Huambo tem boas "chances" de conquistar o título, embora reconheça que o rápido crescimento da cidade imponha novas ações.
"É uma cidade que, para além do seu clima tropical, possui uma vegetação que propicia a boa vivência dos citadinos, e que lhe dá o título de cidade ecológica", afirma.
Governo faz o suficiente?
O estudante constata ainda que o Governo tem feito a sua parte: "Tem envidado esforços e tem tido sucessos no saneamento básico. Embora possa nunca ser suficiente, porque, à medida que a cidade cresce, é preciso chegar ao redor e colmatar algumas situações".
Para o gestor ambiental João Baptista, a iniciativa da cidade do Huambo se candidatar a capital ecológica do país deve ser aplaudida. João Baptista também elogia as ações do Governo do Huambo no domínio da arborização da cidade ou do saneamento do meio, mas alerta que só isso não basta: "Se nós olharmos para a vertente da arborização, o Huambo é ímpar e é a cidade que possui as melhores condições em relação a muitas províncias em que já andei. Mas na sua vertente total da ecologia, o Huambo tem muito a fazer para resolver este problema", adverte.
O especialista diz, por exemplo, que é preciso aplicar com rigor a legislação para proteger o meio ambiente: "A melhor forma de acentuarmos o estatuto que o Huambo está à procura passa por aderirmos à legislação ambiental do país. Angola é parte das convenções internacionais".
Maputo: De lixo plástico a utensílios domésticos
No Dia Mundial do Ambiente (05.06), acompanhamos um negócio em crescimento em Maputo: a recolha e reciclagem de lixo plástico. Há produtos para todos os gostos, desde embalagens a cadeiras.
Foto: DW/R. da Silva
Um negócio em crescimento
O negócio da recolha de plástico na capital moçambicana está a ganhar espaço e muitas famílias dedicam-se a esta atividade. Algumas empresas compram e transformam o lixo plástico em utensílios domésticos. Na periferia de Maputo, empresas de reciclagem vendem diretamente ao consumidor e empregam muitos jovens.
Foto: DW/R. da Silva
Plástico reciclado para todos os gostos
A produção com material reciclado é muito variada: desde açucareiros e saleiros a recipientes para água, baldes e embalagens para alimentos. Os reservatórios nesta imagem são muito usados em Maputo para carregamento de água, sobretudo nos momentos de escassez. Algumas empresas de produção de óleo, por exemplo, também solicitam estes utensílios para distribuir aos revendedores.
Foto: DW/R. da Silva
Lixo à espera de ser vendido
Muitas famílias arranjam um espaço no seu quintal para guardar o lixo plástico, dada a sua importância para o sustento. Nesta casa, o tecto foi a solução encontrada para armazenar o plástico até chegar à quantidade adequada para vender. Cada quilo de lixo plástico pode render, dependendo do comprador, entre 20 a 40 cêntimos de euro.
Foto: DW/R. da Silva
Separação do lixo
Na maior lixeira de Maputo, há vários tipos de lixo. No caso do plástico, os catadores também colocam de lado os sacos – que são reutilizados. Este lixo é posteriormente embalado em grandes sacos para ser pesado e vendido às empresas de reciclagem.
Foto: DW/R. da Silva
À espera dos compradores
Esta é a lixeira de Hulene, onde vai parar todo o tipo de lixo. Os residentes das redondezas vivem praticamente do lixo plástico - e não só. Os montes que estão aqui expostos já têm donos e estão apenas à espera para serem vendidos às empresas que se dedicam à reciclagem.
Foto: DW/R. da Silva
Cadeiras recicladas
Algumas instituições do Estado e entidades privadas usam produtos reciclados no dia a dia. É o caso deste escritório de um estabelecimento de ensino público localizado algures na periferia da capital Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Prontas para a distribuição
As cadeiras e outros materiais reciclados são transportados em camiões. A reciclagem de lixo está a ajudar a cidade e a periferia a "livrar-se" dos resíduos.
Foto: DW/R. da Silva
Catadores de lixo em Hulene
Na maioria, as pessoas que se dedicam a recolher lixo na lixeira de Hulene são jovens. Também recolhem plástico na periferia de Maputo para vender posteriormente. Entre os catadores, também há mulheres que se dedicam a esta atividade que ajuda a limpar a cidade e arredores de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
O negócio do lixo
A Recicla é uma cooperativa de produção de plástico criada em 2006. A empresa criou um projeto para o tratamento e valorização do plástico com impactos positivos ao nível do ambiente, economia, ação social e educação. Compra aos catadores todo o lixo plástico que mais tarde é reciclado.
Foto: DW/R. da Silva
Praias sem plástico
A praia da Costa do Sol, em Maputo, é a mais concorrida no verão – e a paisagem sofre com os resíduos deixados na areia por quem a frequenta. Com o negócio do lixo plástico, a praia da Costa do Sol está mais limpa.