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Isabel dos Santos: Falhas apontadas diferem da época do pai?

23 de maio de 2025

Em entrevista à DW, o analista angolano, Claúdio Silva, afirma que o sistema judicial angolano carece de credibilidade e que Isabel dos Santos desconhece a Consitutição quando aborda possível candidatura a PR.

Tribunal Supremo de Angola
Analista afirma que sistema judicial angolano carece de credibilidadeFoto: Joao da Fatima/AFP/Getty Images

Na mais recente entrevista da empresária angolana Isabel dos Santos à DW África, a filha do ex-presidente de Angola, investigada por corrupção e má-gestão à frente da petrolífera SONANGOL, afirma que "ainda é cedo para tomar uma decisão" sobre uma eventual candidatura à Presidência de Angola. Na mesma entrevista Isabel dos Santos volta a criticar a luta contra a corrupção propagada pelo Presidente João Lourenço e também volta a queixar-se da morosidade do sistema judicial angolano.

É sobre estes assuntos, levantados por Isabel dos Santos, que a DW conversou com o analista angolano, Claúdio Silva, que faz a seguinte análise - começando pela questão da reforma do sistema judicial em Angola - que João Lourenço terá falhado em levar avante.

DW África: Porque é que a luta contra a corrupção em Angola não tem luz ao fundo do túnel?

Claúdio Silva (CS): Apesar do Presidente, João Lourenço, ter afirmado inúmeras vezes, que liderou uma luta contra a corrupção e continua essa luta, a verdade é que ele não deu qualquer importância em reformar o sistema judicial angolano que está profundamente doente. 

Vemos que a vasta maioria dos casos mais mediáticos desta tal luta contra a corrupção centram-se, principalmente, em figuras do antigo consulado do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos. O caso de Isabel dos Santos já se arrasta há vários anos. Eu e muitos analistas em Angola, não vemos fim à vista, porque o sistema judicial angolano não tem qualquer tipo de credibilidade.

DW África: Na mais recente entrevista que Isabel dos Santos concedeu à DW, diz que é fictícia a luta contra a corrupção em Angola e acusa João Lourenço de não levar a sério essa luta que o PR angolano propaga. Concorda com Isabel dos Santos?

CS: O que a senhora Isabel dos Santos diz não é novidade. O principal foco aqui é a falta de reformas e credibilidade do sistema judicial angolano, e a existência de relação de poderes entre o sistema judicial e o Executivo angolano. Isabel dos Santos está apenas a dizer o que já acontecia também durante o consulado do seu pai. Na altura, isso não a afetava diretamente, mas agora afeta.

DW África: Isabel dos Santos disse que ainda é cedo para responder se está a pensar em candidatar-se à Presidência de Angola. Como comenta?

CS: Eu às vezes não tenho a certeza que, tanto Isabel dos Santos, como muito do público angolano, têm noção de como funciona o sistema eleitoral em Angola. De acordo com a atual Constituição, uma pessoa singular não tem como candidatar-se a Presidente de Angola, sem estar ligada a um partido. Ou Isabel dos Santos vai criar esse novo partido, que terá de passar pelo crivo do Tribunal Constitucional - que também é politizado -, ou será convidada por algum dos partidos já existentes, o que eu duvido muito.

Não sei se há alguma negociação secreta entre Isabel dos Santos e alguns desses novos partidos, mas não estou a ver o MPLA, a UNITA, o PRA-JA ou o partido liberal a convidá-la a exercer este cargo. Por isso, tendo em conta a Consituição em vigor, é simplesmente impossível haver candidaturas independentes à Presidência da República de Angola.

"É oportunidade de mostrar que o que foi dito não é verdade"

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