A reunião do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que ocorreu esta sexta-feira (03.04) na Matola, foi interrompida devido à falta de consenso sobre os candidatos à sucessão de Filipe Nyusi nas próximas eleições presidenciais de Moçambique, marcadas para 9 de outubro.

A sessão extraordinária, que busca definir o próximo candidato do partido no poder, foi adiada para sábado (04.05), às 10 horas.

Tomás Salomão, membro da Comissão Política do partido, descreveu as discussões como intensas. "O Comité Central devolveu a lista dos pré-candidatos para uma reflexão mais aprofundada pela Comissão Política", informou Salomão.

A Comissão Política havia proposto inicialmente os nomes de Roque Silva, atual secretário-geral, Damião José e Daniel Chapo, governador da província de Inhambane, como pré-candidatos. Esses nomes, citados pela agência Lusa e diversos meios de comunicação moçambicanos, circularam nas redes sociais, levantando debates sobre a veracidade das informações.

"Não há regras escritas"

O analista político Fernando Lima, em entrevista à DW, expressou ceticismo quanto à autenticidade das listas divulgadas.

"Há candidatos que aparecem em listas curtas e outros a partir de propostas feitas por membros do Comité Central. Não há regras escritas sobre como as candidaturas são apresentadas pela Comissão Política", explicou o jornalista, indicando que é difícil especular sobre os nomes além dos que oficialmente já assumiram as suas candidaturas, como Gabriel Júnior e Samora Machel Júnior, por exemplo.

Manuel Formiga, membro do Comité Central da FRELIMO, confirmou que a sessão se concentrou mais nos princípios de pré-seleção dos candidatos do que em nomes específicos.

Fumo branco

O Comité Central da FRELIMO pediu nomes na lista de candidatos às eleições presidenciais de 9 de outubro em Moçambique, anunciou hoje Teodoro Waty, membro daquele órgão, que retoma a reunião no sábado. 

"O fumo branco acontecerá em algum momento, não hoje, mas de certeza que amanhã [sábado]. Neste momento, é conveniente que mais nomes apareçam e quando forem apresentados mais nomes está claro que é mais democracia", declarou à comunicação social Teodoro Waty, histórico membro do Comité Central do partido, no final da reunião. 

"Nós queremos patriotas, queremos pessoas que lutem e se esfarrapem por este Moçambique", declarou Waty, sem avançar os novos nomes propostos pelo Comité Central após a proposta da Comissão Política do partido, pouco antes do início desta reunião, durante a tarde de hoje. 

Pré-candidatos

Cabe ao Comité Central, órgão máximo do partido entre congressos, aprovar o candidato da FRELIMO à eleição presidencial de outubro, o qual pode também decidir acrescentar outros candidatos. 

Segundo os estatutos do partido, cabe à Comissão Política a função de apresentar aos membros do Comité Central a lista com três nomes de pré-candidatos à sucessão de Filipe Nyusi, Presidente da República e da FRELIMO, que está constitucionalmente impedido de concorrer ao cargo por ter atingido o limite de dois mandatos. 

O prazo limite para apresentação ao Conselho Constitucional das listas de candidatos a Presidente da República nas eleições de outubro é 10 de junho. 

Moçambique vai realizar em 9 de outubro as sétimas eleições presidenciais e legislativas, as segundas para os governadores provinciais e as quartas para as assembleias provinciais.