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Fogo na Rádio Chuambo e Jornal Txopela teve mão criminosa?

Delfim Anacleto
21 de fevereiro de 2023

Um incêndio destruiu este domingo as instalações onde funcionam a Rádio Chuabo FM, o Jornal Txopela e o Zambézia 24 horas, em Quelimane, província da Zambézia. Várias organizações pedem celeridade nas investigações.

Foto: DW/J. Beck

Os gestores dos três órgãos de comunicação estimam em cerca de um milhão e quatrocentos mil meticais (mais de 20 mil euros) os prejuízos do incêndio, que atingiu o estúdio e a redação.

Em entrevista à DW, o administrador James Injiji diz suspeitar que o incêndio tenha sido causado por curto circuito, mas não descarta a possibilidade de fogo posto.

Várias organizações defensoras da liberdade de imprensa em Moçambique já reagiram ao incidente.

O MISA Moçambique espera que as autoridades na Zambézia investiguem com urgência as causas do incêndio. "Os citadinos de Quelimane ficam privados do acesso à informação isenta daquele que é, por muitos, considerado um dos maiores e inovadores projectos mediáticos da cidade de Quelimane e de toda a província da Zambézia", lamenta a organização em comunicado.

O Fórum Nacional das rádios Comunitárias (FORCOM) prometeu, em comunicado, que vai mobilizar recursos para apoiar os três órgãos de comunicação a voltarem funcionar. 

DW África: O que aconteceu no domingo?

James Injiji (JI): Na manhã de domingo (19.02), foi uma surpresa. Quando chegamos às instalações de uma forma normal, um dos colegas ia lá fechar o jornal e ao abrir, deparou-se com cinzas e fumaça dentro do edifício e, seguindo para averiguar o que terá acontecido, foi ao estúdio da Rádio Chuabo e encontrou todo o equipamento em cinzas. O que aconteceu, na verdade, ainda são especulações, mas a olho nu, pensamos que foi um curto circuito causado, de alguma forma, pelas oscilações que temos tido em Quelimane. Também avançamos a possibilidade de ter sido uma mão externa que possa ter colocado aí em ação  uma sabotagem para poder nos calar.

MISA Moçambique pede que autoridades investiguem com urgência causas do incêndioFoto: DW/R. da Silva

DW África: Avança como hipótese a questão, por exemplo, de curto circuito. No caso dessa hipótese se comprovar, a empresa equaciona a possibilidade de, por exemplo, pedir uma indemnização à Eletricidade de Moçambique (EDM)?

JI: Se realmente se comprovar que foi o curto circuito causado pela oscilação de energia, visto que naquela noite tínhamos desligado todos os aparelhos, nenhum aparelho estava a funcionar, iremos procurar meios de responsabilizar o nosso principal servidor e provedor de serviços de energia porque os danos são enormes.

DW África: Falou numa possibilidade de sabotagem por causa do vosso trabalho. Quem é que quererá calar a Chuabo FM e o Jornal Txopela?

JI: Há dois meses tivemos uma avaria estranha na nossa emissora e tivemos de investir também na reposição. E acabámos de entrar de novo no ar, com tudo novo comprado, algum equipamento até foi instalado na semana passada e está a acontecer isto. É estranho, é muito estranho e não é a primeira vez, já sofremos roubos. Essa pode ser a quarta vez que isso está a acontecer na nossa instituição. Então, sempre tem alguma mão estranha, temos tido esse tipo de acidente sem nada estar ligado. Por outro lado, o guarda diz que não ouviu nada ou não sentiu nada.

DW África: Volto a fazer a questão: Quem é que queria calar a Chuabo FM e o jornal Txopela? Há alguma pista nos últimos momentos que indique isso, há algum sinal?

JI: Neste momento em que o caso está entregue ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), com observação de outras entidades competentes, não podemos lançar farpas ou avançar com nomes, mas vamos aguardar e em momento oportuno, caso se comprove, iremos nos pronunciar. Mas sabemos que somos um alvo a abater por várias pessoas de dentro e de fora.

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03:23

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