Incêndio: Países lusófonos solidarizam-se com Portugal
Lusa | ac | gcs
19 de junho de 2017
Portugal está de luto. Pelo menos 62 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas num incêndio de grandes proporções no centro do país. Líderes de todo o mundo enviaram condolências, incluindo dos PALOP.
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O incêndio que deflagrou ao início da tarde de sábado (17.06) é "uma tragédia quase sem precedente na história do Portugal democrático", afirmou o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, num comunicado à nação.
"A nossa dor neste momento não tem medida, como não tem medida a nossa solidariedade, a solidariedade de todos nós para com os familiares das vítimas", acrescentou.
Pelo menos 62 pessoas morreram e 62 ficaram feridas no incêndio na região centro de Portugal. Algumas das vítimas mortais foram apanhadas pelas chamas enquanto circulavam pelas estradas, enquanto outras foram atingidas pela nuvem de fumo. As autoridades temem que o número possa aumentar. Mais de 900 operacionais continuam a combater o fogo, auxiliados por meios de Espanha e França.
Segundo as autoridades portuguesas, trovoadas secas, acompanhadas de raios, terão deflagrado o incêndio na floresta no município de Pedrógão Grande. Portugal tem sido afetado por uma onda de calor, em que as temperaturas chegaram a ultrapassar os 40 graus centígrados.
Mensagens de solidariedade
O país tem recebido mensagens de solidariedade de vários cantos do mundo.
O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, informou através da sua página pessoal na rede social Facebook que telefonou ao homólogo português para lhe transmitir "solidariedade nestes momentos trágicos".
Os partidos da oposição de Cabo Verde também enviaram mensagens de condolências. A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, manifestou "solidariedade ao povo português e em especial às famílias afetadas neste momento de dor e de consternação". Hopffer Almada mostrou-se também preocupada com os cabo-verdianos que residem na zona afetada pelo incêndio "e que estão a passar por este momento de profunda aflição".
Portugal de luto devido a incêndio
O chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, também expressou a sua solidariedade numa carta enviada ao homólogo Marcelo Rebelo de Sousa: "Nesta triste ocasião, endereço-lhe, em nome do povo guineense e em meu nome pessoal, os sentimentos do nosso profundo pesar e a expressão da nossa solidariedade", escreveu. "Neste momento difícil, o nosso pensamento está com todas as vítimas desta tragédia, muito em particular, com as famílias que perderam os seus entes queridos, a quem, por via da presente, endereçamos as nossas mais sentidas condolências."
Mensagens da Alemanha, França e Espanha
As mensagens de solidariedade chegaram ainda de Espanha, da França e da Alemanha, entre outros países europeus.
O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse-se profundamente transtornado com "as imagens dramáticas do destruidor fogo florestal em Portugal" e colocou apoio da Alemanha à disposição dos portugueses.
O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, também ofereceu ajuda a Portugal, acrescentando numa nota no Twitter: "Solidariedade para com Portugal, atingido por um terrível incêndio. Os nossos pensamentos vão para as vítimas."
O rei de Espanha, Felipe VI, também enviou ao Presidente português uma mensagem de "profundo sentimento de pesar" pelas vítimas do incêndio.
O Governo de Portugal decretou três dias de luto nacional por causa da tragédia.
Vulcão mergulha Cabo Verde na inquietude
A erupção do vulcão Pico do Fogo começou no domingo, 23 de novembro de 2014. A última, em abril de 1995, durou quase dois meses. As autoridades já falam de danos materiais avultados.
Foto: DW/D. Borges
Deslumbrante e assustador
A erupção do vulcão na ilha do Fogo de novembro de 2014 tem sido acompanhada por fortes explosões e torrentes de lava e cinzas. Se o espetáculo é fascinante, a verdade é que a erupção ameaça a subsistência de muitos habitantes das localidades atingidas.
Foto: DW/D. Borges
Abertura de caminhos
As lavas cortaram todas as vias de acesso a Chã das Caldeiras. As autoridades locais mobilizaram tratores para desobstruir as estradas, a fim da garantir a mobilidade dos moradores. Segundo disse à DW África o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires: "Há que providenciar alojamento, alimentação, cuidados de saúde e escola para as crianças".
Foto: DW/D. Borges
A população está assustada
Quando começaram as explosões, os habitantes de Chã das Caldeiras transportaram para as zonas mais altas os seus eletrodomésticos e outros pertences. Com medo do furto e das lavas, refugiaram-se em lugares que lhes pareciam mais seguros, e optaram por dormir ao relento, apesar do frio.
Foto: DW/D. Borges
Um vái-vem de carrinhas
Cerca de mil pessoas tiveram que ser evacuadas. Nem todas conseguiram levar os seus pertences consigo. Mas muitas regressam às localidades ameaçadas, para retirar os seus bens. Carrinhas de caixa aberta e camiões transportam todo o recheio interior das casas, e muitas vezes partes das casas, como portas e janelas. Quem pode, leva também o seu gado.
Foto: DW/D. Borges
Preocupação com a segurança
Houve registo de assaltos a casas abandonadas. As autoridades reagiram, reforçando a polícia local e enviando cerca de trinta militares para a zona da erupção, com o fim de proteger os haveres dos habitantes. Segundo o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires, alguns habitantes, conhecedores profundos da região, permanecem no local para apoiar as forças de segurança.
Foto: DW/D. Borges
A lava já destruiu edifícios
A sede do Parque Natural da ilha do Fogo, erigida com assistência financeira da Alemanha, foi parcialmente destruida. Segundo os responsáveis, foi, no entanto, possível, salvar o seu recheio, nomeadamente computadores e mobiliário. A periferia do parque foi igualmente afetada, mas as plantas endémicas para já não correm perigo.
Foto: DW/D. Borges
Temperaturas elevadas
Para além da erupção provocar temperaturas elevadas, nocivas ao ser humano, a emissão de gases, dióxido de enxofre, fumaças e uma forte “chuva” de areia fina atingiram altitudes elevadíssimas, tendo chegado às ilhas de São Vicente e São Nicolau. A erupção afetou também a aviação civil.
Foto: DW/D. Borges
Catástrofe
A actividade sísmica no Fogo está a provocar fissuras em diversos pontos da ilha, o que preocupa especialistas e população. Acresce que, na noite de quinta-feira, 27 de novembro, se registou uma intensificação da atividade vulcânica. O Governo de Cabo Verde anunciou, entretanto, contar com a assistência da diáspora cabo-verdiana e da comunidade internacional para fazer face a esta "catátrofe".
Foto: DW/D. Borges
Impacto económico negativo
Depois da seca, agora é a lava que ameaça as colheitas. Ainda não há um balanço dos danos causados pelo vulcão, mas o presidente da Câmara, Luís Pires, avançou à DW África, que só nos primeiros dias, os estragos foram equivalentes aos dois meses que durou a erupção anterior. Foram já destruídas 15 residências na localidade de Portela e 14 cisternas de água.