Já foi encerrada a primeira base militar da RENAMO no norte
Lusa
13 de dezembro de 2021
O enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para as negociações de paz em Moçambique anunciou o encerramento da primeira base da RENAMO no norte do país e o desarmamento dos 560 combatentes que ali viviam.
Foto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images
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"Temos o prazer de comunicar que foi alcançado um marco positivo no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração [DDR] com o encerramento da primeira base militar da Renamo", afirmou Mirko Manzoni, em comunicado de imprensa.
Um total de 560 combatentes da base, localizada no distrito de Murrupula, foram desmobilizados, declarou Manzoni. Considerou que com o fim da base de Murrupula, a desmobilização dos antigos homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) prossegue a marcha para a conclusão do DDR.
Enviado da ONU Mirko Manzoni Foto: Romeu da Silva/DW
Passam assim a 11 o número de bases do braço armado do principal partido da oposição já encerradas desde junho de 2020, no âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado entre a RENAMO e o Governo moçambicano a 06 de agosto de 2019, que acabou com meses de instabilidade política e militar provocada pela contestação aos resultados das eleições gerais de 2014.
Mirko Manzoni observou que 63% do efetivo militar da RENAMO já foi abrangido pelo DDR, manifestando expetativa na conclusão do processo.
"Passos importantes rumo à paz definitiva"
"Para além dos progressos no desarmamento e na desmobilização, este ano, o país deu passos importantes e intencionais rumo à paz definitiva, com progressos tangíveis nas áreas da descentralização, reintegração e reconciliação nacional", destacou Manzoni.
O enviado pessoal do secretário-geral da ONU e presidente do grupo de contacto para negociações de paz em Moçambique assegurou que vai continuar o trabalho com os signatários do acordo, comunidades e parceiros visando permitir que os homens e mulheres desmobilizados da antiga guerrilha da RENAMO deem o seu contributo na construção da paz e prosperidade de Moçambique.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a RENAMO, tendo os três sido assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.
No âmbito do entendimento, devem ser desmobilizados cerca de cinco mil guerrilheiros, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.