Israel: Abertas mesas de voto para as legislativas
Lusa
2 de março de 2020
As mesas de voto já abriram em Israel para escolher novos deputados pela terceira vez em menos de um ano e, apesar das mudanças registadas desde as últimas eleições, o escrutínio pode resultar num novo impasse.
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Às 07:00 locais foram abertos os mais 11.000 centros de votação, para a cerca de 6,5 milhões de israelitas, com mais de 18 anos. Logo após as 22:00 horas são esperados os primeiros resultados das pesquisas de voto.
Centenas de israelitas, que se encontram em quarentena devido ao novo coronavírus, poderão votar em tendas com isolamento especial, utilizando uma caneta, luvas e máscaras descartáveis.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do Likud (direita), e Benny Gantz, da coligação centrista Azul e Branco, disputam a possibilidade de formar governo, tal como em abril e em setembro de 2019, mas os resultados, que as sondagens apontam como muito próximos, poderão prolongar a crise política, que já é a maior da história de Israel.
Os aliados preferenciais de Netanyahu e Gantz, os partidos religiosos ultraortodoxos no primeiro caso e os de esquerda no segundo, também deverão manter o número de deputados ou registar ligeiras alterações, segundo as sondagens, não permitindo, mais uma vez, formar uma maioria no parlamento (61 deputados dos 120 do Knesset).
Likud e Azul e Branco empatados nas sondagens
Uma sondagem divulgada na quarta-feira no site israelita de notícias Walla News dá o Likud e o Azul e Branco empatados com 34 deputados cada, depois de em setembro terem conseguido 32 e 33 respetivamente.
Segundo a mesma sondagem, a Lista Unida (partidos árabes) manterá o terceiro lugar com o mesmo número de deputados, 13, seguida da aliança de partidos de esquerda Labor-Gesher-Meretz com nove, do Shas (ultraortodoxos, oito), Israel Beiteinu (direita nacionalista, sete), Judaísmo Unida da Torá (ultraortodoxos, oito) e do Yamina (aliança de direita e extrema-direita, sete).
Desde as últimas eleições, Netanyahu tornou-se o único primeiro-ministro israelita em funções acusado e o seu julgamento por suborno, fraude e abuso de confiança em três casos de corrupção começa a 17 de março.
O chefe do governo de Israel também esteve em Washington ao lado do Presidente Donald Trump para a apresentação do plano de paz norte-americano para o conflito israelo-palestiniano, que considerou "histórico".
"Plano Trump"
Reconhecendo Jerusalém como a "capital indivisível de Israel" e prevendo a anexação pelo Estado hebreu dos colonatos que criou na Cisjordânia ocupada desde 1967 e do vale do Jordão, o "plano Trump" foi rejeitado pelos palestinianos por dar sobretudo resposta a reivindicações israelitas.
Após a apresentação do plano a 28 de janeiro, Netanyahu prometeu seguir com a anexação do território, mas terá sido convencido pela Casa Branca a aguardar pelas legislativas, reviravolta mal recebida pelos colonos israelitas.
Os anúncios da última semana da construção de milhares de habitações para colonos em Jerusalém Oriental (reivindicada pelos palestinianos para capital de um eventual Estado) e na Cisjordânia também não fizeram mover as intenções de voto.
Benny Gantz, por seu turno, esteve no centro das atenções no final da campanha com o lançamento de uma investigação criminal sobre a concessão de fundos públicos no valor de um milhão de euros, sem concurso, à empresa de cibersegurança Fifth Dimension, que dirigiu.
O procurador-geral afastou rapidamente as suspeitas de Gantz, mas Netanyahu não perdeu a oportunidade de o questionar num vídeo sobre se a "obtenção fraudulenta" de um contrato "não é corrupção de alto nível", depois de o adversário ter insistido durante a campanha na situação do primeiro-ministro face à justiça.
70 anos de Israel
O Estado de Israel foi fundado há 70 anos. Foi a concretização de um desejo do povo judeu, depois de ser perseguido pelo regime nazi. Mas Israel tem vários inimigos. Conheça aqui a história.
Foto: Imago/W. Rothermel
A esperança triunfou
Foi o primeiro dia de um novo Estado. A 14 de maio de 1948, o primeiro-ministro David Ben-Gurion proclamou a fundação do Estado de Israel. Ben-Gurion disse na altura que o povo judeu "nunca perdeu a esperança", "jamais calou a oração pelo regresso a casa e pela liberdade". Os judeus voltaram, assim, à sua terra de origem, com o seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Nova era
Foi um triunfo diplomático: a seguir à proclamação do Estado de Israel foi içada a bandeira do novo país em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova Iorque. Para os israelitas, foi mais um passo rumo à segurança e à liberdade - finalmente, o seu Estado foi reconhecido internacionalmente.
Foto: Getty Images/AFP
Terror nazi
O Estado de Israel foi criado após o Holocausto. O regime nazi assassinou seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. A imagem mostra prisioneiros no campo de Auschwitz, onde morreu quase um milhão de judeus, depois de serem libertados.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" - a catástrofe
Os palestinianos associam a fundação de Israel à "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram de deixar os lugares onde moravam para dar lugar a cidadãos do novo Estado. Com a fundação de Israel começou também o conflito no Médio Oriente, que ainda não foi resolvido 70 anos depois.
Foto: picture-alliance/CPA Media
De olhos postos no futuro
A auto-estrada nr. 2 não serve apenas de ligação entre as cidades de Tel Aviv e Netanya - ela testemunha também as ambições do novo Estado. A estrada foi inaugurada em 1950 pela então primeira-ministra israelita Golda Meir, que colocou o país na senda da modernização económica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no kibbutz
Os "kibbutzim" (plural de "kibbutz") são herdades coletivas que foram criadas um pouco por todo o país sobretudo nos primeiros anos depois da fundação de Israel. Era aqui que na sua maioria judeus seculares ou socialistas punham em prática os seus ideais comunitários.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Investimento na defesa
As tensões com os vizinhos árabes mantiveram-se. Em 1967, culminaram na Guerra dos Seis Dias, em que Israel derrotou o Egito, a Jordânia e a Síria. Simultaneamente, Israel passou a controlar Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, entre outros territórios, algo que despoletou novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Colonatos israelitas
A política israelita de colonatos fomenta o conflito com os palestinianos. A Autoridade Palestiniana acusa Israel de impossibilitar a criação de um futuro Estado devido à construção permanente de colonatos. As Nações Unidas também condenam Israel devido a esta política. Mas Israel desvaloriza.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Raiva, ódio, pedras
Em dezembro de 1987, os palestinianos protestaram contra o domínio israelita nos territórios ocupados. O protesto começou na cidade de Gaza e espalhou-se rapidamente a Jerusalém Oriental e à Cisjordânia. A revolta arrastou-se durante anos e acabou com a assinatura dos Acordos de Paz de Oslo, em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Finalmente a paz?
As conversações de paz entre o primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin (esq.), e o líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat (dir.), foram mediadas pelo então Presidente norte-americano, Bill Clinton. Culminaram nos Acordos de Oslo, em que ambos os lados se reconheceram oficialmente.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin, a 4 de novembro de 1995, minou o processo de paz e expôs as divisões na sociedade israelita. Moderados e radicais, judeus seculares e ultra-ortodoxos, afastam-se cada vez mais. Rabin foi assassinado a tiro numa manifestação por um estudante radical de direita. A imagem mostra o então primeiro-ministro, Schimon Peres, junto à cadeira vazia do seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
O muro israelita
Em 2002, Israel começou a construir um muro de 107 quilómetros na Cisjordânia. O muro serviu para diminuir a violência, mas não resolveu os problemas políticos entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reconciliação
O genocídio dos judeus marca até hoje as relações entre a Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então Presidente da Alemanha, Johannes Rau, discursou no Knesset, o Parlamento israelita, em alemão. Foi mais um passo na reaproximação dos dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
Tributo aos mortos
O novo ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, cumpriu a tradição. A sua primeira viagem ao exterior foi a Israel. Em março de 2018, depositou uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Holocausto no Memorial Yad Vashem, em Jerusalém.