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PolíticaIsrael

Israel convoca embaixador após declarações de Lula da Silva

ad | DW (Deutsche Welle) | com agências
19 de fevereiro de 2024

Na cimeira da União Africana, o Presidente brasileiro comparou as operações militares israelitas com o extermínio de judeus por Adolf Hitler. O primeiro-ministro de Israel diz que Lula da Silva cruzou "linha vermelha".

Lula da Silva, Presidente do Brasil
Lula da Silva: "O que está a acontecer na Faixa de Gaza não é uma guerra, é um genocídio"Foto: REUTERS

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, anunciou que vai convocar esta segunda-feira (19.02) o embaixador do Brasil, Daniel Zohar Zonshine, para uma "chamada de protesto", depois dos comentários do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as operações militares israelitas na Faixa de Gaza.

"O que está a acontecer na Faixa de Gaza não é uma guerra, é um genocídio. Não é uma guerra entre soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. O que está a acontecer na Faixa de Gaza com o povo palestiniano (...) já aconteceu quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou Lula da Silva em Adis Abeba, Etiópia, no encerramento da  37ª cimeira da União Africana (UA).

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não tardou a lamentar as palavras de Lula da Silva, afirmando que o Presidente do Brasil desprestigiou a memória dos milhões que perderam a vida no Holocausto.

"Comparar Israel ao Holocausto nazi e a Hitler é cruzar uma linha vermelha", disse Netanyahu, citado em comunicado. "Israel luta pela sua defesa e para garantir o seu futuro até à vitória, e fá-lo respeitando o direito internacional", afirmou ainda o primeiro-ministro.

Porque é que a África do Sul está a processar Israel?

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Navalny: Lula apela a "bom senso"

Lula da Silva abordou também a morte do maior opositor ao poder de Vladimir Putin. E apelou para que não se tirem conclusões precipitadas sobre as causas da morte de Alexei Navalny, contrariando os líderes ocidentais que se apressaram a acusar o Kremlin.

"Quem é que vamos culpar? Tem de ser feita uma investigação para saber o motivo da morte desse homem, senão acusar é banalizar", disse o chefe de Estado brasileiro, um dos primeiros líderes dos Brics (acrónimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ao qual se juntaram recentemente outros países emergentes) a manifestar-se a propósito da morte do opositor russo.

 "Os peritos forenses vão dizer qual a causa da morte. Então, na altura, poderão julgar", considerou Lula da Silva.

Presidente do Brasil, Lula da Silva, líder da Comissão da União Africana, Moussa Faki, e Presidente das Comores, Azali AssoumaniFoto: MICHELE SPATARI/AFP

Crise no Senegal

A tensão política no Senegal foi outro dos temas dominantes da cimeira em Adis Abeba. No sábado (17.02), logo a abrir a cerimónia, o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, disse que espera que haja um "espírito de consenso" para organizar "eleições inclusivas, livres e transparentes" o mais rapidamente possível.

"A situação no Senegal, um país modelo em termos de democracia, preocupa-nos muito. A nossa esperança é que volte rapidamente ao caminho da sensatez para resolver a crise institucional, de acordo com os princípios do Estado de direito e os interesses fundamentais do seu grande povo", declarou.

O Presidente das Ilhas Comores, Azali Assoumani, também abordou a situação política no Senegal, que espera se mantenha um exemplo para o continente africano. "Porque é um motivo de orgulho para África, isto é, para os outros países que, infelizmente, tiveram 60 anos de independência e estão em queda livre. Ora, nós (as Comores) estamos em ascensão há 49 anos, mas ainda não conquistámos a independência total", lembrou.

Ainda sobre o Senegal, mas fazendo uma retrospetiva aos mais recentes golpes de Estado no continente africano, Moussa Faki Mahamat afirmou que o desrespeito pelos deveres e direitos constitucionais nunca foram tão postos de lado como agora.

"As mudanças de governo inconstitucionais multiplicaram-se, desafiando totalmente todo o sistema político e jurídico em que a nossa organização foi fundada. Nunca, desde a criação da União Africana, se registou um número tão elevado de transições na sequência de mudanças de governo inconstitucionais em África", destacou.

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