Infeções por HIV/SIDA diminuem em Moçambique
16 de julho de 2015 A ministra moçambicana da Saúde, Nazira Abdula, revelou esta quarta-feira (15.07) que os níveis de prevalência do HIV/SIDA estão a diminuir no país. Citando os inquéritos de vigilância epidemiológica, Nazira Abdula afirma que “os dados estatísticos dão uma expetativa positiva”. “Podemos dizer que os níveis de infeções por HIV/SIDA diários diminuíram, passando de 500 para 320”, especifica.
De acordo com a ministra da Saúde, esta redução foi possível graças a uma ação coordenada entre vários setores. Moçambique tem um nível de prevalência de HIV/SIDA de 11%. Estima-se que um milhão e seiscentas mil pessoas vivem atualmente com o vírus.
Segundo Nazira Abdula, apesar do registo de uma redução no número de infeções, a situação continua a ser preocupante. “Estes dados não nos deixam satisfeitos”, afirma, acrescentando que Moçambique continua a figurar “entre os 10 países com altos níveis de prevalência”.
Dados do setor da saúde indicam que mais de setecentas e sessenta e cinco mil pessoas infetadas com o vírus da SIDA beneficiam já de tratamento antirretroviral. Mais de sessenta e quatro mil são crianças.
Aposta na prevenção e tratamento
A ministra da Saúde sublinha que um dos desafios do Governo reside na prevenção da doença, afirmando que as autoridades estão “a rever as mensagens que estão a ser passadas para tentar chegar aos grupos-alvo”. “Queremos atingir a camada jovem, que mais se arrisca, e que revela os níveis altos”.
Os parceiros de cooperação, agrupados no chamado Fundo Global, disponibilizaram a Moçambique no passado mês de junho 374 milhões de dólares, com vista a garantir a expansão dos serviços de prevenção do HIV/SIDA e a ampliação do tratamento antirretroviral, no quadro de um pacote que inclui ações de combate à tuberculose e à malária.
Os Estados Unidos anunciaram igualmente esta semana que poderão aprovar em breve a renovação por três anos de um projeto de apoio ao combate ao HIV/SIDA, tratamento antirretroviral e supervisão clínica, nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Niassa.
Daniel Lee, do projeto norte-americano “Chaz“, fala em “resultados consideráveis” obtidos nos últimos cinco anos na implementação do projeto de combate ao HIV/SIDA e admite a sua renovação.
Mocambique pretende alargar a disponibilidade de antirretrovirais às pessoas vivendo com o vírus da SIDA, de 40% em 2014 para uma meta de 53% em 2016. Mais de oitenta mil pessoas infetadas com a doença em Moçambique morreram até 2013 e oitocentas e dez mil crianças ficaram órfãs.
29 mil milhões anuais para erradicar a SIDA
De acordo com as Nações Unidas, as novas infeções pelo HIV/SIDA desceram mais de um terço desde 2000, mas serão precisos 29 mil milhões de euros por ano até 2020 para conseguir acabar com o vírus até 2030.
A luta feroz da comunidade internacional contra a SIDA - graças a milhares de milhões de euros investidos, dos quais metade pelos Estados Unidos - foi um êxito, de acordo com o relatório da ONUSIDA, apresentado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a 14 de julho, na conferência internacional sobre o financiamento do desenvolvimento, em Addis Abeba (Etiópia).
Entre 2000 e o ano passado, as novas infeções diminuíram 35,5% para dois milhões de casos. As novas infeções em crianças registaram uma descida de 58% no mesmo período. As mortes relacionadas com a SIDA desceram 41%, para 1,2 milhões, desde o pico de 2004. "O mundo atingiu o sexto Objetivo do Milénio para o Desenvolvimento (OMD). A epidemia foi erradicada e invertida", segundo Ban Ki-moon.
Em 2014, 83 países travaram a progressão da epidemia, incluindo algumas das nações mais afetadas como a Índia, Quénia, Moçambique, África do Sul e Zimbabué. O relatório indica também que os esforços realizados atingiram o alvo, fixado em 2011, de colocar 15 milhões de pessoas a receber tratamentos antirretrovirais neste ano, contra apenas um milhão em 2001.
"Acabar com a epidemia da SIDA (...) até 2030 é ambicioso, mas realista", considera o secretário-geral da ONU. Para isso, diz Ban Ki-moon, "são necessários esforços urgentes, de maior escala, nos próximos cinco anos". A ONU pede o investimento de cerca de 29 mil milhões de euros todos os anos até 2020. Este ano, foram investidos 19,7 mil milhões.