Partidos da oposição denunciam destruição do seu material de propaganda eleitoral por parte da FRELIMO e intolerância por parte da polícia local. Partido no poder não responde e corporação refuta acusação.
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O movimento Nova Democracia (ND) e o Partido de Renovação Social, por exemplo, anunciaram que não têm levado a cabo as suas atividades no âmbito da campanha eleitoral na província de Inhambane, porque constantemente os seus membros têm sido alvos de intimidações nas ruas por parte de desconhecidos.
Também, Ernesto Pedro, mandatário do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato a deputado na Assembleia da República, disse à DW África que o partido denunciou recentemente a vandalização e remoção do seu material de propaganda, mas que a policia nada fez após ter recebido uma queixa nesse sentido.
"Levamos o assunto à esquadra, mas a polícia não deu importância à queixa. Quando o nosso opositor não consegue atingir os seus objetivos, prefere amedrontar e ameaçar os nossos membros," revela.
Inhambane- destruição de material de propaganda da oposição - MP3-Stereo
"Estamos conscientes da nossa missão e maduros, estamos a avançar. Nada nos impede de caminharmos, nem com a vandalização do nosso material ou retirada das nossas bandeiras. Cada dia que passa, ficamos mais fortes," acrescenta Ernesto Pedro.
RENAMO também denuncia
Domingos Gundana, deputado da RENAMO em campanha nas zonas centro e norte da província, queixa-se por seu lado da destruição do material de propaganda e perseguição dos membros desta formação politica. O candidato diz ainda que este mau clima na campanha poderá ter os seus reflexos após a realização das eleições gerais de 15 de outubro.
"Vão à noite retirar ou remover os cartazes e outros materiais de propaganda. Pode-se colar ao longo do dia, mas no dia seguinte você já não tem mais cartazes colados naqueles sítios e os que substituem são cartazes do partido no poder, [a Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO]. A questão mais gritante e preocupante é a perseguição contra os nossos simpatizantes e membros," denuncia.
"São essas questões que colocam a campanha eleitoral na província de Inhambane de uma forma não positiva e nós não queríamos que o país regressasse para a violência", conclui Domingos Gundana.
FRELIMO silencia, polícia diz estar a trabalhar
A FRELIMO faz um balanço positivo, mas recusou comentar as informações que circulam sobre a destruição de material de propaganda dos partidos da oposição.
De acordo com Juma Aly Dauto, porta-voz do Comando Provincial de Inhambane, a corporação já deteve cinco pessoas envolvidas nesses atos de vandalismo e destruição de material de propaganda partidária. Aly Dauto acrescenta que a polícia recebe quase diariamente algumas queixas contra desconhecidos sobre a destruição de material de propaganda. Essas queixas e denúncias são feitas principalmente pelos partidos da oposição.
"Essas queixas são de danificação do material [de propaganda eleitoral]. Desses detidos, temos um detido no distrito de Massinga que tomamos conhecimento de que foi sentenciado e recebeu uma pena de 15 dias de prisão efetiva e 6 meses de multa de salário mínimo. Temos vindo também a receber algumas queixas relativas a danificação de material, mas contra desconhecidos," detalha.
Segundo o porta-voz, a corporação já enviou para o terreno vários elementos que estão a trabalhar visando neutralizar os infratores.
"Estamos a trabalhar no sentido de serem encontradas as pessoas que praticaram esses atos," garante.
Enquanto isso, os candidatos ao Governo Provincial de Inhambane continuam as suas atividades de campanha com promessas de melhorar as estradas, construir mais escolas e combater a corrupção. Mas muitos cidadãos e analistas lembram aos políticos que não basta fazer promessas.
Campanha eleitoral em Moçambique: Província a província
Campanha em Moçambique: Província a província
Foto: DW/B. Jequete
Niassa: Província lembrada em período de campanha
Em época de conquistar os eleitores a oposição lembra-se que esta província do norte é marginalizada. O potencial agrícola também é chamado nos discursos dos partidos políticos. Os eleitores dizem que basta de promessas não cumpridas e manifestam desejo de ver a província, considerada esquecida, desenvolvida.
Foto: DW/M. David
Cabo Delgado: Campanha em palco de ataques armados
Há mais de dois anos que esta província do norte é alvo de ataques armados organizados por homens até ao momento sem face. Caça ao voto em solo molhado de sangue e clima de terror não é com certeza a todo vapor. Mas os partidos, em áreas seguras, seguem com suas promessas. Na terra do futuro, pois alberga uma das maiores reservas de gás do mundo, os jovens exigem emprego.
Foto: DW/D. Anacleto
Nampula: Tragédia em comício da FRELIMO
Mais de 10 mortos e 85 feridos foi o saldo do evento de campanha da FRELIMO no estádio 25 de junho. Mesmo assim a FRELIMO e o seu candidato não interromperam a caça ao voto, num gesto de luto. Mas reagiu imediatamente, prometendo entre outras coisas o acompanhamento aos familiares das vítimas. Aguarda-se pelo apuramento das responsabilidades. Desconfia-se que aspetos de segurança tenham falhado.
Foto: DW/S. Lutxeque
Zambézia: Ato macabro mancha caça ao voto
Nesta província a mobilização do eleitorado é grande, por isso a festa também é em grande. E é com a mesma proporção que desponta a violência eleitoral. Até ao momento o incêndio criminoso da casa da mãe do candidato da RENAMO às provinciais, Manuel de Araújo, é a maior mancha do processo na província central. A RENAMO acusa a FRELIMO de autoria, mas o partido no poder nega.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Tete: Desenvolvimento é a tónica de campanha
Os dois principais partidos, FRELIMO e RENAMO, contam promover o desenvolvimento da província central usando os recursos que a região oferece. Já o MDM dá ênfase à saúde.
Foto: Sérgio Vinga
Manica: Proximidade com o eleitor
Tal como em todo o país, as regras de afixação de cartazes eleitorais não são respeitadas nesta província central. Mas esta não é a única forma de propaganda usada pelas formações políticas, como é habitual, os candidatos vão ao encontro do eleitor com os panfletos nas mãos.
Foto: DW/B. Chicotimba
Sofala: Ciclone Idai faz mudança climática ser prioridade
O Idai atingiu duramente a província central em meados de abril. Até hoje o país não se refez completamente das suas consequências. O evento está a ser aproveitado para conseguir votos. Os partidos estão a prometer a um eleitorado recém afetado medidas para minimizar os impactos das alterações climáticas.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Inhambane: As ameaças de ex-guerrilheiros da RENAMO
É em época de caça ao voto que os guerrilheiros da RENAMO acantonados na base de Matokose, nesta província do sul, fazem ameaças. Justificam que estão descontentes com a sua liderança. Garantem que têm muito armamento, que deveria ter sido entregue às autoridades até o 21 de agosto. É neste contexto que os partidos vão trabalhando junto do eleitorado.
Foto: DW/Luciano da Conceição
Gaza: Campanha sob o espectro da desconfiança de fraude
A caça ao voto nesta província do sul acontece mesmo sem que o caso da disparidade de números de eleitores apresentados pelo INE e STAE tenha sido resolvido. A suspeição em relação à Gaza é grande. Neste bastião da FRELIMO, onde a oposição costuma ser alvo de violência, as ações de campanha decorrem até agora com tranquilidade.
Foto: DW/C.A. Matsinhe
Maputo: Promessas ajustadas ao eleitor urbano
Redução do IVA e combate à corrupção são algumas das promessas da oposição nesta província do sul. As fraquezas do Governo da FRELIMO têm servido, até certo ponto, de armas para a RENAMO e MDM nesta campanha. Também promessas de mais emprego para uma região densamente povoada por jovens não faltam. Já a FRELIMO prefere continuar a apostar, entre outras coisas, na continuidade.