Subiu para 78 o número de mortos, na sequência das cheias que afetam a província do Cabo Oriental, na África do Sul, desde segunda-feira, de acordo com o governo local, citado pela televisão pública SABC.

Entre os mortos estão pelo menos quatro crianças que se encontravam numa carrinha escolar que foi arrastada pela subida das águas, informaram as autoridades locais. Quatro outras crianças estão desaparecidas, enquanto três foram encontradas vivas. Dois adultos que as acompanhavam no autocarro também morreram.

Em declarações, esta quinta-feira (12.06), a Ministra da Educação Básica, Siviwe Gwarube, informou ainda que uma outra criança perdeu a vida, arrastada pela água, quando caminhava para a escola.

Equipas de resgate temem que o número de óbitos aumente drasticamente à medida que os socorristas alcançam os lugares até agora inacessíveis.

Ontem, o Ministro da Governação Cooperativa e Assuntos Tradicionais, Velenkosini Hlabisa, disse que "assim que a água começar a baixar, mais corpos poderão ser achados”.

Velenkosini Hlabisa teme que o número de pessoas desaparecidas aumente, tendo em conta as pessoas que vivem sozinhas e que possam ter sido arrastadas pelas águas.

Também o primeiro-ministro do Cabo Oriental, Oscar Mabuyane, afirmou que "as operações de busca e regaste prosseguem em todas as zonas afetadas, nomeadamente no município do distrito de O.R. Tambo. E a situação está mal”.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa , classificou as inundações como "sem precedentes”. O Chefe de Estado visita, esta sexta-feira, as zonas afetadas e onde prestará apoio às vítimas.

"Para ver como o nosso povo está a sofrer e como podemos consolar as famílias. E depois apresentarmos medidas de assistência do ponto de vista da catástrofe para dar um verdadeiro apoio às pessoas comuns e ajudarmos o governo local a lidar com este desastre", disse.

A Fundação Gift of the Givers, uma instituição de caridade de resposta a catástrofes e que enviou equipas para a província do Cabo Oriental, diz que, só nas últimas 24 horas, o número de pessoas a precisar de assistência aumentou das 5.000 para as10.000.

"Pior desastre de sempre"

Mais de 3.000 casas foram afetadas, disse uma autoridade local à AFP, acrescentando que este foi "o pior desastre de sempre” registado na área. 

Mthatha é um dos locais mais afetados pelas chuvas torrenciais acompanhadas de neve, que causaram inundações e deslizamentos de terras.

À imprensa, Aphiwe Same, uma das sobreviventes, conta o que aconteceu naquela localidade: "se o meu filho não estivesse a chorar, teria sido pior. Os gritos dele fizeram-me agir, pois nem a chupeta o acalmava, e isso ajudou-me a perceber o que se passava. Ao sair, vi que todas as casas à volta estavam destruídas e submersas - só nós sobrevivemos. Estou perturbada e de coração partido ao saber que vizinhos e familiares não resistiram. Mas sou grata por estarmos vivos”, diz.

As fortes chuvas da última segunda-feira afetaram também as províncias de Kwazulu Natal, Free State e Cabo Ocidental. Foi declarado o Estado de desastre nacional em toda a África do Sul.

O Governo pede aos sul-africanos que se mantenham vigilantes nos próximos dias, uma vez que se esperam "condições climatéricas extremas" em todo o país.

Embora neve e chuvas fortes sejam comuns no inverno sul-africano, o país é altamente vulnerável às alterações climáticas, que intensificam secas, inundações e incêndios, segundo o Fundo Verde para o Clima.