As autoridades iranianas detiveram mais de 1.200 pessoas, a maioria no norte do Irão, desde que há dez dias começaram os protestos pela morte de uma jovem detida pela polícia em Teerão por "vestir roupas inadequadas".
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"Durante a agitação dos últimos dias, 450 manifestantes foram detidos em Mazandaran (norte)", disse o procurador-geral da província, Mohammad Karimi, citado pela agência oficial de notícias Irna esta segunda-feira (26.09).
No sábado (24.09), as autoridades iranianas relataram que 739 manifestantes foram detidos, incluindo 60 mulheres em Guilan, província vizinha de Mazandaran, no norte do país.
Citando uma autoridade local, a agência de notícias Fars anunciou no domingo (25.09) a detenção de 88 manifestantes na província de Hormozgan, no sul. Segundo a mesma fonte, as autoridades iranianas realizaram outras detenções nas cidades de Zanjan (noroeste), Karaj (oeste de Teerão) e Kerman (sudeste).
Jovem detida por "vestir roupas inadequadas"
Mahsa Amini, de 22 anos e originária do Curdistão (noroeste), foi detida pela polícia da moralidade em 13 de setembro em Teerão, por "vestir roupas inadequadas".
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Aquela unidade é responsável por fazer cumprir o rígido código de vestuário no Irão, onde as mulheres devem cobrir os seus cabelos e não é permitido usar roupas curtas ou apertadas, entre outras proibições. A jovem morreu em 16 de setembro no hospital, data em que começaram os protestos no país.
O movimento de protesto espalhou-se por várias cidades do país, onde manifestantes gritaram frases antigovernamentais, segundo os meios de comunicação locais.
"Nos últimos dias, manifestantes atacaram prédios do governo e danificaram propriedades públicas em partes de Mazandaran sob a direção de agentes estrangeiros", disse Karimi.
No domingo, o chefe do judiciário, Gholamhossein Mohseni Ejei, ameaçou não mostrar "nenhuma clemência" para com os manifestantes e pediu à polícia que aja "com firmeza" contra "aqueles que prejudicam a segurança".
Mais de 40 mortos
De acordo com um relatório oficial não detalhado, 41 pessoas foram mortas, incluindo manifestantes e polícias, em dez dias de protestos.
No sábado, os meios de comunicação locais anunciaram a morte de quatro paramilitares na "agitação" em Teerão, Shiraz (sul), Urmia (noroeste) e Garmsar (centro), elevando para nove o número de agentes das forças de segurança nos últimos dias.
A agência de notícias Tasnim publicou hoje que cerca de 20 fotos de manifestantes, incluindo mulheres, em várias ruas de Qom, uma importante cidade sagrada xiita localizada a cerca de 150 quilómetros ao sul da capital.
As instituições militares e de segurança publicaram estas imagens dos "líderes dos motins" e apelaram aos habitantes para "identificá-los e informarem as autoridades", acrescentou a agência Tasnim.
A morte de Mahsa Amini provocou uma forte condenação em todo o mundo e as organizações não-governamentais internacionais denunciaram a repressão brutal aos protestos.
Véus e turbantes: Rostos cobertos nas culturas africanas
Com a pandemia da Covid-19, cada vez mais africanos usam máscaras para se proteger da doença. Mas em algumas regiões do continente, cobrir o rosto é uma tradição secular.
Foto: picture-alliance/imageBroker
Líbia: O ritual dos turbantes e véus tuaregues
O deserto do Saara e a zona do Sahel abrigam os tuaregues, povos nómadas do continente africano. Os turbantes, bem como os véus faciais usados pelos homens, são uma forma de proteção contra o sol e a areia. Mas não são usados apenas para proteção: os revestimentos da cabeça transmitem respeito e dignidade, enquanto vestir o véu também é um ritual masculino de passagem para a vida adulta.
Foto: picture-alliance/imageBroker
Líbia: Tradição dos homens tuaregues
Apenas homens tuaregues cobrem o rosto. Segundo a tradição, o véu protege contra os espíritos dos mortos, chamados "Kel Eru", enquanto os homens viajam pelo deserto. Historicamente, turbantes e véus tuaregues eram tingidos de índigo, o que deixa traços de coloração na pele. Por causa disso, os tuaregues eram conhecidos como o "povo azul" do deserto.
O povo tuaregue pertence ao grupo maior de berberes, nómadas que residem no norte de África. Hoje em dia, muitos deles estão instalados em locais específicos. No Níger, eles autodenominam-se "Imajeghen", na Argélia e na Líbia "Imuhagh" e os "Imushagh", no Mali. A palavra estrangeira "Tuareg" remonta à palavra berbere "Targa", que foi usada para descrever uma província na Líbia.
Foto: picture-alliance/imageBroker/K. Kreder
Marrocos: Berberes usam o "litham"
Os tradicionais adereços e véus faciais dos tuaregues são chamados de "Tagelmust" ou "litham". Na foto, o "litham" amarelo é usado por um homem que vive na parte marroquina do Saara. Ele pertence aos berberes de Marrocos. Tradicionalmente, durante os conflitos, um pano como esse dificultava o reconhecimento do usuário.
Foto: picture-alliance/ blickwinkel/W. G. Allgoewer
Egito: Os adereços dos beduínos
Como os tuaregues e os berberes, os beduínos também são habitantes nómadas do deserto. Eles vivem na Península Arábica e em estados vizinhos, incluindo Israel e Egito. O nome do tecido que esse homem na imagem usa no deserto líbio do Egito é chamado "Kufiya" ou, em algumas áreas, "Ghutra" ou "Hatta". A forma como é usado varia de região para região.
Foto: picture-alliance/imageBroker
Chade: O véu dos homens Tubu
Também são os homens, e não as mulheres, que usam véu no povo Tubu, na bacia do norte do Chade. Os homens também são responsáveis por costurar roupas. Os Tubu costumam trabalhar como pastores, cuidando de ovelhas e cabras ou criando camelos.
Foto: picture-alliance/dpa
Nigéria: O emir usa véu
O véu também pode ser encontrado no estado de Kano, na Nigéria, como o usado pelo atual emir do país. Até março de 2020, era Muhammadu Sanusi II (foto acima, na sua nomeação em 2014). O seu sucessor é Aminu Ado Bayero. O emir de Kano é o segundo líder muçulmano mais importante do país, depois do sultão.
Foto: Amino Abubakar/AFP/Getty Images
Marrocos: Mulheres de niqab
Muitas muçulmanas cobrem o rosto com um niqab. É comum na Península Arábica, mas com menos frequência no norte de África. A mulher nesta foto também usa a abaya tradicional - um sobretudo longo - e um lenço na cabeça. No entanto, Marrocos impôs uma proibição de vendas de burca e niqab em 2017. Isso pode ter sido devido a preocupações de segurança.
Foto: picture-alliance/imageBROKER/W. G. Allgöwer
Somália: Muçulmanas também cobrem o rosto
Hoje, as mulheres religiosas da Somália vestem-se de maneira diferente. Os muçulmanos tradicionalmente não cobriam o rosto com o niqab no país, mas isso é visto com mais frequência desde os anos 80, devido à crescente influência do Islão - especialmente nas cidades. Na foto, algumas estudantes de Mogadíscio usam um niqab.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Zanzibar: Mulheres cobertas na praia
Um pouco mais ao sul, em Zanzibar, que faz parte da Tanzânia, também há mulheres que cobrem o rosto. Quase exclusivamente muçulmanos vivem no arquipélago de Zanzibar. Cobrir o rosto passa a ser cada vez mais comum em todo o continente africano.
Foto: picture-alliance/imageBROKER/M. Moxter
Quénia: Máscaras de tecido contra a Covid-19
Devido ao coronavírus, no Quénia, por exemplo, agora é obrigatório usar máscaras em público. Mas nem todos podem comprar máscaras descartáveis. Em Kibera, um bairro pobre de Nairobi, o designer David Ochieng distribui máscaras de tecido reutilizáveis que ele e a sua empresa, Lookslike Avido, fazem para os necessitados.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/D. Sigwe
Quénia: Máscaras de designer para todos
O designer David Ochieng, que se chama Avido, é visto aqui usando uma das máscaras de proteção que ele produziu. Avido cresceu no bairro de Kibera e normalmente cria os seus próprios projetos. Neste outono, a sua empresa Lookslike Avido foi convidada para participar do Ökorausch-Festival em Colónia, Alemanha, que destaca o design sustentável.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/D. Odhiambo
Quénia: Emprego alternativo
A fabricante de móveis Sara Reeves foi forçada a fechar a sua oficina em Nairobi durante a crise do coronavírus. Então, ela e sua equipa passaram a fazer máscaras. Eles usam os tecidos coloridos de kitenge, típicos da África Oriental. Sara doa uma máscara para cada uma que vende. Dessa forma, as máscaras "entrarão nas mãos e nos rostos das pessoas que precisam de proteção", diz Reeves.
Foto: picture-alliance/dpa/Michelle Vugutsa/Love Artisan Kenya
Quénia: Itens e equipamentos contra a Covid-19
Cerca de trezentas costureiras numa fábrica em Nairobi produzem 20 mil máscaras descartáveis todos os dias. Algumas fábricas no Quénia mudaram a produção para fazer máscaras cirúrgicas e outros equipamentos de proteção contra a Covid-19.