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Insurgência: Governo obrigado a adaptar estratégia e meios

Lusa | mo
15 de maio de 2020

O ministro do Interior diz que as ações dos insurgentes na província nortenha de Cabo Delgado têm uma dimensão externa, mas não avançou mais detalhes. Amade Miquidade fala em complexidade da atuação dos grupos armados.

Mosambik, Cabo Delgado: Soldat in Naunde
Foto: Borges Nhamire

O ministro do Interior de Moçambique, Amade Miquidade, disse nesta sexta-feira (15.05) que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas foram obrigadas a adaptar a sua estratégia e meios para enfrentarem os grupos armados que atacam no norte do país. 

Amade Miquidade falou da atuação das FDS, quando respondia a perguntas das bancadas parlamentares, sobre a violência armada nas regiões centro e norte do país.

"A complexidade da atuação dos terroristas levou a um redimensionamento da estratégia e dos meios para os combater [no Norte]", declarou Miquidade.

O governante avançou que os grupos armados assumem uma natureza e atuação complexas, tendo começado por ter um cariz aparentemente religioso.

"Aquilo que parecia ser um conflito inter-religioso, nalgum momento, degenerou numa dimensão de violência", assinalou o ministro do Interior.

Carlos Agostinho do Rosário, primeiro ministro de MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa/A. Silva

Amade Miquidade defendeu ainda que as ações de grupos armados na província de Cabo Delgado, onde ocorrem os ataques, têm uma dimensão externa, mas não avançou mais detalhes.

Desenvolvimento de Cabo Delgado

Na abertura da sessão parlamentar de perguntas e respostas com o Governo, o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, afirmou que o Executivo aposta na promoção de projetos de desenvolvimento social e económico na província de Cabo Delgado, para a criação de emprego a favor de jovens e mulheres.

"Em complemento às ações das Forças de Defesa e Segurança, temos estado a reforçar os mecanismos de trocas de informação ao nível regional e continental, bem como a implementar projetos de desenvolvimento e dinamização da atividade económica e social naquele ponto do país", disse o primeiro-ministro.

Em relação aos ataques armados no centro do país, o ministro do Interior exortou a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, a encontrar uma saída à dissidência que levou ao surgimento da Junta Militar da Renamo.

Dois distritos frequentemente visados pela insurgênciaFoto: DW/A. Chissale

As autoridades moçambicanas têm responsabilizado a referida junta pela autoria dos ataques armados no centro do país.

Conflitos e mortes

Na quinta-feira (14.05), Amade Miquidade disse que as FDS abateram, entre terça (12.05) e quinta-feira (14.05) um total de 50 membros dos grupos que têm protagonizado ataques armados em Cabo Delgado.

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já provocaram a morte de, pelo menos, 550 pessoas em dois anos e meio. As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada na província.

No Centro de Moçambique, desde agosto de 2019, os ataques armados atribuídos à Junta Militar da RENAMO têm visado as FDS e civis em aldeias e nalguns troços de estrada da região, tendo causado mais de 20 mortos e vários feridos, além da destruição de veículos.

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