Investimento alemão em África é tímido demais, constatam especialistas
11 de maio de 2012 Ao sul do Saara, as empresas alemãs investem especialmente na África do Sul. O resto dos países subsaarianos acaba não ganhando quase nada do Estado alemão. Entre 21 e 25.05, especialistas africanos e alemães se encontram em Frankfurt, no centro do país europeu, para uma semana de negócios, a Africa Business Week.
As empresas alemãs interessadas no continente africano se uniram na Associação Alemã para a África, o Afrika Verein. O número de membros da associação não para de crescer. Atualmente, são 700 empresas, incluindo gigantes como a Siemens ou a ThyssenKrupp.
A maior parte das empresas, no entanto, é de porte médio. Esses empreendimentos já comercializam com o continente africano ou investem por lá há muitos anos. Normalmente as empresas que não conhecem o continente africano temem os riscos que costumam associar a África.
Além disso, hoje em dia, a concorrência é mais forte que antigamente. Os chineses estão empenhados em investir na África, assim como os indianos e os brasileiros, diz o diretor do Afrika Verein, Stefan Liebing, que constata que "em todo o continente africano, ouve-se que a qualidade e a tecnologia alemãs são valorizadas. Mas é preciso dizer que os produtos alemães costumam ser mais caros. Quem não tem muito dinheiro no curto prazo acaba decidindo comprar o produto mais barato, sabendo que ele não vai durar muito".
Para Liebing, é importante que as empresas alemãs realizem uma "diferenciação de produtos: que ofereçam um produto que pode ser comprado por países menos desenvolvidos, mesmo que este produto não seja o de ponta", sugere.
Formação e mão de obra local
Os africanos também costumam se interessar por projetos incluindo um cientista: aquelas empresas que fornecem tecnologia também devem formar africanos. Um exemplo para isso são as energias renováveis.
Na Nigéria, elas deverão ser componente importante de um fornecimento confiável de energia, diz o ministro nigeriano da Ciência e Pesquisa, Ita Okon-Bassey-Eva, que visitou a Alemanha há pouco tempo: "Estamos tentando estabelecer parcerias com instituições aqui na Alemanha, especialmente com aquelas que têm relações com a universidade de Stuttgart [por exemplo] e outras universidades alemãs. Isso pode fazer com que nigerianos venham à Alemanha para aprender como se constroem células fotovoltaicas", espera o ministro.
Os países africanos estão principalmente interessados em parcerias no setor da energia, para que possam manter a maior parte do lucro gerado no próprio país. Isso pode significar mais mão de obra local, a produção de ferramentas técnicas ou o tratamento das matérias-primas.
A Siemens, por exemplo, acredita que países como Gana, Angola e Nigéria aumentem esse chamado "conteúdo local" a 80 ou 90% nos próximos anos. A construtora alemã de unidades produtoras de energia, acha que poderá produzir turbinas em algum momento na Nigéria, segundo apurou a DW África.
Além disso, a empresa tenta colocar mais pessoal local em cargos de chefia na Nigéria, já que receber pessoal do estrangeiro acaba por ficar muito caro e muitas empresas do exterior já não estão mandando empregados para a Nigéria por razões de segurança.
Para formar pessoal qualificado, a Siemens fundou uma chamada "Power Academy", ou Academia de Capacitação, em tradução livre, em finais de 2010. O Estado de Lagos participa da iniciativa com um programa de carreiras para jovens, de duração de seis meses. Atualmente, 20 estudantes universitários estão sendo formados em técnicas de energia e recebem um certificado.
Além das energias renováveis, alguns países africanos também estão de olho em técnicas que mais nenhum alemão parece querer. O ministro da Ciência da Nigéria, Ita Okon-Bassey-Eva, disse durante a última visita à Alemanha que o país africano tem planos para a energia atômica – uma área onde a Alemanha seria bem vinda como parceira, segundo o ministro.
Autor: Thomas Mösch / Renate Krieger
Edição: António Rocha