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Insurgência: Artistas do Niassa "Juntos por Mecula"

Conceição Matende
19 de janeiro de 2022

"Juntos por Mecula" é uma campanha de solidariedade moçambicana para ajudar as vítimas dos ataques dos insurgentes. A iniciativa partiu de um grupo de artistas do Niassa, depois de um apelo das autoridades.

Casas em Mecula destruídas pelos insurgentesFoto: Privat

Os artistas da província do Niassa, norte de Moçambique, pedem comida, roupa e material escolar para entregar a todos os que tiveram de deixar as suas casas por causa dos ataques de insurgentes no distrito de Mecula.

"Precisamos de todos os produtos, porque são necessários", diz o artista Rei Bravo. "As pessoas precisam de comer, vestir, e precisam de cobertor para dormir, porque nas noites faz frio. Agora estamos no período escolar, eles perderam o material escolar, perderam várias coisas, e nós aceitamos qualquer coisa".

O objetivo principal é satisfazer as necessidades básicas das vítimas de terrorismo, resume o músico. "Se conseguirmos atingir esse objetivo, ficaremos satisfeitos".

Rei Bravo, músico do NiassaFoto: Conceição Matende/DW

Início da campanha

Estima-se que os ataques já fizeram mais de 3.800 deslocados, que se refugiaram na vila sede de Mecula. A campanha de ajuda terá a duração de quinze dias. Nela está envolvida quase toda a classe artística da província do Niassa.

Santos Calisto, o coordenador da iniciativa, diz que a ideia surgiu depois de uma outra ação de solidariedade, de recolha de material e fundos para ajudar no combate à Covid-19 - para comprar oxigénio, máscaras e produtos de higiene.

"Comecei com uma campanha e, em três dias, conseguimos arrecadar nove mil meticais [cerca de 125 euros], mais alguns produtos."

Foi então que, segundo o membro da banda "Massukos", surgiu a ideia de incluir mais artistas, para ajudar também os deslocados. "Fizemos um encontro para arrancarmos com uma campanha porta a porta".

Comediante Luciano AguacheiroFoto: Conceição Matende/DW

"Temos um bom começo"

São os comediantes Tio Yado, Aguacheiro e o músico Rei Bravo que vão andar de porta em porta a recolher donativos. A organização diz que também aceita dinheiro, mas alerta que só esses três artistas estão autorizados a arrecadar esses fundos, para evitar oportunismos.

Rei Bravo garante: "Temos um bom começo, as pessoas estão a aderir, pessoas de classes sociais diferentes estão a apoiar."

Os artistas esperam que o seu público adira à campanha.

"Tivemos que dar a nossa mão para com os nossos concidadãos que estão lá do outro lado, não nos esquecendo que também eles fazem parte do nosso sucesso", diz Luciano Aguacheiro, humorista da cidade de Lichinga. "Foi muito fácil nos unirmos com o intuito de podermos ajudar, esperamos que todos se juntem nessa campanha, porque quem sairá a ganhar são os nossos irmãos."

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