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Desporto

Imunidade diplomática "salva" ex-tenista alemão Boris Becker

Eric Topona | rl
18 de junho de 2018

Papel de adido desportivo da República Centro Africana na União Europeia (EU) protege Boris Becker de processo judicial do Reino Unido. Embaixador da República Centro Africana na UE falou em exclusivo à DW.

ZEIT Konferenz Gesundheit in Hamburg | Boris Becker, ehemaliger Tennisspieler
Boris Becker usou de imunidade diplomática para poder "reconstruir a vida"Foto: Imago/C.E. Janßen

O ex-campeão alemão de ténis Boris Becker volta a estar nas bocas do mundo. Em causa está um processo movido pelas autoridades britânicas contra o tenista alemão. No ano passado, um tribunal do Reino Unido declarou Boris Becker insolvente por este ter falhado com o pagamento a uma dívida a um banco privado, sediado em Londres.

Boris Becker vem agora defender-se, tendo alegado, no final da semana passada, imunidade diplomática por ser adido para a cultura e para o desporto da República Centro-Africana na União Europeia.

Boris Becker com o Presidente da República Centro Africana, Faustin-Archange Touadéra, de quem é "amigo pessoal"Foto: picture-alliance/AP Photo/Irle Moser Rechtsanwalte PartG

Daniel Emery Dede, embaixador da República Centro-Africana (RCA) na União Europeia, em entrevista exclusiva à DW, confirma isso mesmo.

"Confirmo que Boris Becker tem um passaporte diplomático da República Centro-Africana. Também posso confirmar que ele paga todas as suas despesas, uma vez que não temos dinheiro para as pagar", informou Dede.

A defesa apresentada pelos advogados do ex-tenista alemão está prevista na Declaração de Viena sobre as Relações Diplomáticas. O papel de adido desportivo na RCA protege Boris Becker de processos judiciais. E faz com que qualquer processo legal interposto contra ele tenha de ser aprovado pelos Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países envolvidos. Neste caso, pelas autoridades diplomáticas de Londres e Bangui.

Becker defendeu-se dizendo que os processos contra ele eram "injustificáveis e injustos". No documento entregue por Boris Becker ao tribunal londrino, na passada quinta-feira (18.06), o alemão afirma que alega imunidade diplomática para poder "reconstruir a sua vida".

Imunidade diplomática "salva" ex-tenista alemão Boris Becker

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"Aleguei imunidade diplomática de forma a pôr fim a esta farsa, para que possa reconstruir a minha vida", afirmou o ex-atleta.

Regime pro-bono

Questionado sobre se Boris Becker recebe algum dinheiro do contribuinte deste país africano, o embaixador Daniel Emery Dede é claro.

"Isso faz parte das cláusulas. Ele nunca esteve na República Centro-Africana, mas conhece muito bem a situação. Somos um país que está a emergir de uma crise. Portanto, estamos numa situação humanitária difícil. Não pode receber nem um centavo do contribuinte da República Centro-Africana", garante.

O embaixador da RCA na União Europeia explica que o atleta, pela sua carreira, é alguém com bons contactos em todo o mundo. A missão dele passa por "apresentar-nos ao mundo dos empresários com o intuito de arranjar apoio financeiro para o país", esclareceu o embaixador.

Daniel Emery Dede, embaixador da RCA na União EuropeiaFoto: picture alliance/NurPhoto/J. Raa

Fonte do gabinete da presidência da RCA confirmou à DW que Boris Becker é um amigo pessoal do presidente Faustin-Archange Touadéra. Questionado sobre se o Governo da República Centro-Africana pode ajudar o ex-campeão de ténis a livrar-se dos problemas legais que enfrenta em Londres, Daniel Dede reconhece que ter passaporte diplomático é "um apoio importante" , pela imunidade que garante ao tenista.

Lenda do ténis com vida turbulenta

Agora com 50 anos, Boris Becker foi um dos grandes nomes do ténis. Ao longo da sua carreira, entre vários outros títulos,  foi seis vezes campeão do Grand Slam, as competições anuais mais importantes do ténis. Ao todo, estima-se que tenha ganho mais de 20 milhões de euros.

Mas os problemas parecem persegui-lo. Para além de ter sido declarado insolvente pelo tribunal britânico, Boris Becker foi condenado, em 2002, na Alemanha, a três anos de prisão suspensa e 500 mil euros de multa por ter impostos em atraso. 

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01:40

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