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Instabilidade financeira na África do Sul afeta Moçambique

Milton Maluleque (Joanesburgo) 16 de dezembro de 2015

A agitação nos mercados na África do Sul, originada pela recente demissão do ministro das Finanças, também tem efeitos negativos nas economias vizinhas. Em Moçambique, as importações deverão ficar mais caras.

Nhlanhla Nene, ministro das Finanças demitido a 9 de dezembro por Jacob ZumaFoto: picture alliance / dpa

Para esta quarta-feira (16.12) estão agendadas duas marchas na África do Sul. Uma contra e outra a favor do Presidente Jacob Zuma, pelo facto de em menos de quatro dias o país ter tido três ministros das Finanças.

O chefe de Estado sul-africano exonerou no último domingo (13.12) o novo ministro das Finanças, David van Rooyen, cuja nomeação em substituição de Nhlanhla Nene, na semana passada, provocou agitação nos mercados e a grave desvalorização do rand, a moeda local.

A presidência anunciou que Pravin Gordhan, que ostentou o cargo durante cinco anos até 2014, voltaria a dirigir a pasta. Gordhan trouxe uma aparente estabilidade ao rand, mas prometeu medidas bruscas. "O rand poderá recuperar, mas continuará abaixo do desejado. E o Banco Central sentir-se-á forçado a aumentar os juros no próximo ano, como forma de atingir a meta desejada".

Economias vizinhas afetadas

As oscilações do rand estão a prejudicar as economias vizinhas da África do Sul, com destaque para a de Moçambique. "Estas mudanças não calculadas vão afetar bastante a economia moçambicana porque as importações vão ficar muito caras", afirma Simião Ponguane, jornalista moçambicano a viver na África do Sul.

Moçambique importa muitos bens de primeira necessidade da África do SulFoto: DW/R. da Silva

"Já com o dólar muito forte isso era um grande problema em Moçambique. E estas 'brincadeiras' do Presidente Zuma só vão agravar a situação", destaca.

Com o aproximar da quadra festiva, período durante o qual Moçambique aumenta as suas importações, a queda do rand não trará nenhum benefício, afirma Eduardo Macie, estudante moçambicano de Economia na Universidade de Joanesburgo.

"A queda do rand fez com que a inflação aumentasse na África do Sul", refere, lembrando que Moçambique depende largamente da economia sul-africana. "E os produtos de primeira necessidade importados da África do Sul estão cada vez mais caros".

Especulações

A saída de Nhlanhla Nene gerou todo o tipo de especulações na África do Sul, que regista um fraco crescimento económico. O país também enfrenta uma alta inflação e uma taxa de desemprego de 25%.

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Nhlanhla Nene teria sido destituído por se opor à renegociação de um contacto entre a empresa semi-estatal South African Airways (SAA) e a Airbus, por considerar que era inviável financeiramente. Muitos críticos do Governo disseram que uma das realizadoras do projeto, Dudu Myeni, tinha uma relação com o Presidente, de quem teria um filho. Informações entretanto refutadas por Jacob Zuma, em comunicado.

O Presidente sul-africano, que tem 74 anos e quatro esposas, tem a sua imagem fragilizada devido a vários escândalos – sexuais e de corrupção.

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