Incêndios: Angola ultrapassa o Brasil nos últimos dias
Lusa | tms
24 de agosto de 2019
Angola lidera uma lista de países com o maior número de incêndios florestais. O país registou 6.902 fogos nos últimos dois dias, comparado com os 2.127 no Brasil, principalmente na Amazónia, aponta satélite da NASA.
Publicidade
O Brasil é o terceiro país com o maior número de fogos, numa lista liderada por Angola, que registou 6.902 fogos nos últimos dois dias (22 e 23 de agosto), comparado com os 2.127 registados no Brasil, principalmente na Amazónia.
De acordo com a agência de notícias Bloomberg, que cita dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) lançado pela NASA - agência espacial norte-americana - em 1999, Angola registou 6.902 fogos nas últimas 48 horas, mais do dobro dos 3.395 na República Democrática do Congo e mais do triplo dos 2.127 fogos registados no Brasil.
"Os fogos que grassam na Amazónia podem ter colocado pressão sobre as políticas ambientais do Presidente Jair Bolsonaro, mas o Brasil é, na verdade, o terceiro país no mundo em termos de incêndios nas últimas 48 horas", escreve a Bloomberg.
Citando mais dados da NASA, a agência de notícias salienta que este número não é um fenómeno invulgar na África central, a agência de notícias escreve que só numa semana de junho foram registados 67 mil incêndios quando os agricultores fizeram queimadas para ganhar terra para as colheitas.
A Zâmbia é o quarto país com mais fogos nos últimos dois dias, seguindo pela Austrália, enquanto a Bolívia, vizinho do Brasil na Amazónia, é o sexto, aponta o MODIS.
Fogos na Amazónia
Os fogos na Amazónia têm dominado a agenda mediática dos últimos dias, na medida em que é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou para que os incêndios na Amazónia sejam discutidos na cimeira do G7, que começa hoje, em Biarritz, sudoeste de França, por se tratar de uma "crise internacional".
Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se mostrou "profundamente preocupado" com os incêndios numa das "mais importantes fontes de oxigénio e biodiversidade", referindo que a Amazónia "deve ser protegida".
Lista Vermelha: Atividade humana ameaça milhares de espécies de extinção
A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) apresenta 25 mil espécies sob risco de extinção. A pesca, o tráfico de animais e as mudanças climáticas são algumas das causas deste problema.
Foto: Imago/imagebroker
Alimentado por turistas
A população de keas, eleito pássaro do ano de 2017 na Nova Zelândia, está diminuindo rapidamente. O motivo? Os turistas que alimentam estes papagaios com comidas nada saudáveis. Como resultado, os pássaros acostumam-se a experimentar alimentos novos e acabam comendo iscas venenosas para controlar pragas, como ratos ou gambás, que destroem até 60% dos ninhos de pássaros a cada ano naquela região.
Foto: Imago/imagebroker
Sem enguias, sem kittiwake
A alimentação dos kittiwakes de pernas pretas depende de determinadas presas, como as enguias. À falta de comida, as colónias de reprodução deste pássaro no Atlântico Norte e no Pacífico estão lutando para alimentar seus filhotes. Globalmente, pensa-se que a espécie diminuiu cerca de 40% desde a década de 1970. A principal causa é a sobrepesca e as alterações no oceano devido à mudança climática.
O bunting de peito amarelo – que já foi abundante na Ásia – é a prova de que a sobrevivência pode ser uma luta. Em 2004, o pássaro estava listado como "menos preocupante" na Lista Vermelha. Este ano, o seu status de risco aparece como "criticamente em perigo". A população desta espécie está diminuindo rapidamente devido à captura em redes, principalmente na China, ao longo de sua rota migratória.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Vaquita: extinção em tempo real
O golfinho vaquita é um dos muitos mamíferos marinhos ameaçados pela pesca – está sob risco de extinção devido a captura acidental em redes de pesca para o totoaba, um peixe traficado por causa da sua bexiga de ar. O status da vaquita "deve ser um alerta para que as ameaças aos cetáceos continuem, exigindo nossa vigilância contínua", disse Thomas Lacher, do Comité da Lista Vermelha da IUCN.
Foto: picture-alliance/dpa/WWF/Tom Jefferson
Perto das margens, os golfinhos sofrem
O golfinho do Irrawaddy foi reclassificado de vulnerável para "ameaçado de extinção" – sua população diminuiu pela metade nos últimos 60 anos. Este golfinho também é alvo das redes de pesca, de acordo com o especialista em cetáceos Randall Reeves da UICN. "Sem soluções práticas para este problema, as redução de golfinhos e botos devem continuar no futuro previsível".
Foto: picture-alliance/dpa/WWF/Roland Seitre
Agricultura insustentável
A desflorestação e os herbicidas, entre outros, representam uma ameaça para espécies de safras selvagens, ressalta a atualização da Lista Vermelha. Vários parentes de culturas básicas, incluindo arroz, trigo e inhame, foram incluídos na lista pela primeira vez este ano. "Ignoramos o destino dessas espécies sob nosso próprio risco", disse Nigel Maxted, especialista em agricultura da UICN.
Foto: Imago/blickwinkel
Menos coruja-das-neves
A coruja-das-neves atingiu o status "vulnerável", com estimativas populacionais recentes muito menores do que se pensava anteriormente. As mudanças climáticas atingiram em cheio o icónico pássaro do Ártico, aumentando o derretimento da neve e reduzindo a disponibilidade de presas. Um quarto das espécies de aves reavaliadas na Lista Vermelha, incluindo a coruja-das-neves, estão mais ameaçadas.
Foto: Imago/CTK Photo
Espécies africanas
Cinco espécies de antílopes africanos – das quais quatro foram listadas anteriormente como "menos preocupantes" – estão diminuindo drasticamente devido à caça furtiva. Outros problemas são a degradação do seu habitat natural e a criação de gado doméstico.
Foto: UltimateUngulate/Brent Huffman
O maior antílope do mundo
O maior antílope do mundo, o elande gigante – anteriormente avaliado como "menos preocupante" – agora está classificado como "vulnerável". Sua população global estimada é entre 12 mil e 14 mil no máximo, sendo que menos de 10 mil são animais maduros. Esta espécie está em declínio devido à caça furtiva, invasão em áreas protegidas e expansão da agricultura e pecuária.
Foto: UltimateUngulate/Brent Huffman
Macado-da-noite
O macaco-da-noite também entrou para as espécies "vulneráveis". A principal ameaça para este primata da floresta amazônica é o comércio ilegal de animais do Peru para o Brasil, onde são usados para pesquisa contra a malária. A conversão do habitat para a agricultura (arroz, óleo de palma e cultivo de soja, bem como pastagens) também está a afetar essa espécie.
Foto: Ben Lybarger
Boa notícia para a raposa-voadora
Algumas espécies dão esperança para o futuro. É o caso da raposa-voadora, que passou da categoria "criticamente em perigo de extinção" para "perigo de extinção" – graças à melhoria da proteção do habitat, projetos de reflorestação, melhor proteção legal e combate à caça. A menor incidência de ciclones, possivelmente o resultado das mudanças climáticas, também ajudou a população a aumentar.