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Irão vs. EUA: Alemanha acredita em "solução diplomática"

Raquel Loureiro | com agências
9 de janeiro de 2020

O Governo de Angela Merkel foi um dos que anunciou a retirada parcial das suas tropas do Iraque e é também um dos que defende a continuidade do acordo nuclear com o Irão, assinado em 2015.

Tensão entre Estados Unidos e Irão agravou-se com morte do general Qassem SoleimaniFoto: picture-alliance/AP Photo/V. Reza Alaei

Depois de dias intensos de ameaças e trocas de acusações entre os Estados Unidos e o Irão, na sequência do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani pelas forças norte-americanas, os discursos destas duas nações parecem estar a baixar de tom, apontando para uma inversão da escalada do conflito.

Na primeira declaração ao país após os ataques das forças iranianas a duas bases militares norte-americanas no Iraque, na quarta-feira (08.01), o Presidente norte-americano Donald Trump não falou em retaliação militar contra o Irão. E o representante iraniano na Organização das Nações Unidas (ONU), Majid Takht Ravanchi, assegurou, no mesmo dia, que o seu Governo "não procura uma escalada [do conflito] ou uma guerra", assegurando, no entanto, que se defenderá perante "qualquer agressão". 

Posição da Alemanha

Como signatária do acordo nuclear com o Irão e membro da NATO, a Alemanha tem estado a acompanhar a tensão entre o Irão e os Estados Unidos de perto e, já por várias vezes, apelou ao diálogo entre os dois lados do conflito.

Irão vs. EUA: Alemanha acredita em "solução diplomática"

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O Governo de Angela Merkel foi um dos que anunciou, na terça-feira (07.01), a retirada parcial das suas tropas do Iraque e é também um dos que defende a continuidade do acordo nuclear com o Irão, que visa restringir a capacidade iraniana de produzir armas nucleares.

Heiko Maas, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, voltou a reforçar estas posições, em Bruxelas, na quarta-feira (08.01), já depois dos ataques iranianos em retaliação à morte do general Soleimani. "Condenamos este ataque ao território iraquiano que, evidentemente, foi levado a cabo pelo Irão. Não é aceitável e esperamos que o Irão se abstenha de tais medidas", afirmou Maas, que entende que "este é o momento de dialogar".

"Iremos discutir a atual situação na sexta-feira entre os ministros dos negócios estrangeiros da União Europeia, mas também falaremos com todos os envolvidos, que deverão esforçar-se para garantir que a situação seja resolvida e que possam ser encontradas soluções diplomáticas", acrescentou.

Entretanto, o Presidente norte-americano Donald Trump pediu um maior envolvimento da NATO nos assuntos do Médio Oriente e sugeriu aos países signatários do tratado nuclear com o Irão, incluindo a Alemanha, que procurem um novo acordo. Isto porque o Governo de Teerão fez saber, no domingo, que vai deixar de respeitar o tratado assinado em 2015.

Donald Trump anunciou novas sanções económicas para o IrãoFoto: picture-alliance/Captital Pictures/MPI/RS

O pedido já mereceu resposta por parte das forças políticas alemãs. Numa entrevista à DW, o porta-voz da Política Externa do partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), diz não concordar que a solução passe por "colocar mais pressão sobre o Irão". Até porque, considera Jürgen Hardt, é possível "manter o acordo nuclear" e negociar ao mesmo tempo com o país.

Mas o deputado deixa também um alerta: "O Irão não está apenas a planear ter bombas nucleares. Eles estão também a desenvolver mísseis para as transportar. Eles patrocinam organizações terroristas na região, como o Hezbollah, financiam atividades no Iémen... Ou seja, são muitas ações que não podem ser aceites. Mas tenho a certeza que nem a China nem a Rússia aceitariam também um Irão mais forte. Por isso, vejo espaço para negociar", explica.

Missões no Iraque "são necessárias"

O mesmo deputado da CDU diz-se satisfeito por "ouvir que os Estados Unidos não vão responder com mísseis" aos recentes ataques das forças iranianas contra as tropas norte-americanas no Iraque, mas lamenta a decisão do Parlamento iraquiano de expulsar as tropas estrangeiras do país.

"As missões de treino no Iraque são extremamente necessárias para o país, porque é a única forma que temos de tornar o Iraque num país próspero e de satisfazer as suas próprias necessidades de segurança", explica Jürgen Hardt, que adianta, no entanto que, dado o cenário de tensão, "foi uma decisão acertada retirar algumas das tropas alemãs" deste país, por enquanto.

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03:20

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Também em entrevista à DW, Fritz Felgentreu, deputado do Partido Social-Democrata (SPD), parceiro de coligação do Governo de Angela Merkel, disse concordar com a retirada parcial das tropas alemãs do Iraque e afirma que, apesar de concordar que o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani "foi horrível", "atacar os outros só vai piorar a situação".

Espaço aéreo iraquiano

Na sequência deste acontecimentos, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação desaconselhou, esta quinta-feira (09.01), as companhias aéreas a efetuarem voos comerciais sobre o espaço aéreo do Iraque.

"A AESA contactou diferentes autoridades nacionais de aviação e recomendou que evitassem a operação de voos comerciais no espaço aéreo iraquiano como medida de precaução. Alguns Estados-membros já deram informação às suas companhias aéreas e algumas companhias aéreas já deram passos no sentido de ajustarem as suas rotas", afirmou, em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia para as políticas regionais e transportes, Stefan de Keersmaecker.

Após a queda do avião da companhia Ukraine International, em Teerão, na quarta-feira, já várias companhias aéreas internacionais, incluindo a alemã Lufthansa e a Air France-KLM, anunciaram alterações às suas rotas naquela região.

As autoridades ucranianas adiantaram entretanto que estão a investigar várias causas que podem ter causado o desastre do Boeing 737, incluindo um eventual ataque com mísseis. Entre as possíveis teses que estão a ser exploradas estão também a explosão de uma bomba a bordo do aparelho, a colisão do avião de passageiros com um 'drone' (aparelho aéreo não-tripulado) ou a deflagração de um incêndio no motor "por razões técnicas".  

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