Instabilidade em Moçambique pode prejudicar investimentos estrangeiros
15 de abril de 2013 O forte crescimento económico registado em Moçambique nos últimos anos e a riqueza em recursos naturais aumentaram o interesse de investidores estrangeiros no país africano. Mas os recentes conflitos em Moçambique entre a RENAMO e o governo liderado pela FRELIMO levantam a hipótese de surgirem incertezas por parte dos investidores internacionais.
O risco existe e é preocupante, mas não deverá passar disso. Quem o diz é o analista sobre política africana da consultora Control Risks, Markus Weimer, para quem os conflitos dos últimos dias serão tidos em conta. Ainda assim, diz o especialista, "os investidores estão a ver que este conflito não está no interesse da RENAMO nem do governo".
Situação não deve piorar, diz especialista
Markus Weimer lembra que já se vêem "iniciativas dos dois para resolver estes assuntos e prevenir qualquer tipo de violência contra civs em Moçambique", pelo que "a dinâmica dos conflitos e negociações é tal" que não prevê "uma deterioração da situação".
No entanto, um dos aspectos que terá desencadeado a instabilidade vivida nos últimos dias ainda não foi solucionado. O analista sublinha "o facto de alguns partidos, a RENAMO principalmente, e outras pessoas" não verem "que estão a beneficiar do crescimento económico e da riqueza do pais". Para Weimer, esta "é uma questão de esperanças aumentadas que ainda não estao a ser satisfeitas" e "isso faz parte do problema", pelo que "o governo vai ter de acelerar a partilha das oportunidades económicas".
O especialista considera que a prioridade para resolver o conflito é a continuação do diálogo entre a RENAMO e o governo, incluindo "uma avaliação das razões pelas quais esta situação surgiu". Markus Weimer destaca um elemento: o MDM, explicando que "a RENAMO está a correr o risco de ultrapassada como o maior partido da oposição em Moçambique".
Problemas por resolver
O especialista da consultora Control Risks considera que nenhuma das partes está interessada em começar uma nova guerra. Markus Weimer diz ainda que os assuntos devem ser resolvidos de uma maneira pacífica e sem recurso à violência, não descartando a possibilidade de uma iniciativa internacional. Tudo depende do desenrolar da situação. E quem estaria disposto a mediar? "Temos que ver quais são os papéis dos actores em Moçambique antes de pensarmos em mediação internacional", começa por responder o analista, lembrando "o papel muito importante da igreja católica no processo de paz".
"Já ouvimos comentários da liderança da igreja católica de Moçambique acerca desta violência, pelo que esta pode também ter um papel, internacionalmente, tal como os doadores e parceiros do país, incluindo vários poderes internacionais", explica.
Para além dos conflitos entre a RENAMO e a FRELIMO, o analista sobre política africana aponta ainda outros factores que colocam incertezas nos investidores internacionais, como "a manifestação do poder político no sul do país e a maioria dos recursos naturais no norte do país". "Isso cria uma dinâmica que tem que se ter em conta na agenda política do país", frisa o analista, considerando que "isso já está a acontecer."
"O ponto maior", frisa Markus Weiber, "tem a ver com a elevada esperança que está a surgir entre a população de que o investimento nos recursos naturais vai resolver muitos problemas e não é dado que isso vá acontecer". Para o especialista, esta questão deve ser "gerida cuidadosamente".