Presidente transfere o cargo ao vice após completar dois mandatos de cinco anos no poder, como prevê a Constituição. Mokgweetsi Masisi terá como principal desafio reduzir a dependência económica do diamante no país.
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O Presidente do Botswana, Ian Khama, deixou o cargo este sábado (31.03) após dez anos no poder, transferindo a chefia do Governo para o vice, Mokgweetsi Masisi.
Ian Khama, que completou dois mandatos de cinco anos como permitido pela Constituição, deixa a Presidência do país 18 meses antes das próximas eleições.
Desde dezembro do ano passado, Khama visitou todas as 57 circunscrições do Botswana num longo adeus à população de 2 milhões de habitantes. A administração do ex-presidente foi marcada por críticas abertas contra o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e contra o ex-presidente do Zimbabué Robert Mugabe.
O vice Mokgweetsi Masisi ficará no poder até as próximas eleições presidenciais, em 2019. A principal tarefa do presidente interino será diminuir a dependência da economia do Botswana do diamante. "Não estou certo sobre a competência dele no campo económico, mas se ele tiver o respeito dos ministros deverá ser capaz de fazê-lo", observa o analista político Ndulamo Anthony Morima.
Masisi é professor e trabalhou com políticas de educação para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) por oito anos. Entre 2011 e 2014, serviu como ministro de Assuntos Públicos e depois como ministro da Educação. Em 2017, foi nomeado como vice-presidente do Botswana.
Ao assumir o novo cargo, Masisi torna-se o terceiro presidente do país a não integrar a família Khama, que domina a política do país desde a independência do Reino Unido, em 1966.
Família Khama
O agora ex-presidente Ian Khama é filho do primeiro presidente do Botswana, Seretse Khama, e também assumiu a Presidência do país no lugar de Festus Mogae, em 2008, um ano antes das eleições presidenciais.
Com a saída de Ian Khama, seu irmão mais novo, Tshekedi Khama, que é ministro do Turismo, será o único membro da família a ocupar altos cargos no Governo do Botswana.
O pequeno Estado da África Austral, uma das democracias mais estáveis do continente africano, é governada desde a independência, em 1966, pelo Partido Democrático do Botswana (BDP, na sigla inglesa). A expectativa é que o partido nomeie Masisi como candidato às próximas eleições presidenciais, em 2019.
Dez líderes africanos que morreram em exercício
A população costuma acompanhar com atenção o estado de saúde dos altos dirigentes – muitos especulam atualmente, por exemplo, sobre a saúde do Presidentes da Nigéria. Vários chefes de Estado já morreram em exercício.
Foto: picture-alliance/dpa
John Magufuli, Presidente da Tanzânia
Morreu a 17 de março de 2021, doente. O seu estado de saúde, pouco antes da falecer, esteve em volto a muito secretismo. Assumiu a liderança do país em 2015 e boa parte do seu povo enaltece os seus feitos, tais como a melhoria dos sistemas de saúde, educação e transporte. Mas também foi contestado por algumas políticas duras e por perseguir os seus críticos.
Foto: Sadi Said//REUTERS
1) Malam Bacai Sanhá, Presidente da Guiné-Bissau (2012)
Malam Bacai Sanhá morreu em 2012. Ele sofria de diabetes e morreu em Paris, aos 64 anos, menos de três anos depois de chegar ao poder. Sanhá tinha vários problemas de saúde.
Foto: dapd
2) João Bernardo "Nino" Vieira, Presidente da Guiné-Bissau (2009)
João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado em março de 2009. Tinha 69 anos de idade. Esteve no poder durante mais de duas décadas. Tornou-se primeiro-ministro em 1978 e, em 1980, tomou a Presidência. Ficou no cargo até 1999, ano em que foi para o exílio. Regressou a Bissau em 2005 e venceu nesse ano as presidenciais.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
3) Mouammar Kadhafi, chefe de Estado da Líbia (2011)
Mouammar Kadhafi foi assassinado em 2011. Kadhafi, auto-intitulado líder da "Grande Revolução" da Líbia, foi morto por forças rebeldes em circunstâncias ainda por esclarecer. Estava no poder há 42 anos, desde um golpe de Estado contra a monarquia líbia em 1969, onde não houve derramamento de sangue. A sua liderança chegou ao fim com a chamada "Primavera Árabe".
Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images
4) Umaru Musa Yar'Adua, Presidente da Nigéria (2010)
Umaru Musa Yar'Adua morreu em 2010 aos 58 anos de idade. Morreu no seu país, vítima de uma inflamação do pericárdio – estava há apenas três anos no poder. Já durante a campanha eleitoral, Yar'Adua teve de se ausentar várias vezes devido a problemas de saúde. Depois de ser eleito, em 2007, a sua saúde deteriorou-se rapidamente.
Foto: P. U. Ekpei/AFP/Getty Images
5) Lansana Conté, Presidente da Guiné-Conacri (2008)
Após 24 anos no poder, Lansana Conté morreu de "doença prolongada" aos 74 anos de idade. O Presidente da Guiné-Conacri sofria de diabetes e de problemas cardíacos. Conté foi o segundo chefe de Estado do país, de abril de 1984 até à sua morte, em dezembro de 2008.
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou
6) John Atta Mills, Presidente do Gana (2012)
John Atta Mills morreu de apoplexia em 2012. Tinha 68 anos. Atta Mills esteve apenas três anos no poder. Enquanto chefe de Estado, introduziu uma série de reformas sociais e económicas que lhe granjearam fama a nível local e internacional.
Foto: AP
7) Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia (2012)
Meles Zenawi morreu na Bélgica aos 57 anos de idade, vítima de uma infeção não especificada. Zenawi liderou a Etiópia durante 21 anos – como Presidente, de 1991 a 1995, e como primeiro-ministro, de 1995 a 2012. Foi elogiado por introduzir o multipartidarismo, mas criticado por reprimir violentamente os protestos do povo Oromo no norte da Etiópia.
Foto: AP
8) Omar Bongo, Presidente do Gabão (2009)
Omar Bongo morreu em Barcelona, Espanha, em junho de 2009, vítima de cancro nos intestinos. Bongo estava no poder há 42 anos e morreu aos 72 anos de idade. Foi um dos líderes que esteve mais tempo no poder e um dos mais corruptos. Bongo acumulou uma riqueza imensa enquanto a maior parte da população vivia na pobreza, apesar de o país ter grandes receitas de petróleo.
Foto: AP
9) Michael Sata, Presidente da Zâmbia (2014)
Michael Sata morreu no Reino Unido aos 77 anos. A causa da morte não foi divulgada. Após a sua eleição em 2011, circularam rumores sobre o estado de saúde do Presidente. As suas ausências em eventos oficiais alimentaram ainda mais as especulações, apesar dos seus porta-vozes garantirem que estava tudo bem.
Foto: picture-alliance/dpa
10) Bingu wa Mutharika, Presidente do Malawi (2012)
Bingu wa Mutharika morreu em 2012. Teve um ataque cardíaco e faleceu dois dias depois, aos 78 anos de idade. Esteve oito anos no poder e ganhou gama internacional devido às suas políticas agrícolas e de alimentação. A sua reputação ficou manchada por uma onda de protestos por ter gasto 14 milhões de dólares num jato presidencial.