Dois anos depois do Dineo, as autoridades de Inhambane inauguraram novas salas de aula, mas os alunos continuam a assistir as aulas na rua, debaixo de árvores. Cerca de 696 salas estão ainda em reabilitação.
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Os parceiros de cooperação internacional de Moçambique entregaram nesta segunda-feira (21.05) às autoridades da província moçambicana de Inhambane algumas salas de aulas reabilitadas após a passagem há dois anos do ciclone Dineo, embora insuficientes para atender a demanda, porque o Governo provincial está sem dinheiro. A província de Inhambane, no sul de Moçambique, ainda tem centenas de salas de aulas por reabilitar, enquanto os alunos continuam a assistir as aulas em baixo de árvores e dentro de tendas.
Clotilde Ernesto, aluna da escola primária de Zualo, em Homoine, situada na província de Inhambane, afirma que depois da passagem do ciclone Dineo, começou a assistir as aulas sentada em baixo de uma árvore ou em tendas, mas com a entrega, nesta segunda-feira, num ato simbólico, das novas nove (9) salas num total de cinquenta (50) a situação melhorou.
"Sofremos as consequências do ciclone Dineo em 2017 que destruiu todas as 9 salas de aulas e o bloco administrativo, situação que nos obrigou a estudar em baixo das árvores e tendas durante dois anos", declarou.
Desde o dia 15 de fevereiro de 2017 milhares de alunos viram as suas salas destruídas pelo ciclone Dineo na província de Inhambane, facto que levou o Governo da Irlanda e a UNICEF a ajudarem na construção de 50 salas de aulas nos vários distritos da região.
Obras ainda por fazer
Passaram, portanto, dois anos que o ciclone Dineo atingiu a região de Inhambane. O ato da entrega das salas de aulas que teve lugar agora em Homoine, deveriam ter acontecido em janeiro do corrente ano, mas devido a dificuldades financeiras e a subida dos preços do material no mercado as obras demoraram 5 meses.
Abdul Nasser, empreiteiro das obras diz que a demora foi principalmente devido a definição e escolha do material. Esses meses serviram para que se chegasse a um consenso entre as partes envolvidas no processo de construção.
"Tivemos alguns constrangimentos por causa da definição do material e como tudo não estava claro só mais tarde é que acabamos por chegar a um consenso".
Por seu lado, Camille Baudot, chefe do departamento da educação na UNICEF ao nível central, disse que nos próximos tempos milhares de crianças poderão estudar em salas de aulas melhoradas e resistentes a tempestades. "Graças à essa intervenção 5 mil crianças poderão voltar à escola em salas de aulas resilientes".
Inhambane: Dois anos depois do Dineo, entregues novas salas de aula
Parceiros estão a reabilitar 696 salas de aulas
Pronch Muray, da embaixada da Irlanda, disse que os valores que reabilitaram as salas de aulas em Inhambane visam responder a situação de emergência e condicionar os serviços básicos a população local. "Para reabilitação de emergência e serviços básicos da educação para a população".
Entretanto, Palmira Pinto, diretora provincial da educação e desenvolvimento humano em Inhambane revela que cerca de 696 salas estão ainda para serem reabilitadas, apesar do ciclone ter fustigado a província há dois anos, mas o problema é que o setor da educação e outros serviços governamentais estão sem dinheiro. "Das 2222 salas de aulas destruídas, foram até ao presente momento reabilitadas 1737”.
Inhambane: Um ano depois do ciclone Dineo
A 15 de fevereiro de 2017, a província moçambicana de Inhambane foi fustigada pela tempestade, que destruiu hospitais, escolas e estradas. A solidariedade veio de todos os cantos do mundo, mas danos ainda são visíveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Travessia condicionada
Há precisamente um ano, o ciclone destruiu o tabuleiro da ponte-cais de Maxixe, onde atracavam embarcações que transportam pessoas desta cidade para Inhambane. A ponte ainda aguarda pela reabilitação, que vai custar mais de 35 milhões de meticais (cerca de 460 mil euros). No terreno já se encontra a empresa adjudicada para a reconstrução da ponte, cujo prazo é de 60 dias.
Foto: DW/L. da Conceicao
Solidariedade
Vários centros de saúdes e hospitais foram destruídos e muitos cidadãos ficaram sem atendimento hospitalar. Os parceiros de cooperação ajudaram na reconstrução de algumas infraestruturas, como o Centro de Saúde de Maxixe, que ficou completamente destruído e foi reabilitado sete meses depois do ciclone. Mas ainda há vários centros de saúde que necessitam de obras.
Foto: DW/L. da Conceicao
Tetos novos
Alguns edifícios onde funcionam serviços do Estado ficaram sem telhado por causa do ciclone, como foi o caso da Direção Distrital dos Serviços de Educação e Desenvolvimento Humano na cidade de Maxixe. Mas agora já tem tetos novos e outra imagem.
Foto: DW/L. da Conceicao
De portas fechadas
A loja da operadora móvel Mcel na cidade de Maxixe continua de portas fechadas e não há sinais de uma possível reabilitação. Os funcionários da empresa continuam a trabalhar, mas debaixo de uma árvore. Uma situação que já dura há quase um ano.
Foto: DW/L. da Conceicao
Reabilitação a meio gás
Vários edifícios que ficaram danificados com a passagem do ciclone Dineo pela província só foram reabilitados parcialmente. Como a Escola Secundária 29 de Setembro, em Maxixe. Apenas uma parte do edifício foi reabilitada, incluindo o telhado. Os responsáveis da instituição dizem que não têm dinheiro suficiente para reparar todos os danos causados pela tempestade.
Foto: DW/L. da Conceicao
Bombeiros e polícia
O posto policial, que também alberga os serviços dos bombeiros da cidade de Maxixe, ficou sem telhado e com as paredes danificadas. Mas já foi recuperado e está agora de cara lavada.
Foto: DW/L. da Conceicao
Pavilhão desportivo
A Universidade Pedagógica (UP) de Maxixe precisa de dinheiro para reabilitar o pavilhão desportivo. O local acolhia vários eventos na cidade: casamentos, encontros religiosos e cerimónias governamentais. Mas há já um ano que não se realiza nenhuma atividade no complexo. A direção da UP diz que ainda está à procura de parceiros para conseguir reabilitar o pavilhão.
Foto: DW/L. da Conceicao
Casas por reabilitar
Muitas famílias de Inhambane viram os telhados das suas casas voar com o ciclone. Um ano depois, nem todas conseguiram reabilitar as suas casas e vivem agora em residências sem grandes condições. O mesmo cenário verifica-se nas casas dos diretores das escolas que continuam sem teto. Dizem que há falta de dinheiro devido à crise financeira que assola o país.
Foto: DW/L. da Conceicao
Obras atrasadas
As autoridades locais das zonas que mais sofreram com o ciclone Dineo dizem que as obras para melhorar as vias de acesso estão completamente atrasadas porque o dinheiro adjudicado foi canalizado para as necessidades mais pontuais. Mas prometem continuar os trabalhos quando tiverem mais verbas disponíveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Mercados destruídos
Também muitos estabelecimentos comerciais ficaram destruídos, mas as autoridades governamentais estão a dar prioridade à reabilitação de hospitais e escolas. Ainda assim, o comércio não parou e muitos vendedores foram para as ruas continuar os seus negócios. "É a única alternativa que temos para sustentar as nossas famílias, enquanto aguardamos a reabilitação dos mercados", dizem.
Foto: DW/L. da Conceicao
Casas pré-fabricadas
Várias famílias que perderam as suas residências e escolas que ficaram sem salas de aula receberam casas pré-fabricadas oferecidas pelo Governo da Turquia. Essas infraestruturas trouxeram uma nova realidade a algumas zonas.