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Idosos na Guiné-Bissau vítimas de violência e maus-tratos

Iancuba Dansó (Bissau)
7 de setembro de 2023

Muitos idosos têm dificuldades de acesso a tratamento médico e a alimentação de qualidade. Liga Guineense dos Direitos Humanos apela à criação de mais organizações para denunciar casos de violência e maus-tratos.

Imagem de arquivo
Imagem simbólica (arquivo)Foto: picture-alliance/imageBROKER/R. Marscha

Não há ainda nenhuma medida de proteção nem disposição legal interna para fazer face à situação dos idosos na Guiné-Bissau, onde a violação dos direitos humanos ainda persiste.

Ser mais velho na Guiné-Bissau significa não ter cuidados específicos e estar exposto a todo o mal, com falta de alimentação de qualidade e assistência médica e medicamentosa garantidas pelo Estado.

A isso junta-se a violência contra a terceira idade, frequentemente acusada da prática de feitiçaria e submetida a maus tratos nas comunidades onde vivem.

Nelson Intchama, presidente da Associação de Proteção de Defesa de Idosos da Guiné-Bissau.Foto: Iancuba Dansó/DW

"Uma das violações mais graves que assistimos ao longo dos últimos três anos tem que ver com a acusação da prática de feitiçaria e o espancamento, que está a preocupar-nos bastante", denuncia à DW África Nelson Intchama, presidente da Associação de Proteção de Defesa de Idosos da Guiné-Bissau.

"Há menos de um ano aconteceu na aldeota de Quisset, no setor de Prabis [no norte da Guiné-Bissau], onde um idoso foi espancado e felizmente não foi morto. A Constituição da República garante-nos que somos iguais perante a lei, mas aquilo que está a acontecer está fora do garantido pela Constituição", sublinha.

Espancamentos até à morte

Na aldeia de Suzana, no norte da Guiné-Bissau, uma idosa terá sido espancada até à morte, na semana passada, acusada da prática de feitiçaria. Nelson Intchama denuncia a impunidade perante este caso e relata o clima de medo na comunidade local, por falta de segurança.

Victorino Indeque, vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos HumanosFoto: Iancuba Dansó/DW

"As pessoas que foram identificadas como autoras do espancamento da malograda estão soltas na aldeia de Suzana, sem nenhuma punição. Há idosas que estão ainda com dores, porque foram também espancadas e tivemos a informação de que três [delas] já fugiram da aldeia, porque não há segurança para elas", lamenta.

O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Victorino Indeque, também lamenta o sucedido e considera a situação preocupante.

"Quando somos jovens ninguém é acusado de feitiçaria, só quando a pessoa se encontra nessa idade é que já tem todas as capacidades de fazer toda gente mal e a sociedade aceita isso. Há pessoas com certo nível académico [que também] acreditam nessas coisas e isso é preocupante", diz.

É preciso unir esforços

Na ausência de casas de acolhimento e de dados estatísticos oficiais sobre a real situação dos idosos na Guiné-Bissau, várias pessoas idosas ainda vivem com dificuldades e sofrem maus-tratos até na família, denunciou a associação.

A DW contactou o Ministério da Ação Social, Família e Promoção da Mulher, para se pronunciar sobre o assunto, mas sem sucesso.

O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Victorino Indeque, apela à união de esforços para mudar a situação dos mais velhos.

"Apelamos que haja mais organizações intervenientes no domínio da proteção e promoção dos direitos das pessoas em terceira idade. Isso ajudaria em poder monitorar a situação dessas pessoas, que trabalharam toda a vida e quando se encontram nessa situação em concreto ficam mais débeis e vulneráveis".

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