João Lourenço anuncia condecoração de Savimbi e Roberto
15 de outubro de 2025
O Presidente angolano, João Lourenço, anunciou hoje que os líderes históricos Jonas Savimbi (UNITA) e Holden Roberto (FNLA) vão ser condecorados com a Medalha Comemorativa dos 50 anos da Independência Nacional.
A decisão, revelada no final de um discurso de mais de três horas no Parlamento, foi apresentada como um gesto de "perdão, paz e reconciliação nacional" e surge após críticas pela ausência dos nomes dos signatários dos Acordos de Alvor nas condecorações já atribuídas.
João Lourenço destacou o reconhecimento feito a milhares de angolanos e estrangeiros que contribuíram para a independência, e afirmou que este gesto reforça a unidade da Nação.
A declaração foi recebida com aplausos prolongados, especialmente da bancada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), marcando a abertura do novo ano parlamentar.
"Deve ser por mérito e não perdão"
Para o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, o reconhecimento agora anunciado resulta da pressão popular: "O reconhecimento aos pais da Nação não deve ser por perdão a ninguém. Deve ser por mérito", afirmou.
"Mais uma vez, a via não é a melhor. Aqueles que lutaram pela independência nacional entregaram o melhor de si, com espírito de voluntarismo", disse Costa Júnior.
Já o presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, entende que o gesto do Presidente da República obedece à lógica dos factos históricos e não à pressão popular. "Essas individualidades só poderiam ser condecoradas no dia 11 de novembro", frisou.
Por seu turno, Nimi a Nsimbi, presidente da FNLA, considerou o gesto um reconhecimento do contributo histórico da formação política: "Cada coisa tem o seu tempo. O tempo chegou agora. É o reconhecimento do contributo que a FNLA deu para a libertação de Angola", disse.
Saúde e educação
No seu discurso sobre o Estado da Nação, proferido esta quarta-feira na Assembleia Nacional, o Presidente João Lourenço destacou também o desenvolvimento do país ao longo dos 50 anos de independência, com ênfase no setor da saúde. O chefe de Estado referiu que, no início da independência, Angola tinha apenas 320 unidades de saúde, uma esperança média de vida de 41 anos e elevadas taxas de mortalidade infantil e materna. Após o conflito armado, 80% da rede sanitária estava degradada, mas o país evitou o colapso, com apoio de parceiros como a União Soviética e Cuba.
Com a paz em 2002, foi possível investir mais na saúde, mesmo em tempos de crise financeira. Hoje, o sistema é mais robusto, com melhorias nas taxas de mortalidade infantil, de menores de cinco anos e materna.
Na educação, Lourenço sublinhou que Angola herdou um sistema colonial excludente. Em 1975, 85% da população era analfabeta. Atualmente, a taxa de analfabetismo caiu para 24%, com 9,6 milhões de alunos e mais de 208 mil professores. Apesar dos avanços, reconheceu que ainda há crianças fora da escola e infraestruturas insuficientes face ao crescimento populacional.