Instabilidade em Moçambique afeta turismo na Gorongosa
Lusa | tm
18 de março de 2017
O Parque Nacional da Gorongosa deixou de receber pelo menos 6 mil visitantes por ano devido ao conflito armado entre RENAMO e forças do Governo, segundo a administração local.
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A instabilidade política e militar em Moçambique afetou diretamente o turismo no Parque Nacional da Gorongosa (PNG), no centro do país. Em entrevista à agência de notícias Lusa, o administrador do parque, Mateus Mutemba, aponta perdas consideráveis de turistas nos últimos quatro anos, de picos de 7.500 para médias entre mil e 2 mil, "em função das circunstâncias".
Em 2016, os dados indicam que, mais uma vez, a cifra de 2 mil visitantes não seria ultrapassada, coincidindo com o agravamento da guerra entre o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e as forças do Governo.
Segundo Mateus Mutemba, embora a guerra não atinja o interior do PNG, tornou a região em que se insere, na província de Sofala, num dos principais focos do conflito. Os números de visitantes, diz o administrador, são "um reflexo do receio das pessoas".
Contudo, apesar da crise, o projeto de recuperação do parque não foi interrompido, o que tem contribuído para o repovoamento de outras áreas protegidas. O projeto ocorre por meio de um acordo de gestão conjunta entre o executivo moçambicano e a fundação do filantropo Greg Carr.
Recuperação ainda não atrai turista
"O Parque está bonito, está verde, a fauna bravia é abundante, começa-se a notar que está a recuperar, é um lugar aprazível e temos condições boas e confortáveis", refere o administrador do PNG.
Mesmo com este esforço, Mateus Mutemba lamenta que os visitantes não estejam a responder e que um novo operador turístico, com interesse firme em investir na Gorongosa, tenha desistido "quando sentiu que a situação era delicada".
O PNG está, entretanto, em conversações com outro operador estrangeiro, iniciadas antes da trégua declarada no final de 2016 pelo líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, que se encontra há mais de um ano presumivelmente refugiado na serra da Gorongosa.
"Há dois, três anos que não estamos a fazer turismo na serra por causa das condições de segurança", observa Mateus Mutemba, acrescentando que também as atividades de reflorestação tiveram "uma redução substancial", devido à dificuldade de acesso a 43 viveiros e também às áreas de produção de café, que o PNG estava a introduzir como nova cultura de rendimento para as comunidades.
Desenvolvimento rural e humano
Ultrapassada a fase em que estabeleceu a marca da Gorongosa e o conceito de restauro, o administrador julga que todos os atores relevantes já entenderam o papel que um parque nacional pode desempenhar para o desenvolvimento rural e humano na região em que se insere.
De acordo com Mateus Mutemba, este é já um fator que diferencia a Gorongosa de outros parques icónicos da África Austral, colocando o conhecimento científico não só ao serviço da conservação, mas também das comunidades vizinhas, em programas de agricultura, educação e saúde, e ainda na formação das pessoas que um dia serão gestores do PNG e talvez de outras áreas protegidas moçambicanas.
"Introduzimos uma série de cursos especializados de curta duração, que beneficiam estudantes e instituições de pesquisa", de acordo com o administrador do PNG, o último dos quais em Bioinformática, para um núcleo de 14 alunos e investigadores moçambicanos, um número restrito face a um interesse muito superior e também "um bom sinal" quando o programa tem apenas dois anos.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
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Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
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O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
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O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
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O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.