Imprensa alemã destaca as máfias do marfim em África
25 de julho de 2014O Bild der Wissenschaft trouxe uma matéria do correspondente Martin Angler sobre a caça furtiva de animais na África Austral. Conforme o texto, cada vez mais rinocerontes da região são vítimas dos traficantes de marfim.
O repórter conheceu um projeto de preservação da espécie conduzido por veterinários do jardim zoológico de Joanesburgo, na África do Sul.
Os rinocerontes são anestesiados pelos técnicos do projeto e se injeta um coquetel de veneno no corno do animal, além de colorir a ponta do marfim. A iniciativa deixa o material inutilizável pelo crime organizado. Conforme a reportagem, a demanda por chifres de rinocerontes está aumentando.
Em 2010, estima-se que 333 rinocerontes foram mortos na África do Sul. O número subiu para 448 em 2011 e 668 em 2012. Somente em 2014 mais de mil rinocerontes foram mortos no país – o número triplicou em três anos.
O magazine Hörzu também abordou a questão da máfia em torno do marfim através da matéria “Salve os elefantes”. O foco da matéria é o engajamento do ator de cinema Hannes Jaenicke na proteção destes animais no Quênia – por onde viajou para ter contato com os elefantes e gravar um filme sobre o tema.
Conforme o texto, 40 mil animais por ano são mortos devido a máfia. Para ter uma idéia mais concreta da situação, Jaencke conheceu mesmo um caçador que mudou de lado.
Hoje o homem que lhe serviu como guia trabalha com ativistas do meio ambiente.
Fora de controle
O Süddeutsche Zeitung abordou as formas de tratamento do Ébola. O texto enfoca o trabalho da pesquisadora Erica Ollman Saphire. A especialista em cristalografia de raios-X no Instituto Scripps, em San Diego, nos Estados Unidos, lidera um projeto internacional, para desenvolver os chamados anticorpos monoclonais contra o vírus. Experimentos em animais já produziram resultados iniciais promissores.
O medicamento ainda não foi usado em seres humanos, mas, diante da característica letal da doença, ela vê isto como um risco menor em comparação com a própria febre hemorrágica.
Texto traz o dilema da comunidade científica e de saúde que apela para oferecer os medicamentos que existem, mesmo que ainda não sejam aprovados porque “seria melhor fazer algo do que não fazer nada”, escreve o jornal.
Impotentes
Neue Zürcher Zeitung fez uma análise sobre a seita Boko Haram, concluindo que, desde que o governo nigeriano declarou guerra aos radicais, eles sequer mostraram qualquer fraqueza.
“Duas cenas dominaram o noticiário nigieriano: a primeira é do presidente Goodluck Jonathan que aceitou conhecer os pais das 200 estudantes sequestradas. A segunda é a derrota militar do governo, uma vez que Boko Haram assumiu o controle de Damboa, no norte do país”, escreve o jornal.
A metrópole comercial nigeriana com 200 mil habitantes assistiu o grupo armado matar 40 pessoas durante a tomada da cidade. “O exército não está nem perto de Damboa”, segundo o periódico.
O ataque de grande escala provocou pelo menos 15 mil deslocados, disse uma fonte oficial de Lagos. Boko Haram também é responsável pelo duplo atentado à bomba de quarta-feira em Kaduna, no noroeste da Nigéria, que matou até o momento 85 pessoas, segundo um novo balanço.
Acordo secreto
Die tageszeitung deu destaque aos obstáculos para a entrada em vigor do acordo de livre comércio da União Europeia com seis países africanos - Moçambique, Botsuana, Lesoto, Namíbia e África do Sul. O acordo foi concluído na semana passada e seria, conforme o divulgado pelas autoridades européias, “uma ferramenta para o desenvolvimento, emprego e crescimento.”
Entretanto isto não pode ser verificado porque a Comissão Europeia não quer publicar o documento agora. A falta de transparência é uma das maiores críticas também no acordo de livre comércio proposto pelos Estados Unidos.
Ficam portanto várias dúvidas. Seria importante para quem que os africanos abrissem seus mercados e para quais produtos?
Especula-se que o acordo englobaria também o leite em pó? O produto seria subvencionado em nível de Dumping na Europa e prejudicaria os produtores locais.