Israel e Hamas prolongam trégua na Faixa de Gaza, diz Qatar
27 de novembro de 2023Uma delegação egípcia e uma delegação qatari estiveram em "extensas conversas" em Telavive esta segunda-feira (27.11) com representantes do Governo israelita, enquanto também estavam em contacto com o Hamas, tendo feito "progressos positivos no sentido da extensão da trégua", escreveu a agência de notícias EFE, citando fontes de segurança egípcias.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed al-Ansari, anunciou, entretanto, que "foi alcançado um acordo para estender a trégua humanitária por mais dois dias" em Gaza.
A Casa Branca também confirmou a extensão da trégua.
O diretor do Serviço Estatal de Informação, Diaa Rashwan, informou que o acordo incluiria "a libertação diária de dez reféns em Gaza, mulheres e crianças, em troca de 30 prisioneiros palestinianos em prisões israelitas", de forma a que um total de 20 israelitas e 60 palestinianos seriam libertados durante a extensão da trégua.
Apoios e apelos internacionais
De visita a Israel, o Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier esteve esta segunda-feira no kibutz Beeri com o homólogo israelita, Isaac Herzog. Este kibutz, perto de Gaza, foi um dos alvos dos militantes do Hamas no ataque terrorista de 7 de outubro.
"Estar aqui significa que podemos testemunhar o quanto esta alma de Israel foi tocada e destruída", comentou Steinmeier.
No domingo (26.11), Steinmeier reiterou o apoio inabalável da Alemanha a Israel na sua guerra em Gaza: "Não é apenas com Israel como vítima do terror. A nossa solidariedade é também com Israel que se defende, que luta contra uma ameaça existencial", afirmou Steinmeier.
Sobre o prolongamento da trégua, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, referiu esta segunda-feira que "responde a uma exigência prioritária de evitar mais mortos e que é reivindicada pela opinião pública mundial, incluindo a israelita".
Na rede social X, o chefe da diplomacia europeia mostrou-se "chocado" com o anúncio feito por Israel de avançar com a construção de "mais colonatos ilegais", considerando que a ocupação de território palestiniano prejudica a própria segurança israelita.
"Estou chocado por saber que, enquanto continua esta guerra, o Governo israelita está prestes a alocar novos fundos para construir mais colonatos ilegais", escreveu o responsável.
Durante os últimos quatro dias de trégua entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, foi possível libertar cerca de 60 reféns, 40 dos quais israelitas (mulheres e crianças), assim comolibertar palestinianos que estavam detidos em Israel.
Ajuda humanitária
Logo no início da trégua, na sexta-feira (24.11), camiões com ajuda humanitária entraram em Gaza para prestar auxílio à população, privada de acesso a necessidades básicas e enclausurada num território que está a ser assolado por bombardeamentos diários, no decurso da retaliação de Israel pelo atentado no seu território no dia 7 de outubro, o maior ataque contra a população judaica desde a Segunda Guerra Mundial. Desse atentado, resultou a morte de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas, e mais de 240 foram feitas reféns.
Em resposta, Israel lançou uma campanha militar para destruir o Hamas, matando cerca de 15.000 pessoas, na sua maioria civis, incluindo milhares de crianças, segundo dados do Governo do Hamas em Gaza.
Dois relatores das Nações Unidas pediram esta segunda-feira que o conceito de justiça universal seja usado para investigar, em qualquer tribunal do mundo, possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos em Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia desde o início do atual conflito.
"Muitos crimes relatados são questões de jurisdição universal, o que significa que os tribunais de qualquer país podem exercer sua autoridade e processar os responsáveis", disseram em comunicado os relatores da ONU sobre execuções extrajudiciais, Morris Tidball-Binz. e tortura, Alice Jill Edwards.
"Esses processos devem ser conduzidos independentemente da nacionalidade dos acusados ou do local onde os crimes foram cometidos", acrescentaram os dois especialistas da ONU.
Ambos elogiaram as investigações em andamento já conduzidas por instituições como o Tribunal Penal Internacional e a Comissão Internacional Independente para os Territórios Palestinianos Ocupados, que estão já a examinar alegadas provas de crimes cometidos em Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia.