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Liberdade de imprensaMoçambique

AI condena atentado ao Canal de Moçambique

Lusa
1 de setembro de 2020

É como a Amnistia Internacional (AI) classifica o incêndio no semanário Canal de Moçambique. A organização de defesa dos direitos humanos divulgou um comunicado exigindo uma investigação imediata ao caso.

Foto: Adriano Nuvunga/CDD

Em comunicado divulgado esta segunda-feira (31.08), a AI qualifica como um "ataque incendiário" e "acontecimento chocante" o incêndio que queimou a redação do Canal de Moçambique, no dia 23 de agosto.

"O ataque às instalações do Canal de Moçambique constitui um ponto de viragem na escalada dos atentados aos direitos humanos em Moçambique", afirmou Deprose Muchena, diretor da AI para a África Oriental e Austral, citado na nota.

A organização avança que o acontecimento constitui a manifestação mais extrema de sempre da crescente ameaça aos jornalistas em Moçambique e pede uma investigação.

"As autoridades devem acionar uma investigação imediata, completa, imparcial, independente e transparente a este ataque e levar os responsáveis da sua autoria à justiça", lê-se no comunicado.

Foto: Adriano Nuvunga/CDD

Atos contra os jornalistas

A AI refere que "jornalistas, investigadores, académicos e outros que expressam opiniões críticas sobre o Governo moçambicano têm sido sujeitos a perseguição, intimidação, rapto e tortura nos últimos anos".

A AI observa que desde 7 de abril está desaparecido o jornalista Ibraimo Mbaruco, da rádio comunitária do distrito de Palma, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, região palco de violência armada.

Em 5 de janeiro de 2019, Amade Abubacar e Germano Adriano, dois jornalistas de uma rádio comunitária do distrito de Macomia, em Cabo Delgado, foram raptados pela polícia, devido às suas reportagens sobre o conflito armado na província de Cabo Delgado.

Mais raptos

Em 27 de março de 2018, Ericino de Salema, advogado e jornalista, foi raptado por homens armados desconhecidos, que o espancaram gravemente e lhe partiram os braços e as pernas por criticar o Governo na televisão.

Foto: picture-alliance/dpa/W. Kumm

Em 23 de maio de 2016, Jaime Macuane, docente de Ciência Política e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), foi raptado e levado para uma área isolada nos arredores de Maputo, onde foi espancado gravemente, por críticas ao executivo.

Em 02 de março de 2015, Gilles Cistac, advogado especializado em Direito Constitucional e professor na UEM, foi abatido a tiro em plena luz do dia em Maputo, após manifestar publicamente os seus pontos de vista sobre a Constituição da República de Moçambique (CRM).

No dia 23 de agosto, a redação do Canal de Moçambique ficou completamente destruída num incêndio que a direção do jornal atribui a fogo posto e que já mereceu uma forte onda de repúdio nacional e internacional.

Segundo a direção do jornal, desconhecidos atearam fogo à redação, tendo sido encontrados bidões no interior das instalações, um dos quais ainda com um pouco de combustível. Os autores do incêndio terão introduzido os bidões de combustível no interior das instalações do jornal, depois de arrombarem a porta frontal do espaço.

Pandemia tornou-se justificação para atacar jornalistas

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