"Italia fino alla fine!": A Itália está na final do EURO2020
António Deus
7 de julho de 2021
Depois do empate a 1-1 no tempo regulamentar, que não se desbloqueou no prolongamento, a seleção italiana bateu a Espanha no desempate por grandes penalidades (4-2). É a quarta vez que a Itália chega à final do EURO.
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Italia fino alla fine! Itália até ao fim! A squadra azzurra está na final do EURO2020, depois de eliminar a Espanha no desempate por grandes penalidades (1-1, 4-2 g.p). É a quarta vez que a seleção italiana vai disputar a final do campeonato da Europa de futebol, sendo que apenas conquistou o troféu por uma vez, em 1968.
Os primeiros 20 minutos foram marcados por muito equílibrio, respeito e restrições táticas. Aos 25 minutos, Dani Olmo, na cara de Donnarumma, tentou abrir o marcador, mas o guarda-redes italiano fez a primeira grande defesa na partida. A partir daí, a Espanha "roubou" o meio-campo defensivo da Itália e obrigou a squadra azzurra a abdicar do miolo do terreno e a jogar em contra-ataque.
Enquanto a Espanha desperdiçava jogadas de ataque, quer pelo erro no último passe, como na falta de precisão no remate, aos 60 minutos, Chiesa, num contra-ataque italiano, aproveitou um corte defeituoso de Laporte e já dentro da área, dominou a bola, puxou curto para o pé direito e fez um remate em arco, ao ângulo inferior lateral da baliza de Unai Simon, que ficou pregado ao relvado.
Luis Enrique deixou Morata no banco e aproveitou a lesão de Sarabia para chamar ao "onze" Dani Olmo e Oyarzabal, que juntamente com Ferrán Torres, formaram um tridente ofensivo híbrido, com Dani Olmo tanto a baixar no terreno como construtor de jogo para tabelar, como a aparecer na grande área como "falso 9" para finalizar.
Ferrán Torres e Oyarzabal nunca acompanharam o ritmo, eficiência e qualidade de Dani Olmo e Luis Enrique mexeu no ataque. Fez entrar Morata e Gerard Moreno e foi assim que nasceu o golo do empate da Espanha. Aos 80 minutos, Morata conduziu a bola em zona central rumo à grande área, obrigou Chiellini a atacar a bola e a sair de posição, tabelou com Olmo, que só teve de devolver a bola a Morata para o espaço vazio. Finalização à ponta-de-lança e golo do empate.
Morata somou o terceiro golo no EURO2020 e o quinto golo na história dos campeonatos da Europa, igualando Fernando Torres como os dois jogadores espanhóis com mais golos em fases finais do EURO. O festejo de Morata foi em homenagem ao "El Nino"!
O empate permaneceu e o jogo foi para prolongamento. A Espanha continuou a carregar na Itália, mas não conseguiu desbloquear o marcador. Com as saídas de Insigne, Immobile e Chiesa, Mancini desmantelou um ataque que podia fazer o golo numa transição rápida, mas o cansaço era visível. O técnico preferiu dar pulmão e força à equipa, e fechou o meio-campo, que estava sobrepovoado de espanhóis. O jogo seguiu para as grandes penalidades.
A Itália foi a primeira a bater, por Locatelli. Remate denunciado, travado por Unai Simon. Grande injeção de motivação e a Espanha podia ficar em vantagem. Mas, Dani Olmo, dos melhores da Espanha em campo, nem na baliza acertou. Belotti, Bonucci e Bernardeschi marcaram para a Itália. Moreno e Alcântara - com muita classe, sem pressão - bateram Donnarumma. Morata, no quarto penálti, bateu... mas "Gigi" Donnarumma defendeu! Se a Itália marcasse ganhava e Jorginho, partiu para a bola, deu o já famoso "saltinho", deitou Unai Simon e qualificou a Itália para a final do EURO2020.
A Itália chega pela quarta vez à final de um EURO, título que conquistou em 1968. Agora, que venha a Inglaterra ou Dinamarca.
Depois da histórica ausência do Mundial de 2018, que não acontecia há 60 anos, Mancini ressuscitou a seleção italiana, mas não à moda antiga, à moda fina! Lembra-se daquelas seleções italianas que fechavam-se cá atrás, "atrasavam" o ritmo de jogo, faziam dois ou três remates à baliza e sempre no contra-golpe? 33 jogos sem perder, 14 vitórias consecutivas e seis vitórias em outros tantos jogos neste EURO2020. Italia fino alla fine! Itália até ao fim!
Pedro González López. Pedri para os que gostam de bom futebol. Aos 18 anos e 223 dias de idade, é o jogador mais jovem a disputar a meia-final de um Europeu de futebol. Formado na academia do Las Palmas e contratado pelo Barcelona em 2019/20 - por 20 milhões de euros - Pedri encheu todos os campos que pisou neste EURO2020. Aliás, os números mostram que foi o jogador que mais quilómetros correu até a Espanha ser eliminada na meia-final. Toque de bola, aceleração do ritmo de jogo, roda sobre o adversário, eficácia no passe, seja curto, lateral ou vertical. Qualquer semelhança a Iniesta ou Xavi é pura coincidência. Este, senhoras e senhores, é Pedri. Não se esqueça do nome, Pedri...
A caminho do EURO2020: As seleções com mais "europeus" conquistados
Este ano vai-se disputar a 16ª edição do Europeu de futebol. Tudo começou em 1960, quando a competição foi criada como "Taça das Nações Europeias". Quais as seleções que já conquistaram o troféu "Henri Delaunay"?
Foto: Nick Potts/PA/dpa/picture alliance
Espanha | 1964, 2008 e 2012
Foram quatro anos do domínio do "Tiki-taka" no futebol mundial. A Espanha sagrou-se bicampeã da Europa e pelo meio, em 2010, foi à África do Sul sagrar-se campeã mundial de seleções. Mas, a primeira conquista espanhola remonta a 1964, a 2ª edição do Campeonato da Europa de Futebol, na altura, sediado em Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Alemanha | 1972, 1980 e 1996
"Die Mannschaft" é a seleção com mais finais disputadas no Europeu, ao todo com seis. Perdeu na final as edições de 1976, 1992 e mais recentemente, em 2008. No entanto, a conquistas equilibram a balança alemã. Venceu dois Euros enquanto RFA e já em 1996, após a queda do muro de Berlim, a seleção alemã unificada venceu a República Checa, no sistema de golo de ouro, marcado por Oliver Bierhoff.
Foto: PA Wire/empics/picture alliance
Itália | 1968 e 2021
A Itália é uma das seleções com mais títulos mundiais (4) e este ano, conquistou o segundo EURO. O primeiro foi em 1968, em casa, frente à antiga Jugoslávia. 53 anos depois, a "squadra azzurra", comandada por Roberto Mancini, "limpou" o EURO2020. Ganhou todos os jogos, ganhou a final frente à Inglaterra, em pleno Wembley, e Donnarumma foi o primeiro guarda-redes a ganhar o prémio de MVP do EURO.
Foto: Carl Recine/Getty Images
França | 1984 e 2000
A primeira conquista chegou na altura de Michel Platini, no Europeu jogado em França. O melhor camisola 10 que a França já conheceu levou a seleção às costas e foi o melhor marcador da competição, com nove golos marcados. Passados 16 anos, surgiu uma geração de ouro na França, com nomes como Henry e Zidane, que conquistaram o Mundial de 1998 e dois anos depois, o Europeu de 2000.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Portugal | 2016
É o campeão em título. Portugal conquistou, pela primeira vez, um troféu internacional, a nível da seleção AA. O Europeu de França ficará na memória de todos pelos três empates na fase de grupos, o desempate por penáltis nos oitavos de final, o prolongamento nos quartos de final e pelo pontapé "caído do céu" de Éder, que deu o título europeu, em casa do anfitrião...
Foto: picture-alliance/dpa/F. Gambarini
Grécia | 2004
Foi em Portugal, em pleno Estádio da Luz a abarrotar com mais de 65 mil adeptos, frente à seleção anfitriã, que a Grécia ganhou o EURO2004. Uma das conquistas mais chocantes da história do futebol. Sob a liderança do treinador alemão, Otto Rehhagel, a Grécia passou pela Espanha, pela "super" França, que havia sido campeã em 2000 e venceu Portugal no jogo inaugural e na final do Europeu...
Foto: AP
Dinamarca | 1992
Título com uma história curiosa. A Dinamarca apenas participou no EURO´92, depois da Jugoslávia ter sido desqualificada, devido à desintegração dos países que a compunham. A seleção dinamarquesa bateu a Alemanha, que jogo pela primeira vez numa competição já unificada. 2-0, com golos de Jensen e Vilfort. Foi uma das conquistas mais surpreendentes do futebol europeu de seleções.
Foto: WEREK/imago images
Países Baixos | 1988
Nomes como Gullit e o goleador, Van Basten, protagonizaram a "laranja mecânica" que conquistou o troféu diante da antiga União Soviética, por 0-2. É nesta final que Van Basten marca aquele que, para muitos, é considerado o melhor golo da história dos Europeus. Remate em "volley" com o pé direito, a entrar no poste contrário ao ângulo do remate.
Foto: Pressefoto Baumann/imago images
Checoslováquia | 1976
Foi o último Europeu num formato de "final-4", havendo apenas meia-finais e final. Nas década de 60 e 70, as seleções da antiga Checoslováquia e Jugoslávia tinham grandes jogadores. Nesta edição do Europeu, a Checoslováquia (agora República Ceca) conquistou a competição organizada pela Jugoslávia. Na final, bateu a poderosa RFA (Alemanha Ocidental) no desempate por grandes penalidades.
Foto: CTK Photo/imago images
União Soviética | 1960
É a primeira seleção campeã da Europa. Curiosamente, a final foi disputada por duas seleções que foram diluídas em tantas outras. União Soviética (agora Rússia) e Jugoslávia (agora Croácia, Eslovénia, Macedónia, Sérvia e Montenegro) disputaram a primeira final de um Europeu. O palco foi o "Parc des Princes", na capital francesa. A União Soviética ganhou no prolongamento, por 2-1.
Foto: Alexander Demianchuk/TASS/dpa/picture alliance