"Início do ano cívico": Mais protestos à vista em Angola
13 de julho de 2025
As ruas da capital angolana, Luanda, foram inundadas no sábado (12.07) em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis e do táxi. Segundo os promotores da manifestação, houve vários feridos.
"Há registro de, pelo menos, quatro feridos, com cenário preocupante e grave, que acabaram por ter assistência médica", explica Adilson Manuel, um dos organizadores.
Além dos feridos, também há registro de detenções, alguns já em liberdade, e um manifestante desaparecido.
Adilson Manuel disse à DW que o ativista Hernâni Rufino, que se encontra detido, será mesmo entregue ao Ministério Público para julgamento sumário.
"Encontra-se sob custódia da polícia sem razão aparente. Fomos informados que somente na segunda-feira vão nos dar informações sobre a situação carcerária do nosso companheiro. Encontra-se na esquadra do Nova Vida e será entregue ao Ministério Público para ser ouvido", conta.
"A fome mata"
O Largo do São Paulo foi o local da concentração no último sábado. Os protestos começaram com cânticos como "primeiro angolano, segundo angolano e angolano sempre".
Também havia cartazes com dizeres como o "MPLA bebeu todo o petróleo", "a fome mata" e "o teu patrão está a sofrer" - uma referência às recentes declarações do presidente João Lourenço, que afirmou que o povo angolano era "o seu patrão".
Os manifestantes pretendiam ir ao Largo da Maianga, a alguns metros da Assembleia Nacional, mas não foram permitidos. Os protestos foram travados pela Polícia Nacional no Primeiro de Maio, Largo da Independência.
Agostinho Kipanda era, no momento, um manifestante desesperado.
"Ajudem-nos. A situação do país não está boa. O país está com fome e o nosso Presidente não está a olhar para esta situação", lamentou.
Organizadores prometem não desistir
Depois de horas de impasse, a polícia reprimiu os protestos com gás lacrimogênio e balas de borracha.
Contudo, apesar da repressão policial, os promotores anunciaram para breve novos protestos. Para esta segunda e terça-feira, o apelo é para ficar em casa, como explica a ativista Laura Macedo.
"O próximo passo é virmos para a rua novamente. Segunda-feira (14.07), por favor, vamos fazer um esforço, ninguém sai de casa. Vamos mostrar o nosso descontentamento, enquanto organizamos a próxima marcha para o próximo sábado."
Os organizadores prometem não desistir até que o Governo recue na sua decisão. O preço do gasóleo em Angola aumentou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros).
"Este é o início do ano cívico", garante Laura Macedo.