Isabel dos Santos diz que pode ser candidata à presidência
RTP | mp
16 de janeiro de 2020
Em entrevista à emissora portuguesa RTP, Isabel dos Santos admite a possibilidade de ser candidata e diz ser vítima de uma disputa política no MPLA. A empresária se disse "chocada" com as acusações de irregularidades.
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A multimilionária Isabel dos Santos admitiu, em entrevista à emissora portuguesa RTP, que poderá disputar à presidência de Angola. A declaração foi dada ao jornalista Vítor Gonçalves em entrevista veiculada nesta quarta-feira (15.01).
"Eu farei tudo o que eu teria que fazer para defender e prestar serviços a minha terra e ao meu país ", disse a empresária, admitindo ser "possível" candidatar-se à presidência.
Isabel dos Santos negou irregularidades relativamente aos financiamentos para participações empresariais com dinheiro público. Tais recursos teriam permitido que ela adquirisse empresas e participações em negócios fora de Angola, nomeadamente a empresa suíça De Gisognono – joalharia que estava falida – e na Galp.
A multimilionária sustenta a tese de que a luta contra a corrupção levada a cabo pelo Governo de Angola seria um processo político e seletivo. Segundo a filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, trata-se de iniciativas que tem a ver com a "luta pelo poder" dentro do partido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
"Não podemos utilizar a suposta luta contra a corrupção de forma seletiva para neutralizar quem nós achamos que podem ser futuros candidatos políticos", diz.
"As alegações chocam-me"
Isabel dos santos se disse surpreendida com as acusações de irregularidade porque sempre foi "muito escrutinada" por ser filha do Presidente José Eduardo dos Santos.
A empresária nega reuniões com "um árabe" para vender a participação da Unitel. Isabel dos Santos também rechaça que teria emitido ordem de transferência de 10 milhões de euros para a Rússia.
A multimilionária defende que as acusações de ela ter lesado o Estado angolano em 1.136 milhões de dólares é "baseada em várias mentiras".
"Essas alegações chocam-me bastante. Não me foi dada a oportunidade de todo de me defender. Não fomos informados de que havia um procedimento no Tribunal de Luanda. Nunca recebi uma notificação nem foi dada ocasião de prestar nenhum esclarecimento".
Legado do pai
Seu interesse em candidatar-se à presidência pode abrir uma disputa interna no MPLA que tende a influenciar decisivamente as eleições de 2022. Um confronto político interno entre Isabel dos Santos e João Lourenço pode ser considerado inesperado.
A empresária acredita que o seu pai, José Eduardo dos Santos, deixou um "legado político" que muitos angolanos "gostariam de ver respeitado".
A herdeira do homem que ficou quase quatro décadas na presidência em Angola tem uma visão crítica sobre a atual situação do MPLA. Na entrevista à RTP, Isabel dos Santos sublinhou que o partido apresenta um "balanço económico e social fraco nos últimos dois anos”.
"A dívida angolana aumentou de 70% para 120% do PIB, o país pode estar em bancarrota", disse.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
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Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.