1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Introdução do IVA na Guiné-Bissau "é ilegal"

Iancuba Dansó (Bissau)
18 de janeiro de 2025

Jurista alerta que introdução do IVA por um Governo de iniciativa presidencial é "ilegal". Também ouvido pela DW, economista diz que imposto terá impacto nos mais "pobres". Governo garante que não.

Introdução do IVA na Guiné-Bissau arrancou em 2025
Jurista alerta que introdução do IVA por um Governo de iniciativa presidencial é "ilegal"Foto: Iancuba Dansó/DW

O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) entrou em vigor no dia 1 de janeiro, mas desde que as autoridades da Guiné-Bissau anunciaram a sua implementação não param de surgir vozes que criticam a decisão, alertando para o seu impacto na vida dos cidadãos.

O Ministério das Finanças acredita que o novo imposto será capaz de garantir a economia sustentável e promover a equidade fiscal. Nesse sentido, a entidade governante está a levar a cabo seminários e sensibilizações de vários atores nacionais sobre a importância da medida, usando também placas informativas sobre a matéria, nas vias públicas.

Recentemente, na abertura do seminário sobre as vantagens do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Mohamed Baldé, conselheiro técnico principal do ministro das Finanças, elencou alguns dos ganhos do IVA.

À DW, economista diz que introdução do IVA terá impacto nos mais "pobres"Foto: Iancuba Dansó/DW

"Ele [o IVA] representa uma modernização do sistema fiscal guineense e uma inovação profunda na forma como arrecadamos a receita. Com a implementação do IVA, propõe-se criar um sistema tributário mais justo, transparente e eficiente, que favoreça o crescimento económico e promova a equidade fiscal”, disse.

O conselheiro técnico principal do ministro das Finanças lembra ainda que a Guiné-Bissau não é o único país a implementar o Imposto sobre o Valor Acrescentado.

"Atualmente, em todo mundo, mais de 170 países adotaram o IVA como o modelo de tributação de consumo. A Guiné-Bissau é o mais novo país do mundo a introduzir o IVA".

O ministério das Finanças garante que o IVA não se vai refletir nos salários dos funcionários.

Um apelo através da música para unir guineenses

08:21

This browser does not support the video element.

No entanto, em entrevista à DW, o economista Martinho Fernandes alerta que "o custo [do IVA] vai cair principalmente sobre os pobres". Segundo ele, "quem paga o IVA não são as empresas, são os consumidores, e isto trará um valor acrescentado naquilo que vai ser o imposto atual em relação ao imposto anterior".

Medida não passou pelo parlamento

Já o jurista Victor Fernandes lembra que o IVA foi implementado por um Governo de iniciativa presidencial, que à luz da Constituição da Guiné-Bissau é "ilegal", e afirma que, em termos da legislação guineense, nenhum Governo tem a competência de implementar impostos sem passar pelo parlamento.

"O Governo não tem competências e não pode legislar sobre matérias fiscais. Esta matéria é da competência exclusiva da Assembleia Nacional Popular (ANP). Se tivéssemos as estruturas a funcionar de uma forma regular, estou a referir ao tribunal, talvez pudesse impugnar esta decisão".

Com a sua implementação, o Imposto sobre o Valor Acrescentado vai substituir o Imposto Geral sobre Venda (IGV).

Saltar a secção Mais sobre este tema