Independência do sul do Sudão estimula luta em Cabinda
27 de janeiro de 2011Em Lisboa, representantes da nova FLEC – Frente de Libertação do Enclave de Cabinda – conversaram com a Deutsche Welle e defenderam o cumprimento do Tratado de Simulambuco, bem como apelaram ao recurso do referendo para a autodeterminação e independência do território. Os dirigentes levam em consideração exemplos como Timor-Leste e o sul do Sudão. Acreditam ser este o único caminho para uma solução definitiva ao conflito que se arrasta no enclave.
O referendo para a autodeterminação do sul do Sudão, realizado no último dia nove de janeiro, despertou a consicência dos cabindas, que lutam há anos pela independência do terriório. Agora, os novos dirigentes da Comissão Política da FLEC apelam ao governo angolano e à comunidade internacional para que estes respeitem o direito à autodeterminação e independência por meio do referendo.
O direito de optar
O representante da FLEC, em Portugal, Stéphane Barros, acredita que cabe ao povo escolher sobre o futuro da região. Ele disse ser possível comparar a situação de Cabinda com a do sul do Sudão, porque este último também vem lutando pela independência há 55 anos: "A população de Cabinda vem lutando pela emancipação política desde 1963, a data de fundação da FLEC". "Esta é uma oportunidade que pode contribuir decisivamente para uma evolução positiva da situação no território", complementa Barros.
Em fevereiro de 2011, a nova direção do Conselho Nacional do Povo de Cabinda marcará, em Bruxelas, os 126 anos da assinatura do Tratado de Simulambuco, que envolveu o governo português. O tratado foi uma resposta à Conferência de Berlim, que dividiu o continente africano entre as potências europeias.
Barros, lembra que os tratados são para serem cumpridos mesmo que “as tentativas unilaterais do governo angolano tenham fracassado, até agora, não somente no sentido de pacificar militarmente, mas também, sobretudo no sentido de encontrar uma solução política e democrática, aceite pelo povo de Cabinda.”
Entretanto, Carlos Reis, que foi pessoa próxima do ex-dirigente da FLEC Bento Bembé, considera que a estratégia da comunidade internacional para solucionar o problema de Cabinda deve ser o diálogo, “do contrário as coisas podem piorar” e “ainda bem que, no fundo, no fundo, a população de Cabinda é pacífica. Os cabindas não são terroristas”.
Autor: João Carlos / Bettina Riffel
Revisão: António Rocha