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ConflitosIsrael

Israel anuncia "cerco total" à Faixa de Gaza

Lusa
9 de outubro de 2023

"Não há eletricidade, não há água, não há gás", anunciou o ministro da Defesa israelita. Alemanha suspende ajuda a palestinianos. Irão nega envolvimento na ofensiva do Hamas contra Israel.

Foto: Ohad Zwigenberg/AP/picture alliance

O ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, anunciou esta segunda-feira (09.10) a imposição de um "cerco total" à Faixa de Gaza, no terceiro dia da ofensiva lançada contra Israel a partir do território palestiniano pelo movimento Hamas. 

"Estamos a impor um cerco total a Gaza", afirmou Gallant numa mensagem gravada em vídeo e divulgada pelo Ministério da Defesa de Israel. 

"Não há eletricidade, não há água, não há gás", acrescentou o ministro da Defesa de Israel. 

Cerca de 2,3 milhões de palestinianos vivem na Faixa de Gaza, território densamente povoado e atingido pela pobreza e que se encontra sob o bloqueio israelita desde 2007.

Alemanha suspende ajuda

A Alemanha vai suspender temporariamente a ajuda ao desenvolvimento aos territórios palestinianos, declarou esta segunda-feira (09.10) um porta-voz do Ministério do Desenvolvimento alemão, dois dias após o ataque surpresa do Hamas contra Israel que fez mais de 700 mortos e milhares de feridos.

"Isto significa que [a ajuda] não será paga neste momento, durante um controlo da sua utilização, mas não significa que tenha sido encerrada" definitivamente, esclareceu o porta-voz durante uma conferência de imprensa do Governo.

O Ministério do Desenvolvimento alemão comprometeu-se com os territórios palestinianos no valor de "cerca de 125 milhões de euros, em nome da cooperação bilateral para o desenvolvimento, para este ano e para o próximo", disse o porta-voz.

Os projetos financiados dizem respeito, nomeadamente, ao "abastecimento de água de uma central de dessalinização, formação profissional, criação de emprego para jovens, segurança alimentar", indicou.

Por outro lado, a ajuda humanitária proveniente do orçamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão não foi suspensa, porque esta ajuda "é usada para salvar vidas", sublinhou o porta-voz deste Ministério. Para este ano, esta ajuda humanitária ascende a 73 milhões de euros. 

Josep Borrell, alto-representante da UE para os Negócios EstrangeirosFoto: Philipp von Ditfurth/dpa/picture alliance

UE reúne-se de emergência

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 países da União Europeia (UE) vão reunir-se de emergência por causa do agravamento do conflito israelo-palestiniano.

"À luz do que aconteceu recentemente entre Gaza e Israel, o alto-representante [da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell,] convocou uma reunião urgente e extraordinária dos ministros", anunciou o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, em conferência de imprensa, em Bruxelas.

A reunião vai realizar-se na terça-feira (10.10), parcialmente em Muscat, capital de Omã, onde Josep Borrell está de momento a participar no Conselho de Cooperação UE-Golfo.

Combatentes da ala militar do Hamas, na Faixa de GazaFoto: Yousef Masoud/Sopa/Zuma/picture alliance

Dinheiro da UE apoia indiretamente o Hamas?

Questionado sobre a possibilidade de haver dinheiro da UE destinado à população palestiniana estar a ser utilizado para financiar o Hamas, o porta-voz da Comissão Eric Mamer garantiu que "não há" e que na reunião de quarta-feira os ministros dos Negócios Estrangeiros "vão verificar toda a situação", do conflito à ajuda humanitária prestada pelos 27.

"Já há discussões em curso, mas a UE não financia o Hamas, diretamente ou indiretamente", referiu o porta-voz, lembrando que a organização faz parte da lista de organizações terroristas do bloco comunitário.

Em relação à retaliação israelita, que provocou um elevado número de vítimas civis, Peter Stano acrescentou que "Israel tem o direito de se defender ao abrigo do direito internacional" e que o "Hamas também está a prejudicar a população palestiniana".

"Isto só vai levar ao agravamento das tensões", advogou o porta-voz da Comissão, acrescentando que se as duas partes não voltarem à mesa de negociações e ao diálogo, o "ciclo de violência vai perpetuar-se".

Já sobre as alegações de que o Irão poderá ter financiado o ataque perpetrado pelo Hamas, Peter Stano comentou que "não compete à UE apontar o dedo" e exortou para a necessidade de "assegurar que o ataque do Hamas é parado".

Acusações de envolvimento de Teerão "são infundadas"

O porta-voz da diplomacia iraniana disse esta segunda-feira que "as acusações sobre o papel do Irão" na ofensiva do Hamas contra Israel "baseiam-se em motivos políticos".

Nasser Kanani acrescentou que Teerão não intervém "na tomada de decisões de outras nações, incluindo a Palestina".

Presidente do Irão, Ebrahim RaissiFoto: SalamPix/ABACA/picture alliance

"A resistência da nação palestiniana tem a capacidade, a força e a vontade de se defender, de defender a nação e de tentar recuperar os direitos perdidos", declarou o porta-voz numa conferência de imprensa hoje em Teerão.

No domingo (08.10), a missão do Irão na ONU negou o envolvimento de Teerão no ataque do Hamas contra Israel: "Apoiamos de forma enfática e inequívoca a causa palestiniana. No entanto, não estamos envolvidos na resposta palestiniana, que foi tomada apenas pela Palestina", afirmou no domingo a missão do Irão na ONU em Nova Iorque, num comunicado divulgado por meios de comunicação social iranianos.

O jornal norte-americano Wall Street Journal publicou notícias que indicam o alegado envolvimento de Teerão nos planos para atacar Israel. 

Por outro lado, o Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, apelou no domingo aos "governos muçulmanos" para afirmarem o apoio na sequência do ataque lançado pelo Hamas.

O Irão mantém relações estreitas com o Hamas e a Jihad Islâmica e foi um dos primeiros países a saudar a ofensiva do Hamas lançada no sábado (07.10).

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