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EconomiaEstados Unidos

Imposto sobre remessas de Trump afeta duramente os africanos

Arthur Sullivan | rl
2 de junho de 2025

A lei fiscal do Presidente dos EUA inclui um plano para aplicar taxas significativas às remessas que saem do país. O impacto sobre os migrantes e as suas famílias será sentido em todo o mundo, especialmente em África.

Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos
POrojeto de lei fiscal de Donald Trump inclui imposto de 3,5% sobre remessas enviadas por imigrantes aos seus países de origemFoto: Brendan Smialowski/AFP/Getty Images

Nos Estados Unidos, a Câmara dos Representantes aprovou, recentemente, o projeto de lei fiscal tão cobiçado pelo PresidenteDonald Trump que, entre outros, inclui um imposto de 3,5% sobre as remessas enviadas por imigrantes aos seus países de origem.

Uma medida que, segundo o economista Enoch Aikins, deverá ter um impacto significativo em África.

"Não lhes podemos dizer como devem gerir as suas finanças, mas isto terá um enorme impacto nas economias africanas," avança.

Remessas urgentes

Enoch Aikins é um dos muitos milhões de africanos em todo o continente e em todo o mundo que enviam remessas, ou seja, transferências bancárias para o seu país de origem. Neste caso, o economista é natural do Gana e encontra-se a trabalhar no Instituto de Estudos de Segurança na África do Sul.

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"Sempre que há um problema familiar, eles ligam-me e eu tenho de encontrar uma forma rápida de enviar dinheiro. Na maioria das vezes, são despesas domésticas, relacionadas com alimentação, alojamento, propinas escolares ou despesas médicas," relata Aikins.

Dados do Banco Mundial mostram que os fluxos de remessas para África foram superiores a 92 mil milhões de dólares em 2024, com os Estados Unidos a representarem, por si só, pelo menos 12 mil milhões de dólares nesse ano. 

Medida "extremamente prejudicial"

Monica de Bolle, investigadora sénior do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington, critica a medida, frisando que são normalmente os grupos de baixa renda que mais dependem das remessas de familiares e amigos que trabalham no estrangeiro.

"É extremamente prejudicial. Na maioria das vezes, esses fluxos vêm de pessoas de baixa renda nos Estados Unidos para seus países de origem e suas famílias, que também não são abastadas," explica a investigadora.

Monica de Bolle acredita que os imigrantes encontrarão maneiras de evitar o imposto.

"Se antes as pessoas que enviam dinheiro para casa usavam canais oficiais para fazer isso, agora vão tentar usar canais não oficiais, porque vão querer evitar o imposto," considera.

Segundo o economista Enoch Aikins, alguns países africanos serão mais afetados do que outros. Embora as grandes economias, como o Egito, a Nigéria e o Marrocos, sejam responsáveis pelo maior bolo de remessas vindo do exterior, há economias que dependem destes montantes.

Dados do Banco Mundial mostram que há países em que estas transferências representam cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). É o caso de Lesoto, Comores, Somália, Gâmbia e Libéria.

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