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Falta clareza nas negociações de paz em Moçambique

Lusa | ar
21 de novembro de 2016

Antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano, defendeu que falta clareza no processo negocial para solução da crise política e militar em Moçambique, observando que razão do impasse reside na fraca cultura democrática.

Joaquim Chissano
Foto: DW/B. Darame

"Não há clareza neste processo negocial. Parece que não sabemos o que queremos exatamente", disse o antigo chefe de Estado moçambicano, falando durante uma palestra organizada pelo Instituto Superior de Relações Públicas em Maputo (21.11.).

Alertando para a falta de uma cultura democrática nas elites políticas moçambicanas, o antigo chefe de Estado entende que o problema político do país transcende a agenda das atuais negociações de paz entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), e considera que a sua solução definitiva passa por uma discussão séria e abrangente sobre o sistema político.

"Neste momento, estão a discutir as seis províncias. Quem ganhou ou não ganhou. Mas esse não é o problema", afirmou Chissano, em alusão ao ponto de agenda nas negociações que diz respeito à exigência do maior partido de oposição em governar as seis províncias onde revindica vitória nas eleições gerais de 2014.

Para Joaquim Chissano, a democracia em Moçambique está ainda num processo inicial e, consequentemente, os moçambicanos são desafiados a elevar o seu nível de participação política.

As outras três das seis provincias em questão não têm uma maioria absoluta da RENAMO na Assembleia Provincial
Três das seis provincias em questão têm uma maioria absoluta da RENAMO na Assembleia Provincial

 

Oposição construtiva

A falta de uma "oposição verdadeiramente construtiva" é apontada pelo antigo chefe de Estado como um problema que ameaça a política em Moçambique, revelando que o país precisa de "muita educação" no que respeita ao funcionamento de um sistema democrático.

"As crises políticas em África são sempre pós-eleitorais", observou o antigo chefe de Estado, o que sugere que, além do desenvolvimento da consciência democrática, haja mais confiança nas instituições do Estado por parte das elites políticas.

Joaquim Chissano (esq.) e Afonso Dhlakama - Assinatura do Acordo de Paz em Roma (4 de outubro de 1992)Foto: picture-alliance/dpa

"Para o caso de Moçambique, é preciso que haja confiança entre as partes, principalmente por parte da RENAMO", concluiu o antigo chefe de Estado.

A região centro e norte de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

A RENAMO acusa, por sua vez, as Forças de Defesa e Segurança de investidas militares contra posições do partido.

Apesar dos casos de violência, o Governo e a RENAMO estão em conversações em Maputo, na presença de mediadores internacionais.   

 

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