Meios de comunicação social favoreceram principalmente o MPLA. O Sindicato dos Jornalistas Angolanos diz que cobertura prestou "um mau serviço" à população.
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O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) monitorizou a cobertura noticiosa dos principais orgãos de comunicação durante as eleições de 23 de agosto. Como resultado, o SJA atribui nota negativa a vários meios de comunicação social públicos e privados.
"A Televisão Pública de Angola (TPA), a TV Zimbo e a Rádio Nacional de Angola (RNA) sempre dedicaram muito mais espaço ao partido no poder", cita o secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido.
Outros meios de comunicação social privados que também favoreceram alguns candidatos em detrimento de outros na cobertura das eleições gerais, segundo a observação dos sindicato angolano.
"A Rádio Despertar esteve completamente colocada à UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola], concedeu muito mais tempo. Nenhum outro partido chegou na casa dos trinta minutos contabilizados nos seus principais serviços noticiosos. A LAC (Luanda Antena Comercial) nos seus principais serviços noticiosos esteve mais ou menos equilibrados, porém tinha programa de analise em que não convidava militantes de outros partidos, convidava comentaristas tencialmente favoráveis ao MPLA [Movimento para a Libertação de Angola]", relata o secretário-geral.
Atuação "lamentável"
O sindicalista afirma que a atuação da imprensa angolana, de forma geral, é "lamentavel". De acordo com Teixeira Cândido, muitos jornalistas esqueceram-se da ética e deontologia da profissão durante a cobertura das eleições.
"De modo geral, a imprensa não esteve bem. Os meios de comunicação prestaram um mau serviço à sociedade. Neste periodo eleitoral, em que se exigia maior rigor, não cumpriram e não fizeram cumprir", diz Cândido.
Entretanto, apesar da má atuação da maioria, alguns orgãos de comunicação públicos e privados destacaram-se positivamente. É o caso do Novo Jornal e o Jornal de Angola. Mas a Rádio Eclesia – afecta a Igreja Católica, foi o meio mais equilibrado, segundo o relatório do SJA. "É o melhor exemplo que temos. A Rádio Eclesia foi neutra, isenta, destanciou-se de qualquer partido político".
04.09.17 - Imprensa Angolana Eleições - MP3-Mono
MPLA dominou os noticiários
A preferência para o MPLA na imprensa angolana é confirmada também pelo primeiro relatório da recém-criada organização não governamental (ONG) Handeka. O documento indica que quase 85% do tempo dedicado pelas televisões e rádios do país, entre 23 de julho – data do arranque da campanha – e 27 do mesmo mês, foi ocupado pelo MPLA com 332 minutos, num total de 500 minutos.
A ONG observou a cobertura eleitoral com um grupo de voluntários que trabalhou no projeto denominado "Jiku". O seu relatório final será divulgado esta semana.
A Confêrencia Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) chegou a mesma conclusão sobre o trabalho da imprensa. Falando recentemente à imprensa, Dom Filomeno Vieira Dias, presidente da organização, não teve dúvidas em afirmar que os orgãos públicos favoreceram o candidato do MPLA, João Lourenço. "Houve por parte de alguns orgãos, sobretudo os orgãos estatais, houve o previlegiar de uma candidatura e vocês conhecem".
Aos jornalistas, a CEAST, na voz de Dom Filomeno Vieira Dias, lembrou: "O jornalista não é um ativista".
Angola: Resultados por províncias
Conheça os dados apresentados até agora pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), província por província, numa altura em que estão apurados quase 99% dos votos.
Total nacional: Vitória do MPLA
O MPLA vence as eleições gerais em Angola com 61,05% do total de votos e João Lourenço é eleito Presidente da República, segundo a CNE, numa altura em que estão apurados quase 99% dos votos. A UNITA obteve 26,72%, CASA-CE 9,49%, PRS 1,33%, FNLA 0,91% e APN 0,50%. Foram eleitos 150 deputados do MPLA, 51 da UNITA, 16 da CASA-CE, 2 do PRS e 1 da FNLA.
Bengo
MPLA 66,92%; UNITA 24,67%; CASA-CE 5,6o%; FNLA 1,24%; PRS 0,94%; APN 0,62%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Benguela
MPLA 61,51%; UNITA 27,60%; CASA-CE 8,95%; PRS 0,90%; FNLA 0,62%; APN 0,42%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: ato de massas da CASA-CE em Benguela)
Foto: DW/N. S. D´Angola
Bié
MPLA 57,44%; UNITA 38,26%; CASA-CE 1,79%; PRS 1,05%; FNLA 0,86%; APN 0,61%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois. (Foto: ato de campanha do PRS no Cuito)
Foto: DW/M. Luamba
Cabinda
É a província que apresenta os resultados mais equilibrados, com os dois principais partidos da oposição a terem mais votos juntos do que o partido que sem mantém no poder. MPLA 39,75%; CASA-CE 29,33%; UNITA 28,18%; PRS 1,05%; FNLA 0,90%; APN 0,78%. O MPLA e a CASA-CE elegem dois deputados cada e a UNITA apenas um.
Foto: DW/C. Luemba
Cuando Cubango
MPLA 73,20%; UNITA 21,53%; CASA-CE 2,87%; PRS 1,13%; FNLA 0,85%; APN 0,42%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Cuanza-Norte
Aqui a CASA-CE surge na frente da UNITA: MPLA 77,59%; CASA-CE 10,48%; UNITA 7,91%; FNLA 1,89%; PRS 1,56%; APN 0,57%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Cuanza-Sul
MPLA 76,46%; UNITA 14,70%; CASA-CE 5,97%; PRS 1,23%; FNLA 1,11%; APN 0,53%. O MPLA elege cinco deputados.
MPLA 58,19%; UNITA 35,90%; CASA-CE 3,42%; PRS 1,21%; FNLA 0,77%; APN 0,50%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois. (Foto: registo eleitoral no Huambo, em março)
Foto: DW/J.Adalberto
Huíla
MPLA 76,56%; UNITA 12,39%; CASA-CE 8,38%; PRS 1,24%; FNLA 0,95%; APN 0,47%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: João Lourenço durante a campanha no Lubango)
Foto: DW/A. Vieira
Luanda
Na província de Luanda, o partido no poder e o maior da oposição estão próximos. MPLA 48,17%; UNITA 35,44%; CASA-CE 14,64%; FNLA 0,76%; PRS 0,60%; APN 0,38%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois.
Foto: DW/A. Cascais
Lunda-Norte
Nesta província, a CASA-CE, o segundo maior partido da oposição, aparece em quarto lugar na votação. MPLA 66,66%; UNITA 22,93%; PRS 5,14%; CASA-CE 3,44%; FNLA 1,05%; APN 0,77%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
Foto: DW/A. Cascais
Lunda-Sul
Aqui o partido no poder vence com um diferença de menos de 5%. E a CASA-CE também aparece no quarto lugar, depois do PRS. MPLA 45,96%; UNITA 41,06%; PRS 9,62%; CASA-CE 2,11%; FNLA 0,79%; APN 0,47%. O MPLA elege três deputados e a UNITA dois. (Foto: centro de Saurimo)
Foto: DW/Sul D'Angola
Malanje
MPLA 76,53%; UNITA 10,78%; CASA-CE 8,88%; PRS 1,95%; FNLA 1,28%; APN 0,58%. O MPLA elege cinco deputados. (Foto: barragem hidroelétrica de Capanda)
Foto: DW/G. C. Silva
Moxico
Aqui, mais uma vez, o PRS aparece em terceiro lugar, seguido pela CASA-CE em quarto. MPLA 74,48%; UNITA 18,90%; PRS 2,78%; CASA-CE 2,73%; FNLA 0,73%; APN 0,39%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA apenas um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
Foto: DW/A. Cascais
Namibe
No Namibe, a CASA-CE surge em segundo lugar na votação, mas o partido no poder tem maioria absoluta dos votos. MPLA 76,48%; CASA-CE 15,61%; UNITA 5,56%; PRS 1,07%; FNLA 0,73%; APN 0,54%. O MPLA elege quatro deputados e a CASA-CE um. (Foto: pavilhão multiuso do Namibe)
Foto: DW/A. Vieira
Uíge
MPLA 71,36%; UNITA 18,55%; CASA-CE 6,19%; FNLA 1,62%; PRS 1,50%; APN 0,78%. O MPLA elege quatro deputados e a UNITA um. (Foto: assembleia de voto em Luanda)
Foto: B. Ndomba
Zaire
MPLA 51,31%; UNITA 26,67%; CASA-CE 18,12%; FNLA 1,73%; PRS 1,21%; APN 0,96%. O MPLA elege três deputados, a UNITA e a CASA-CE apenas um. (Foto: oleodutos da Sonnagol na província do Zaire)